Prisioneiro do medo

Me perguntas por que não posso te namorar. Ora! Tu nem sequer entende meu gosto por samba, se me visto de branco nas noites de lua e saio a caminhar me chama de macumbeiro, como se fosse isto uma ofensa! Como pode assim me namorar?

Não sabe ou sequer imagina o prazer de conversar com os mendigos e da mesma garrafa dividir, você já parou por um minuto para escutar seus conhecimentos isolados em baixo de uma ponte, ignorados pela falta de cultura que parece a cada dia crescer mais?

Sua mãe dona do bar expulsa todo dia um da porta a gritos, não lhes dá um prato de comida mas alimenta sua sede por água da boa, afinal é aquilo que lhes resta para companhia da tristeza...

Assim minha querida garota, explico a ti o meu preferir por sozinho caminhar, pois o horário é meu inimigo e sua necessidade de um minuto do meu tempo pode representar pra mim a cela de uma prisão...

Devo ser crucificada pelos erros de minha mãe?

Minhas atitudes e meus pensamentos são os mesmos de minha mãe como se fossem herança genética?

E como pode me acusar de não conhecer deste prazer?

Talvez eu nunca tenha pensado no assunto, talvez eu o faça e você nem o saiba, talvez eu sempre tenha tido a vontade de fazê-lo, mas nunca o fiz por não encontrar uma companhia e, talvez, eu tenha me aproximado de você por enxergar em você esta companhia.

O fato é que você nunca me apresentou a este prazer e, muito menos, nunca procurou saber o que eu pensava...

Você não procurou saber dos meus gostos.

Você não procurou saber das minhas vontades.

Você não procurou saber quem eu era!

Se você tivesse me dado uma chance, teria lhe apresentado o meu mundo. Um mundo onde ninguém é prisioneiro do tempo.

E se você, um dia, tivesse nos dado uma chance, em apenas uma noite eu te ensinaria a magia do voar, com uma única condição: Que você não usasse branco, pois você fica muito mais sexy de preto.

Assim, meu querido garoto, exponho-te os teu defeitos.

Você me julgou, sem ao menos tentar me conhecer.

Você procurou tantos motivos para me dizer que não daríamos certo, mas nenhum para te dizer que seria feliz.

E você, que tanto medo de ficar preso tem, ainda não percebeu que é prisioneiro do medo.

O medo de amar, o medo de se entregar, o medo de conhecer novos mundos...

***

"Essa foi uma parceria surpreendente (para mim) que fiz com uma pessoa que nem sequer conheço, chama-se Lua, fui derrotado neste que chamo de desafio, sendo assim obrigado a dar o título ao texto de acordo com a vencedora do desafio"

Seu blog é:

http://mondodellaluna.blogspot.com