Decomposição do medo

Sr. Sardenha não admitia que um funcionário seu não mais lhe prestasse serviço, era de sangue ruim, a máfia italiana o evitaria, os federais americanos perto dele jamais chegaria, sim, de medo!

Era em todo canto temido, um verdadeiro sangue frio, perto dele só chegava os políticos e nunca para tirar, pois com ele, jamais seriam ousados, apenas obedeciam, mas não entraremos aqui em detalhes de nossa decadente e vergonhosa situação política pois o que aqui interessa foi o dia que um jardineiro, apenas jardineiro, mas empregado, decidiu fugir à regra de todos os funcionários da casa que o alertaram que se era para aquela casa deixar, que fosse a outro planeta, pois em qualquer canto do mundo Sr. Sardenha mandaria assassiná-lo.

Os ouvidos, olhos e memórias de quem trabalhava ali, em outro jamais poderiam estar...

Mas Antônio, Maldita teimosia de Antônio, subiu as escadas do jardim que levavam à sala do Sr. Sardenha e dele foi discordar, falou das leis trabalhistas, da exploração ali vivida e do almoço, almoço na bahia não podia ser sem cachaça...

Todas as manhãs Sardenha, ops! Me desculpe Sr! Os leitores me perdoem mas a mim ele não deu liberdade! Sr. Sardenha levanta, se apossa dos binóculos e ali da sua varanda assiste aalguns metros, na praia, o corpo do único homem que ousou enfrentá-lo, pendurado entre dois coqueiros, assistia dia-a-dia à decomposição...

Enquanto isso...

Antônio, deitado na rede à beira do mar, todas as manhãs assistia a beleza de sua terra e desfrutava ao máximo sua liberdade, aquela, que ganhou no dia em que resolveu ousar, pois Sr. Sardenha assumiu sua coragem admirar e tendo ofertado um bote de presente e dinheiro para até o fim de seus dias restou a Antônio numa cabana morar na beira da praia e ali na rede desfrutar...

Presenteava sem saber Sr. Sardenha que observava ali de sua janela a decomposição do medo...