EU NUNCA MAIS VOU ME APAIXONAR

Destino. Acaso. Não sei. A minha única certeza é que eu tinha sido traída e o que é pior, por mim mesma.

Anos atrás, eu jurei, jurei de pé junto, ajoelhada ao pé da cama, que nunca, mas NUNCA mesmo, eu iria me apaixonar novamente. Isto era líquido e certo. Eu só tinha me apaixonado uma vez na vida e claro, quebrado a cara. Quando juntei todos os cacos e reconstruí meu coração, também me sentia mais forte. Homens a partir dali só para a mais pura diversão e para o meu prazer. Paixão, amor... Não, isto não era para mim. Construí uma imagem de mulher forte, segura e decidida. E eu me sentia realmente assim.

E foi tudo por água abaixo quando eu menos esperava.

Não!, é o que tenho de vontade de gritar. Como eu pude me deixar ficar assim novamente? E o que é pior, não tive nem chance de lutar. Quando eu percebi, já tinha acontecido. E enlouquecido Todos aqueles velhos sintomas de paixão aguda tinham voltado, cada vez mais insanos e intensos. De repente, me vi sem ar.

E foi tudo tão de repente... Encontrei-me inebriada por um sorriso, seguida por um par de olhos brilhantes. Achei que fosse fácil resistir, era mais um na multidão. Enganei-me tão redondamente e meu coraçãozinho – pobre coração – foi fisgado sem resistência. Meu estômago embrulha, a comida não desce, meu sono, mas que sono? Meu sono não vem. Eu fico me revirando na cama, atacada pelas batidas fortes deste meu coração traidor e quando consigo dormir, eu sonho... sonho com ele.

Agora, para onde vou? Se todo o lugar para que me viro eu o encontro e quando não é na minha própria imaginação, é ao vivo, real. Tudo o que eu faço é pensando nele. Visto meu melhor vestido – aquele que comprei ontem, super caro em uma loja – imaginando as mãos dele arrancando-o, sem dó nem piedade. Faço as minhas unhas no salão e escolho o esmalte mais brilhante, inventei umas mechas douradas no meu cabelo escuro, comprei uma sandália prateada que a vendedora da loja garantiu que me deixou muito sedutora. Está tudo revirado dentro de mim, meu coração – o traidor – bate descompassado manhã, tarde, noite e madrugada. Ontem eu e meu amor pegamos o elevador juntos. Eu, ele e mais dez pessoas. Foram quinze segundos em que nossos braços se roçaram, que olhos se cruzaram e sorrisos me traíram. Saí do elevador levitando, enxergando corações vermelhos, gordinhos e pulsantes por todos os lados. O mundo pareceu mais bonito, mais leve. Problemas? Eu não tenho problemas. Nada mais existe. Eu estou apaixonada, é só ele que enxergo, é só ele que eu quero. Mas eu não queria que fosse assim. Ou tanto assim. Perdi o controle da minha vida, eu sei. Será que é passageiro? Efeitos da paixão? Pode ser.

Antes eu queria minha vida de volta. Agora, já não sei mais.

Patrícia da Fonseca
Enviado por Patrícia da Fonseca em 15/03/2008
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