God of War - A Tragédia do Abandono

Essa é uma fan-fiction, uma história baseada no jogo God of War para Playstation 2. Tem partes curtas para facilitar a leitura na internet.

A Tragédia do Abandono - Parte 1

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Contavam que aquele era um vale fechado. Chamavam-no de Vale Abandonado, lugar que os deuses resolveram esquecer por qualquer motivo que hoje se tornara boato, por alguma razão que mesmo que compreendida, se perderia em meio ás questões inusitadas da política divina. Ali ninguém entrava, nem queria entrar, a não ser por motivos que a lógica não explicava ou que a alma não ansiava.

Assim foi por séculos, até ele pisar naquela terra esquecida e pousar os olhos rubros sobre o vale de sombras, onde a grama era escura e o vento não existia. A terra era escura como as nuvens que manchavam o céu tanto o solo quanto o limbo era imóveis, estagnados como tudo o que deveria sofrer ali.

Deu os primeiros passos rumo ao vale pensando em assassinato e ordens inquestionáveis e a impiedade permitiu que suas pernas o levassem ao lugar sem que o coração se apertasse diante da terra amaldiçoada. Afinal, ele era Kratos, era guerreiro, era assassino, era servo de deuses, que ouvira diretamente a palavra divina. Respirou profundamente e correu vendo mais à frente os pequenos bosques escuros amontoados como ilhas de árvore em diferentes pontos do vale. Águas escuras de um rio morto e podre cortavam a paisagem até se aproximar de casas pequenas e distantes que formavam a vila perdida.

As correntes das armas tilintavam durante a corrida. As Lâminas do Caos, presas nas costas nuas do guerreiro, perdiam o brilho avermelhado agora que entravam onde Hélios nada queria nem nada via. As sandálias tocavam a terra sem vida enquanto ele corria com olhos atentos e punhos fechados. Parou apenas quando se aproximou do primeiro bosque, diante do qual havia um portal de pedra branca, a única cor clara e imaculada no lugar.

- Guardião! – gritou e foi só uma vez, pois Kratos não levantava a voz mais vezes do que o necessário. Ele era um que afrontava deuses, não precisava gastar suas cordas vocais com seus reles servos.

Passou-se um momento antes que os galhos farfalhassem e as árvores tremessem. Ele sentiu um leve tremor na terra e esperou até que a criatura aparecesse diante do portal. Primeiro vieram os chifres longos e pontudos ainda manchados com o sangue do último herói que estivera ali. Depois surgiram o focinho negro e os olhos escuros do minotauro das trevas, aquele que se tingira de negro dos rios de Hades e forjara sua arma com ossos dos mortos.

Shaftiel
Enviado por Shaftiel em 21/06/2008
Código do texto: T1044795
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