BRINCADEIRA DE RODA


A menina dança e contempla a beleza ao redor. Livrou-se  das vendas que a impediam de olhar a vida, obrigando-a à introspecção.

Seu mundo, por muito tempo,  ficou cinzento, amargo e triste. Foi necessária uma cura profunda. Por um longo período a menina pôs-se a chorar, a gritar, a vomitar o que lhe agredia a alma.

Convalescendo, segurou outras mãos, recebeu força, carinho, devoção. Levantou-se e entrou na roda.

Na ciranda a menina dança e canta. Enxuga disfarçadamente uma lágrima, que ainda insiste em cair de vez em quando, mas  já ri com sincera alegria.

Retém  consigo as melhores imagens do passado, mas mantém fechada a caixa onde guarda aquelas que ainda não devem ser vistas por enquanto.

No momento há sol, mar, morros, cores, sabores
 e novas sensações a desfrutar. Há gente nova para abraçar. Por isso a menina roda a cantar.





"Como se fora brincadeira de roda, memória
Jogo do trabalho na dança das mãos, macias
O suor dos corpos na canção da vida, história
O suor da vida no calor de irmãos, magia."


Redescobrir, Gonzaguinha.


Imagem: Tela de F. Pinto. WEB

Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 07/01/2009
Reeditado em 03/10/2011
Código do texto: T1371648