Pétalas da fantasia

As coisas todas se entregaram à noite,

esta noite de mar batendo...

barcos marulhando sob o peso de grandes látegos,

ao longe os vejo desnudando a escuridão,

consigo levando minha tranqüilidade,

que nascera d’acordes brandos de carroças lentas,

puxadas por velas muito brancas e inchadas,

submissas ao nervo aventureiro dos ventos.

Marolas cresceram meus olhos de cais,

d’água, d’esperança,d’invisível, d’imãs... d’instantes.

Foram-se aquelas ondas, aqueles barcos,

aquelas carroças, aqueles devaneios.

Jamais aquela paz da noite nascendo!

Tudo guardaram meus ouvidos - concha sonora

que o futuro não cabe,

tantos são os murmúrios ecoando

em suas paredes, chão, teto e entranhas.

Oh dulcíssima recordação florescente, em mim te imanta!,

encobrindo por inteiro a estiagem desencantada,

até que minha concha, as pétalas da fantasia libere!

Santos-SP-02/08/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 03/08/2006
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