De Amigo para Amigo

Em algumas coisas mais, em outras menos, mas tudo é colorido. O arco-íris possui sete cores. O céu é azulado em certos momentos. Cinzento em outros. Em todos os tons de cores, há beleza. Sim, as nuvens são leves feito pena, porque são feitas de algodão. Belas e acolchoadas para ninar a pedra. Outra virtude das nuvens é a interferência direta na coloração do céu. Nuvens são mansas, mutantes, amáveis; porém ao notar qualquer transformação, fuja, corra, suma em debandada. Pode ser tufão, ciclone, causando na Terra, o ninado da erosão. Os terráqueos em dias e noites de pirotecnia, enfeita o céu com as cores da alegria. Homens são folgazões e deleitam-se em fazer festa.

Portanto, tudo é colorido. Multicolorido. Não notou que são cores diferentes e estão até no tapete em que pisas. Desconhece o que digo? Pois tome nota que eu sou eu o tapete; a chuva intermitente que tafuia, mergulha o vestido nas suas reentrâncias; o andado elegante, esguio, feminino, sensual, colorindo o devasso com as cores da concupiscência; os chinelos que calçam para ir ao banheiro; o vento que mitiga a menopausa da mulher passada de época e desdenha do sol que destempera a paciência; o cisco que sofre os piores traumas pela vassoura que não depila as entranhas faz anos.

A cama onde esparramam os corpos e quando a lua está velha no céu, resolvem bulir no que está quieto, por isto estou trôpega, manca e arrasada; o perfume da cadela no cio salivando a boca, sedenta para ser desposada; a folha seca que num vai e vem frenético tocado pelos ventos, atropela-se nos postes e é pisada pelos saltos 15; o pernilongo que atordoa a mente, que deixa pontinhos vermelhos na pele e irrita a audição de qualquer cristão; a profunda vontade de trabalhar que convida o corpo nu para uma rede dormideira esticada entre dois pés de coqueiros; o botão de flor que abre, arreganha-se todinho para o galho maquiavélico e buliçoso.

O pingo de água que escorre pelo veio das costas até alcançar a pera que divide a vergonha em duas metades palpáveis por algum felizardo; sou mais, muito mais, mas para encurtar a prolixidade, por fim, chamam-me de inspiração, mas nada, repito: nada inspira-me.

Eu por eu mesmo, sou enfim, um Dom Quixote galopando meu cavalo empacador numa estrada que não sei aonde vai dar. Ainda que trôpego, cambaleante, manco, porém diferente das camas estáticas, inertes dos motéis e estalagens que ouvem tudo e não reagem, ainda chegarei lá. Lá aonde, se todos os caminhos levam ao mesmo lugar? Então, como chegaremos, obrigatoriamente, ao mesmo destino, nos encontraremos na primeira encruzilhada.

Quem chegar primeiro espera pelo outro. Boa viagem e siga pulando, dando piruetas, fazendo travessuras em sua travessia. E nada de atalhos. Assim como o suor é irmão da honestidade, o bom humor é amigo, inclusive da verdade. Cores que se completam, Saci! Mais uma coisa: não esqueça o gorro vermelho... ele e o seu pulo com uma perna só, são suas marcas registradas. Para um bom mandingueiro, um psiu faz dele um sábio... Solte uma baforada de fumaça. Êpa, na minha cara, não...; quê coisa mais deselegante! Pare vai, chega de brincadeiras. Adios Saci; hasta lá vista, amigo saltitante!

Parafraseando Ayn Rand, em seu "A Revolta de Atlas": Um corpo sem alma é um cadáver; uma alma sem corpo é uma entidade fantástica. Corpo, alma e espírito possuem cores Saci. Lindo brilho reluzente sob as cores das luzes. Ainda se lembra de como é o céu, Saci? Estrelas durante em dia céu de brigadeiro? Só você mesmo para dizer uma coisa dessas. As nuvens estão mudando de cor. Melhor correr; sair em debandada já. Ainda você por aqui?

Putz, verdade, esqueci que as cores para você, é como OVNI nas mãos de criança! Façamos o seguinte, entenda o vermelho do gorro como a cor que quiser. Mas por favor, leve e ponha-o na cabeça. Poderá servir-lhe de biruta e apontar a direção por onde estou. Como assim? Não lestes que sou o vento que sopra o calor da menopausa da mulher passada de época e desdenha do sol que destempera a paciência... pois então? Seja você, Albino, a folha seca que num vai e vem frenético tocada pelos ventos, atropela-se nos postes e é pisada pelos saltos 15. Mas chegarás lá... creia!

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 25/10/2017
Reeditado em 26/10/2017
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