Não Esqueça do Panetone do Lixeiro

Aurora. Revoada de pássaros. Regozijo matinal. A claridade do dia finge dormir e nós, eu e meus amigos praticantes de atletismo pela sobrevivência, já estamos apostos. Falando por mim, já preparando para o que me espera, faço um pequeno aquecimento em casa. Estiro os braços. Alongo as pernas. Dou uns pulos. Digo pra mim mesmo: "vamos lá coxas grossas de canelas finas, acorde, sorria, mantenha o bom humor, lépido de pernas e aguçadas narinas". Minha corrida é isso: apago lamparinas, sopro lampiões, perfume de éter em mescalina. Acendo a luz do abajour. Embora tenha feito ligadura, quer ver minha mulher dar cria antes dos nove meses, é acender a luz do teto; vira bicho e manda os sapatos sem dó! Milho esmigalhado pela pedra mó.

Luz do corredor meio lusco fusco. Saio do quarto em disparada em direção a bica. Com a água que amolece a ramela, esfrego a cara na marra. Num mortal sensacional, pulo para pia que fica no mesmo ambiente que a latrina. Descarrego primeiro a salinidade da noite no buraco negro e por mero costume cotidiano, passo rápido pelo espelho que fica pendurado no paiol. Do dia anterior para agora, mais uma ruga aparece em minha cara. Sinto-me lindo para minha mulher, Dandara. Dou de ombros, fazendo de conta que ficar enrugado feito papel de pão enrolado, faz parte da vida de lixeiro.

Por mais de 20 anos, os relógios são meus inimigos e impõem regras absurdas no meu dia a dia. Não lembro mais o que comi ontem, porém a dor de barriga diz-me que algo não está legal. Correndo em disparada, retorno à latrina. Ainda meio escuro, dessa vez para limpar as tripas. Descarrego as mágoas do estômago mal entendido. Faço força descomunal para sacar de mim, os dejetos que não me serve mais. Na posição que Napoleão perdeu a guerra, limpo-me de qualquer jeito. Espero que eu não esteja sendo caçado por algum cobrador ou inimigo. Senão, é tiro e queda. Feita a limpeza prévia, porque banho a esse horário é impossível, levanto a calça até a cintura, amarrando-a com embira. Folhas de abacates esparramadas e plantação de bananeiras no córrego da rua Tiquatira. Limpamos tudo.

Tudo muito, mas muito acelerado e em alta velocidade. Minha mente vaga entre o tempo curto e o ritual diário. São pequenas coisas, mas no montante, dão trabalho. Não é tão necessário, mas quando consigo agilizar as coisas e sobrando uns segundos, escovo os dentes. Estão amarelados pelo tártaro que depositou sem aviso prévio. Chegaram, instalaram-se e nunca mais saíram. Da arcada dentária, sobraram três: um para furar jabuticabas, outro para abrir cerveja e o último, para morder a minha sogra quando ela tirar-me do sério. Tínhamos tudo para dar certo e vivermos mar de rosas, mas o tempo estraga tudo e a convivência está difícil. Como não bastasse a filha, tenho que negociar tudo com aquela velha rabugenta.

Abro a porta da sala. A claridade artificial mistura o amarelo da iluminação pública com a claridade natural. Um transe de cores translúcidas. Lírica anormal. Tudo ritmando, ao virar o corpo e pôr a chave na fechadura pelo lado de fora da porta, enfio a cabeça pela abertura e despeço da mulher. Ela não entendi muito bem o porquê e pelo motivo de não ter dado um beijo na testa dela, acha que é frieza de minha parte; mas o relógio de ponto da empresa sabe o motivo d´eu agir assim. De minha casa ao trabalho é cerca de 3/4 de légua e meia. Dizem que é isso, mas nem imagino o que seja essa metragem em quilômetros. Disparo a correr. O vento passa por mim voando. Meus cabelos vão junto. O suor desliza pelo meu corpo. Pouco importo-me, pois, além do cheiro de óleo diesel queimando, acostumei-me ser seguido pela fedor citadino.

Sinto cócegas no interior do sovaco. Sem querer, com a mesma intensidade e velocidade, rio de mim. A vida de lixeiro é rio que junta os gravetos nas curvas e meandro, para posteriormente lançar tudo no represamento das águas. As rumas, o ajuntamento do lixo gera gases incendiários. Engraçado esse fenômeno. Outra coisa que, convivo habitualmente todos os dias com ela, mas jamais saberei porque isso ocorre. São tantas coisas que não sei e as poucas que pensar saber, ninguém quer saber. É assim mesmo a valorização humana aqui na Terra. Somos o luto da vida em labuta com a loucura da morte constantemente. Sobre quem gera, que é a minha sorte e se não houvesse produção de lixo, eu também engrossaria a lista dos habilitados aos 15% de desempregados do país, não sei. Falo por mim.

Chego ao posto do trabalho 10 min antes do horário máximo imposto pelo chefe do setor. Graças a Deus! O relógio de ponto olha-me com ar de seriedade. Senhor e mandatário dos bons, sempre sério e com cara de poucos amigos, dificilmente arreganha os dentes para mim. Encaro-o do mesmo jeito que olha-me sombrio. Levo a mão ao manete e tum! Uma, apenas uma batida seca, daquelas que quase fura o cartão e sou admitido por mais um dia de trabalho. Tanto eu quanto ele, por fim, sorrimos disfarçadamente. Sei bem porque ele age assim: quantas foram as vezes que Astrogildo bateu o cartão de Mané da Hora. O que deveras, não é certo. Deus me livre de fazer uma coisa dessas, minha cara pega fogo de vergonha. Incendeia meus miolos. Sou de um tempo que não existe mais.

Pego a farda de cor laranja. Esta é o meu armístico de batalha. Daquele momento em diante, por algumas horas, serei uma abóbora ambulante sem rama. Bato continência para o meu comprometimento e vou saindo. Responsabilidade nunca me faltou e pelo muito que conheço sobre mim, jamais faltará. Lá fora os motores chamam-nos. Quem diz isso é o barulho das aceleradas. Aos poucos o pátio ficando enfumaçado. Um amigo meu que morou em Londres, diz ironicamente que aquilo é o nosso fog londrino. Correndo, correndo sem parar: vai começar o correria nossa de cada manhã. Para despertar, em vez de uma golada de café quente, como é praxe para a maioria, dou uma sequência de 20 tragadas no cigarro, apago a bituca e prendendo-a entre os dedos polegar e fura-bolo, lanço o detonador de pulmões longe.

Lanço o pé direito na plataforma e atarraco as mãos no suporte lateral. Sou o primeiro a engalfinhar na traseira do "Zico Come Tudo", como convencionamos chamar os caminhões. Completam o time "Cata Treco" meus ilustres amigos Juca Mirador na lateral oposta, João da Vaca no meio e na frente, sentado sobre o banco de molas "Fura Bunda", "Dito bico doce". Pelos seus olhos azuis e corpo másculo, não há empregada doméstica que não se derreta. Deveras, nosso motorista além de galã, é boa gente, boa praça e fala bem.

Lá vamos nós. Foi dada largada. Por uns por metros, seguimos como saímos da garagem. Em consenso, convencionamos que pelos dois primeiros quilômetros, "Zico" deslocará pelas ruas e avenidas em baixa velocidade. Passada o pré-aquecimento, estamos na fase do aquecimento. Aos poucos, as juntas e músculos vão sendo dilatadas e o rendimento aumentando gradativamente.

A maior parte dos dias do ano a cidade nos apresenta como ela é. Uma cidade corrida, sôfrega, fria, operante, porém, desumana. Buzinaço de viaturas e ambulâncias. Palavras, palavrinhas e palavrões saídas de bocas insensíveis. Uma reunião de amigos nos botecos no final da tarde quebra a monotonia. Por um tempo mínimo eu e meus amigos participamos do contexto citadino, mas sem nos prendermos ao que é habitual para a maioria, desligamos das desavenças cotidianas e procuramos dar nossa contribuição social da melhor forma. Cata aqui, corre lá, acude acolá e a cidade vai ganhando outra aparência; embora que perante o mal cheiro, nada podemos fazer. Quando paramos para falar sobre esse assunto, sentimo-nos frágeis e incapacitados.

Como a transformação do lixo em chorume, o ano vai escoando pelos pelas ruas e avenidas. Rio que desce sem destino. Efeito mandala. Alguma novidade acontece na cidade. Por enquanto, imperceptível. Porém, ainda que poucos declarem, um certo clima de paz reina nos lares. Uma guirlanda em uma, um sininho em outra. Em outra o bom velhinho sobe as escadarias sentido o chaminé. Parece pesado pelo saco cheio nas costas.

Refugando entre um passo para frente e dois para trás, como bovino contando os segundos de vida, mais um ano caminha para o cemitério. Como apregoado, a cidade adere o espírito dessa estranha renovação. Nos comércios, uma caixinha enfeitada com papel de presente. Tudo transmutado. Um certo sossego começava entorpecer os arrebaldes. Um músico solitário toca modas natalinas e os aromas dos assados entorpecem o ar. É trabalho no dia de natal para mim e meus amigos da coleta dos restos e sobras.

Motivo de nós berrarmos para os perus, galetos, leitoas, nozes, uvas passas, arroz com lentilha, mesas de frutas, velas e bengalas: "Não esqueçam a caixinha de natal desses seus amigos ocultos que prezam e zelam pela limpeza permanentemente de suas casas. Por favor, senhores não esqueçam o panetone de natal dos "Cata trecos". Uma caixa cheia de sabor em louvor ao lixeiro. Nossa profissão é o nosso nome socialmente. Pense em quem pensa e mantém limpo as frentes de vossas casas. Contamos com a vossa contribuição; que é expressivamente valiosa para nós e nada para vocês. Façam felizes os defensores da limpeza. Qualquer valor será bem vindo. Repetimos: não esqueçam o panetone de natal do lixeiro. Boas festas e ano repleto de sucesso para nossos vizinhos de porta em porta e saúde para nós, lixeiros que amam as vassouras por profissão e amigos delas por nos dar o que comer, amor em minúcias e gratidão. Lixos são sobras, restos e mau cheiro"

Terminando mais um ano. E enquanto a cidade dorme, os lixeiros despertam para compôr o mutirão da limpeza. Sofrimento, suor, sorrisos e lágrimas. Agentes serviçais transformadores de feiura em beleza. Por fim, aos que colaboraram, os nossos agradecimentos. Navegue os mares. Dinheiro e dentes de marfim. Aos que deixaram o panetone para o ano que vem, felicidades intensas, também!

Afoito, parando, sorrindo, chorando, descendo, subindo ou correndo, sou eu exercendo meu trabalho inocente. Saber esperar pacientemente o panetone que nos vai ser dado pelo nosso ilustre amigo invisível, é o melhor presente. Por que as muitas caixas vazias, como encontradas nos lixos, minha fome avassaladora, não sacia.

Confidências

Zero hora do dia 25 de dezembro de 2017. Estava no limite de suas forças. A pele rala emoldurava o esqueleto num quadro ondulante. Cheio de falhas e protuberâncias. Não havia mais horizonte que chegasse aos seus pés. A lua solitária desfiava tênues fachos de luzes na estrada. Extenuado, abriu a matalotagem e de dentro, retirou umas palavras rabuscadas. Deslizou a pena sobre elas. Queria por que queria, que o texto não se sentisse como ele. E deveras aconteceu. Em instantes preparou a ceia natalina. Sozinho como viera ao mundo, degustou-a magnificamente. E para não passar o natal novamente perdido em meio às mesas abastadas, compartilhou com os leitores do Recanto das Letras.

- O livro escrito pela Vida não é tão desesperador, como apresenta-se às solas dos pés dos caminheiros. Sobretudo, escrever ainda é uma maneira de compartilhar lautos banquetes de felicidade; e a alivia os espinhos cravados pela dor.

Sabendo que longe é um lugar que não existe, a finalização da caminhada provavelmente é incerta; porém, o recomeço é certeza viável e deve ser escrito pelo andante, sempre!

Habitante no seio da Multidão

Amigooos, eeeeeei amigos! Não me deixe sozinho nesse final de ano. Amigoooooooos, sem ninguém para conversar, desabafar, ombro para choramingar, torno-me depressivo. Obsessivo. Carlos e Dionísios. Amigoooos, eeeei amigos!

Como as opções são perversas com alguns. Eu por exemplo, tenho o que escrever constantemente, afinal, detesto trabalho. Também não curto férias, menos, dinheiro. Pobre, vagabundo e feliz escritor, ninguém merece. Nem no com texto, insere. Ah, antes que esqueça, nunca paguei a Previdência: morrerei sem aposentadoria. Também, para quê? Morrem todos: o gato, o rato, o lobisomem, o homem.

Amigooos, eeeeei amigos! Não me deixe sozinho nesse final de ano. Sem ninguém para conversar, desabafar, ombro para afagar, torno-me depressivo. Carente. Obsessivo, certo, amigoooos!

Maças oficializadas, nem pensar. Nunca soube de fruta mais cara no mundo, que maça. Amante, sim. Curto muito e roubo todas. Incontido, quantas vier, traço. Risco, como, degusto, grafito e rabisco, o obelisco. Li num artigo que o fulano gosta de maças e por isto, casou inúmeras vezes. Serviu-me como exemplo. Sou perdido por comer várias espécies de maças. Camisa com manga, botão sem casa. No claro ou no escuro, cinema e libertinagem, quem casa, quer casa. Mensagem. Paga-se caro, é verdade; mas quem disse que sou pobre? Paga-se caro por para ter umas maças na fruteira: fato que foi salientado por meu pai, mas quem gosta, trabalho e sofrimento bastam. Marias Chuteiras não dão bico na sorte. Uma amante é nada, dez ainda é pouco; mil é um número razoável; e dez mil, são suficientes. Mais que isso, merece um talvez. Acaso. Adoro todas e não faço boca. Beneficia-se quem é de casos. Adormeço no colo de minhas amantes, mas com as minhas maças oficializadas, não durmo de touca.

Assim como a escuridão é a ausência de luz e presença do vazio, a Natureza não cura, apenas desnuda a consciência de suas errôneas escolhas fantasiosas. Amigoooos, eeeeeei amigos! Por favor...

Ninguém quer saber o que se passa comigo e o que estou fazendo para sair desse fosso. Nunca soube fazer poesias, nem rimas, nem métricas, nem sei o que fazer com os caminhões de relógios de ponto, vírgulas e pontos de ônibus. Creio, que chegando até ele, é o ponto: final ou inicial? Amigoooos! Eeeei, amigos! Prefiro viajar de avião.

Amigooooos; eeei amigos! Quando a consciência cobra os impostos atrasados, é o peso do fardo do tempo fazendo efeito na mente do fulano.

Amigoooos! O bom, velho e desconhecido rock and Roll, deixando intacto os neurônios, fuzila miseravelmente o crânio do sujeito. Esse é o motivo de tanta aversão a esse estilo musical. Cristo era excelente roqueiro, maçom e estradeiro; e cuspia na cara dos bregas, canalhas, corruptos, salafrários, indolentes, políticos e sedentários.

Amigoooooos! Eeeei, amigos! Filhos? Deve-se pensar, pois precisam de calçados, comida na mesa, mamadeira, fralda, café da manhã, cama limpa para dormir. Escola e pensão. Carros na garagem. Viagem de ônibus ao sertão, não querem, não. Avião. Portanto, filhos é "A" riscado. Dólar furado. Filme de Arnold e sua negras. Sou pobre capitalista e no dia que filho der lucro, quero orfanatos e mais orfanatos. Uma profusão, brigas, encrencas, gritos, vozeirão. Adolescentes, penitenciária, sinal de tiroteio. Pegos e postos no camburão.

Amigooos, ei amigos! Não me deixe sozinho nesse final de ano. Sem ninguém para conversar, desabafar, ombro amigo para afagar, torno-me depressivo. Carente. Obsessivo.

Amigoooos, eeei amigos! Alternando entre escuridão e claridade, os retalhos da vida são costurados na colcha multicolorida da alma com uma agulha extremamente fina, precisa e paciente. E da luz e do breu vai surgindo o agasalho para as intempéries do tempo.

Acredito sim, que o sucesso é o ponto de partida para o fracasso. E ao fracassar, como as entrelinhas veladas deste conto, garante-se o sucesso. Sucesso exige equilíbrio e quando inicia com euforia demasiada, pode ser o princípio da frustração. Frustrar é caminhar de volta à simplicidade. E embora haja desvios e meandros, a simplicidade não está muito longe da humildade. Amigoooooooos; eeeeei amigos!

Nas palavras e coração, sim; mas não há fazer o bem, sem operosidade e uso das mãos. De braços cruzados, tal pensamento, é o que mais ouço. Amigooos, eeeeei amigos! Não me deixe sozinho nesse final de ano. Sem ninguém para conversar, desabafar, ombro para afagar, torno-me depressivo. Carente. Obsessivo, certo, amigoooos? Eeeeeei, amigos!

Fiz a minha parte: gritei, berrei, insisti, com uma multidão surda. Aqui, nessa metrópole alucinada, o filho chora e a mãe Pátria não ouve. Fazer o quê? Quem mandou eu nascer gente. Enchente. Carente. Decente, heim amigooooos!

Não não tenho amigo e porra nenhuma; quanto mais amigooooos. A realidade nua, crua e gélida, é que numa multidão de surdos e mudos, ninguém ouve ninguém. O fingimento é tão gritante, que até os aparelhos auditivos tapam ou ouvidos.

Quando eu morrer, voltarei para buscar os momentos que quis, mas meus amigoooooos não deram-me a oportunidade de vivê-los ao lado deles neste final de ano; eeeeeeeeei amigos!

Por fim, bom 2018 e que sejas feliz, ainda que a bala de revólver, a lei que procura o bandido infeliz, a pensão alimentícia e a infelicidade estejam no nosso encalço. 44 é o número de meu sapatos. Presente? Não vou fazer desfeita: aceito e calço. Lustrados de bicos finos, de preferência. Oh finesse! Tirando uma pompa na Paulista, ouvindo Claudinha Leite, usarei na (re)virada de ano, com maior prazer. Um dia de vida, apenas um, é deleite.

Quando a Motivação fala alto

Depois da ceia, mais ou menos às 3 horas da madruga, ela dizia-me ao pé do ouvido: "metas direitinho. Fale pela frente e por trás também. Se assim fizeres, em 2018, tanto eu quanto você, sairemos realizados. Felizes, leves e gozados. Como instruídos pelos nossos vizinhos, vai tente, faça bem, me zoe toda você também. Você pode, tenha coragem, fé em deus, metas direitinho. Você consegue pelo menos uma em 2018. Terás o ano todo para essa finalidade. Conquista. Descubra o segredo. Ache a pérola. E não tenho dúvidas que de grande relevância para seu ego. Prazeroso para nossa vaidade. Vamos, ânimo e inicie já.

Aposentadoria tem dessas coisas. Por um lado, dá condição de compra dos remédios, tratar dos filhos e netos. Um padrão de vida melhor; por outro, deixa a pessoa sedentária. Cultivadora de pança. Esquecida da vida, da mulher, do amor. Mas tenho paciência e te lembrarei o ano de 2018 inteiro. Serei chata, mas alguma coisa vai acontecer. Diz que sim. Comece, faça uma forcinha.

Maus governos também atrapalham. Roubam tudo, até a tesão. Mas com jeito vai. Maus governos geram preocupação com o futuro. Futuro dos netos. Do cão. Da cadela. Do gato. Estressa. Dá vontade de sumir. Mas releve. Esqueceu né? Faz tanto tempo, que nem lembra mesmo. Esqueça o Temer. Todos eles são assim mesmo. Na época do Sarney era isso, nada mais, nada menos. Inflação nas alturas. Desemprego, etc. Não se lembra da dita dura? Agora estamos na dita cracia dura do demo. Paciência. O importante somos nós: eu, você e as 4 paredes.

Escrever para os amigos do RL? Pare com isso. Tem hora para tudo. Agora é hora de lembrar as coisas esquecidas. Venha ver o álbum de fotos, venha. Assim; está melhorando. Os remédios depois você toma. Cinco minutos a mais ou menos, não fará efeito negativo. Fique de bem com a vida. Relaxe. Pense que é a euforia de final de ano; e me dê um presente. Mas algo usual, que deixe boas lembranças. Quanto tempo não ganho uma lembrancinha. Uma humilde e prestável lembrancinha.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 20/12/2017
Reeditado em 04/01/2018
Código do texto: T6204022
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