Segundo a oferenda

Em uma gruta se instalou um dia um homem santo. Vivia ele da água de um rio que passava próximo e comia das raízes e frutos que encontrava nas redondezas.

Certo dia uma senhora que buscava lenha na floresta encontrou com o homem santo, viu que ele possuía uma idade já avançada e se preocupou com a sua presença ali sozinho.

O homem explicou que era sua escolha morar naquele lugar onde podia orar em silencio, ela logo compreendeu que se tratava de um eremita devoto e logo que ia deixá-lo, reclamou de uma intensa dor nas costas.

Esta mulher devido a tanto trabalho pesado acabou por ficar com as costas muito tortas. O velho se apiedou e aproximou, com um movimento leve das mãos e um sussurrar incompreensível ele a curou.

Ela espantada agradeceu com os olhos cheios de lagrimas. O homem santo sorriu humildemente depois se voltou para a gruta.

Passado uns dias a mulher voltou, mas não estava sozinha, o marido a acompanhava. Traziam eles o filho, era um rapaz doente que não teria conseguido ir por si mesmo ate ali. O homem santo saiu da gruta e sem dizer nenhuma palavra ficou em frente a família olhando tudo através de suas sobrancelhas farfalhudas.

O casal não disse uma palavra, apenas pousaram o filho no chão e chorando olharam para o velho esperando que ele pudesse fazer algo pelo rapaz. Então o ancião, se abaixou e falou palavras silenciosas, pousou a mão na cabeça do rapaz e a outra no peito, ao fazer isso o filho se levantou como se estivesse acordando de um sonho, nem um mal o atacava mais.

Depois deste casal outros muitos vieram, e uma multidão logo fazia fila a entrada da gruta. Todos pediam ajuda e o ancião no limite da exaustão fazia tudo que era pedido.

Certa noite uns soldados o prenderam e o levaram a cadeia, ele não reagiu e não compreendia o motivo de sua prisão.

No dia seguinte o ancião foi exposto em uma gaiola no meio da praça e todos que passavam o xingavam com muita raiva, atiravam-lhe coisas e tentavam machucá-lo. No fim deste dia ele foi enforcado em frente as mesmas famílias que ele tinha curado com as próprias mãos. Seu ultimo olhar foi sobre a multidão enlouquecida de ódio rindo e pedindo sua morte.

Jose de Assis Carvalho
Enviado por Jose de Assis Carvalho em 06/03/2018
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