Os meninos e o velho
Sentado num tronco velho de uma árvore, numa noite de nuvens carregadas, o velho ensinava às crianças, Laura, Ana e Benício, os segredos da vida, seus perigos e como viver de modo a estar pronto pra enfrentá-los.
O velho, cabisbaixo, chapéu grande na cabeça, tinha um grande poder sobre as crianças; seus olhinhos curiosos fitavam-no atentamente. O velho tinha realmente esse poder. A fogueira que queimava próximo às crianças, assistia a tensão que paralisava cada uma delas. O medo parecia estar presente, mas a curiosidade era maior. O velho fazia-os refletir tudo o que poderia acontecer numa noite como aquela: nuvens pesadas, prestes a desabar, céu escuro sem estrelas, vento que soprava e assobiava ao mesmo tempo, fazendo os pelos dos corpos das crianças se eriçar, parecia anunciar o perigo.
Quanto mais o velho perguntava, mais os olhos das crianças se arregalavam. As palmeiras próximas, batiam intensamente suas folhas, o vento não perdoava. Os lampiões dentro das cabanas próximas, apagavam, escurecendo seus interiores. A noite seguia escurecendo um pouco mais. No entanto, as histórias do velho pareciam atrair cada vez mais a meninada. O cajado em que o velho se apoiava, também causava medo, é que sua sombra no terreiro duplicava seu tamanho; mas as crianças não arredavam o pé.
Como pode a vida ter tantos mistérios, tantos segredos, e ao mesmo tempo, ter tanto poder de sedução sobre aquelas crianças? A vida é mesmo encantadora; e encanta velhos, crianças, jovens, não importando as adversidades, as tempestades. Não abrimos mão dela, não fugimos para casa, nem nos escondemos sob os lençóis, queremos vivê-la, descobrir seus segredos e mistérios. Essa é a magia da vida!