Sol - Reunião

Fazia muito tempo desde que se reuniram os nove. Incontáveis eras se passaram desde que se encontraram pela última vez. De todos, estava faltando um: o principal, o anfitrião.

Na verdade, ele havia convocado todos para essa reunião, mas, até o momento, não havia chegado.

Os convidados pareciam conversar despreocupadamente, no entanto, escondiam uma preocupação crescente, tanto pelo fato de terem sido chamados para essa reunião, quanto pelo fato de ele demorar tanto para chegar.

Estavam dispostos em uma mesa grande e retangular, com cadeiras simples e suficientes para apenas os oito convidados, onde ficavam quatro de cada lado e em uma das cabeceiras da mesa, a cadeira para o anfitrião.

Houve um tempo em que havia mais uma cadeira, mas, o convidado que a ocupava, pouco fazia questão de participar das reuniões. Muitas vezes ele simplesmente não ia, e, quando ia, pouco ou nada acrescentava. Até que, por decisão da maioria, esse convidado foi retirado e, apesar de não fazer questão de participar, ficou com seu ego ferido.

Por alguma razão, sua cadeira estava no salão dessa vez, mas não posta à mesa, e sim em um canto.

No lugar cativo da mesa, podia-se observar o assento do anfitrião, o qual parecia um trono de algum rei antigo. E talvez ele fosse realmente um rei antigo.

Um dos convidados tirou um maço de cigarros da jaqueta, pegou um cigarro e colocou na boca.

— Que saco essa espera, é sempre assim! Mas, se um de nós se atrasa, é castigado — reclamou ele, sentado na segunda cadeira, ao lado esquerdo na visão do anfitrião, enquanto acendia o cigarro.

— Não deveria fumar aqui dentro — advertiu a bela convidada ao seu lado direito.

— Não enche meu saco, Afrodite!

— Já disse para não me chamar assim, seu grosso idiota! Meu nome é Vênus. Não sei por que tenho sempre que sentar ao seu lado. — Ela agitou seus cabelos longos e castanhos.

Vênus tinha o rosto suave e harmonioso, olhos grandes e azuis. Possuía um corpo escultural de grande beleza. Usava um vestido longo e justo, que delineava suas curvas com perfeição.

Com as pernas cruzadas, colocou o cotovelo sobre a perna e virou-se para o lado oposto do convidado ao seu lado, tentando esconder o rosto com a mão e ignorá-lo.

— É porque você sempre esteve mais próxima de mim — zombou —, depois de Gaia, a queridinha.

— Não há nenhuma queridinha, Marte. Somos todos iguais — respondeu calmamente a convidada sentada à sua frente. — E me chame de Terra!

Terra era uma mulher de traços firmes e fortes, com mais idade que os dois jovens à sua frente, mas com aparente vitalidade. Estava usando um vestido discreto e escuro. Seus cabelos castanhos e ondulados, que caíam à altura de seus ombros quando soltos, encontravam-se presos. Tinha olhos castanhos e uma expressão desgastada e sofrida.

Marte tinha a aparência de alguém que está constantemente exercitando o corpo. Seus cabelos ruivos e espetados uniam-se a uma barba rala, a qual encobria parte de suas sardas. Era, fisicamente, o mais alto e forte de todos os presentes, por isso agia de forma intimidadora, não demonstrando medo por ninguém — exceto pelo anfitrião. A camiseta regata que usava, deixaria os músculos bem moldados à mostra, mas a jaqueta que vestia aberta os cobria; uma jaqueta tão surrada quanto a calça jeans rasgada e desbotada em suas pernas.

— Sosseguem, vocês três! — esbravejou o convidado ao lado direito da Terra, com sua voz alta e grave.

Este também tinha um ar intimidador, mas era bem mais velho e seu semblante inspirava sabedoria. Metido em um terno velho e desgastado, tinha uma barba grande e branca que cobria boa parte do rosto.

— Zeus está mandando, temos que acatar — ironizou Marte.

Nisso, caiu em gargalhadas um homenzinho magro, que batia na mesa sem conseguir conter-se com sua voz rouca e falhada. Estava sentado ao lado esquerdo da Terra e de frente para Vênus. Possuía vários dentes de ouro. Seus dedos ossudos tinham anéis grandes, correntes pesadas e douradas pendiam de seu pescoço. Como alguém que acabara de sair de um bar embriagado, sua roupa estava desarrumada e, pela camisa meio aberta, era possível ver os pelos em seu peito magro.

— Gostou, não é, puxa saco? — Perguntou Marte ao homenzinho, o que fez com que parasse de rir no mesmo instante.

— Não sou puxa saco, Ares, ó gorila ruivo, deus das guerras e discórdias. Apenas nutro meus interesses — respondeu de forma dissimulada. — Respeite Zeus, digo, Júpiter! — Ele bateu na mesa desatando a rir novamente.

— Vocês são patéticos — disse um homem gordo e careca ao lado esquerdo de Marte. — Só não sei quem é mais, Marte, pelas palavras esdrúxulas que sempre diz, ou Mercúrio, por sempre rir de forma asquerosa.

— Saturno é sempre um desmancha-prazeres — comentou Marte para Mercúrio.

Saturno olhou para um relógio de bolso que estava dentro do paletó. Fez esse movimento algumas vezes, com certa regularidade, e assim concluiu:

— Ele está alguns ciclos atrasado.

Saturno exibia sua roupa em estilo bem tradicional, impecavelmente limpa e arrumada. Possuía um olhar soturno e expressão séria, como se estivesse planejando algo ruim. Após seu comentário, todos se calaram e houve um breve silêncio incômodo.

— Por que é sempre tão quente aqui? — Perguntou, para ninguém específico, o convidado ao lado esquerdo de Saturno. — E nunca nos servem nenhuma bebida para refrescar.

— Porque aqui é a casa dele, Netuno, sempre é quente — respondeu Vênus. — Você não está acostumado porque está sempre distante e frio.

Netuno usava uma camisa polo, calça jeans e tênis. Tinha o cabelo um tanto bagunçado, mas estava de barba feita. Não era muito alto e, apesar da barriga aparente, não era gordo. Não acostumado com ambientes quentes, estava suando bastante e, vez ou outra, secava o suor da testa com as mãos.

À sua frente, estava um convidado com os olhos fechados, que parecia absorto, alheio a tudo que acontecia ao seu redor. Estava mergulhado em seus pensamentos.

— Acorda, Urano! — Gritou Marte, de repente, fazendo com que todos se assustassem. Vagarosamente, Urano abriu os olhos.

— Não estava dormindo — respondeu —, estava meditando. Pelo jeito vocês não perceberam ou fingem não perceber a gravidade da situação. Estão jogando conversa fora enquanto que o assunto que nos aguarda será terrível.

Ao falar com a voz de quem narra um conto de terror, Urano olhou para todos os convidados presentes, prestando atenção nas suas reações. Dos seus cabelos ondulados, com um corte moderno e meio desarrumado, saíam mechas grisalhas. Sua barba, com vários fios brancos, ajudava a lhe dar um ar maduro.

— Por que diz isso, Urano? — perguntou Vênus, virando-se, com interesse e certa preocupação na voz.

— É engraçado. — Urano esboçou um sorriso artificial. — Vocês, que estão sempre mais próximos dele, não perceberam? Ele está inquieto nos últimos tempos e está mudando constantemente de humor. Seus ciclos estão cada vez menores. Está próximo...

— O que está próximo?

— Chega! — Cortou Júpiter, batendo na mesa. — No momento certo vamos saber o teor dessa reunião. Por enquanto, não vamos tirar nenhuma conclusão.

— Zeus manda! — ironizou Marte, piscando para Mercúrio, que caiu em gargalhadas novamente.

— Olá, amigos — interrompeu uma voz vinda do canto do salão. — Vejo que ainda sabem se divertir.

— O que está fazendo aqui? — Questionou Vênus ao homem que acabara de entrar. — Você foi expul... — Ela parou de falar, tapando a boca com as mãos.

— Sim, fui expulso, mas voltei. Como dizem, “o bom filho à casa retorna”.

— Como está no submundo, Hades? — caçoou Marte, arrancando risadas de Mercúrio.

— Vejo que seu humor não mudou nada, Marte — respondeu. — E o velho Mercúrio continua a mostrar esse sorriso nojento e amarelo o tempo todo.

O homem entrou no salão e apoiou-se na mesa, com ar triunfante. Com cabelos grisalhos e olhar penetrante cercado por grandes olheiras, possuía o rosto magro e expressivo. Misturando o tradicional com o despojado, usava uma camisa social em conjunto com uma calça jeans.

— Olá, Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno — cumprimentou cada convidado pausadamente, olhando em seus olhos. — Que bom vê-los novamente depois de tanto tempo, mesmo depois de vocês terem me chutado pra fora desse clubinho de panacas.

— O que faz aqui, Plutão? — perguntou Júpiter levantando-se da mesa.

— Não se incomode em levantar, Júpiter, minha cadeira está aqui. — Plutão foi até o canto do salão e pegou a cadeira que estava lá. Colocou à mesa, de frente para a cabeceira, com um sorrisinho no rosto. — E, além do mais, eu fui convidado.

— Que legal, agora estão todos aqui. Desde o Hermes do sorriso dourado, até o excomungado do submundo. — Marte apontou com um braço para Mercúrio e com o outro para Plutão, que acabara de se sentar.

— Deixe de lado os apelidos, Marte! — exclamou uma voz vinda de um garoto radiante entrando no salão.

O garoto parecia ter 12 anos e possuía um brilho saindo do seu corpo que iluminava todo o salão onde estavam. Mesmo sendo um garoto magro e pequeno, sua voz fez com que os convidados ficassem imediatamente em silêncio e endireitaram-se cada um em sua cadeira.

Sentando em seu lugar, o anfitrião disse:

— Peço desculpas pelo atraso, mas minha presença foi necessária em outro local. Nós nos conhecemos por várias eras e não precisamos ter nenhum tipo de antipatia uns com os outros.

Enquanto ele falava, os convidados abaixaram a cabeça e concordaram apenas.

— Eu já tive muitos apelidos: Sigel, Helius, Amaterasu, Rá, Apollo, Kuandú e muitos outros. Não ligo de ser chamado por nenhum deles, mas aqui eu exijo que sejamos tratados por nossos nomes originais, aqueles que sopramos aos quatro cantos do universo para que fôssemos conhecidos e lembrados assim. Meu nome é Sol e saúdo Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão. Tenho assuntos perturbadores para tratar com todos vocês e peço respeito e compreensão.

Seus convidados ficaram por algum tempo em silêncio até este ser quebrado por Mercúrio:

— O que é tão importante, senhor, para nos chamar tão de repente?

— Como todos sabem, o universo está em constante movimento e mudança. Temo que minha vida não seja muito mais longa. Irei morrer em breve. O resultado é de conhecimento de todos — respondeu Sol sem nenhum tipo de rodeios.

— Mas o senhor tem poder de reverter... — disse Terra. Não era possível distinguir em sua entonação se estava afirmando ou questionando.

— Estou muito cansado e velho, não tenho vontade de reverter. Fato é que não encontro nenhum motivo para tal.

— Mas e a vida na Terra?

— A vida está caminhando para a morte. Toda a criatura dotada de inteligência segue no caminho da autodestruição. Não merece ser poupada! — exclamou Sol em tom grave e sério. — E você, Terra, é quem mais sofre com a vida, pois ela lhe arranca vitalidade a todo o momento. Seus filhos não lhe dão nenhum valor, só te exploram.

Terra permaneceu em silêncio por alguns instantes, fechou os olhos e falou:

— Peço apenas uma coisa. Viva entre eles por algum tempo e depois refaça a reunião com sua decisão.

— O que eu teria a ganhar com isso? — indagou Sol, arqueando uma sobrancelha.

— Nada, realmente — respondeu Terra abrindo os olhos. — Mas dessa forma, poderia conhecer a vida antes de julgá-la.

— Acha que não ponderei antes de tomar essa decisão? — perguntou Sol, sem resposta.

O garoto levantou-se bruscamente e rodeou a mesa onde todos estavam. Parecia enfurecido e esse sentimento era refletido nas chamas amarelas que o circundava.

— Acha que não sei o que essas criaturas fazem? — questionou o garoto em retórica. — Eles têm recursos suficientes para cada habitante utilizar com sobra, mas ao invés disso, são mesquinhos e querem tudo para si. Eles não sabem compartilhar, não sabem dividir e não sabem se ajudar. Eles se destroem. São ignorantes e primitivos.

Sol andou de volta ao seu lugar. Era possível ouvir pequenos ruídos em um cenário tomado por um silêncio constrangedor. Terra parecia não saber o que dizer, sentia que começara uma discussão da qual não tinha interesse em continuar, mas precisava.

— Você está sendo injusto. Não deveria julgar o todo com base em poucos.

— Injusto? — indagou o garoto. — Eles nem são tão importantes a ponto de afetar minha decisão.

— Eles são a coisa mais importante para mim. Eles tornam a minha existência dotada de algum sentido. A vida deles é meu objetivo. — Terra levantou-se e olhou diretamente nos olhos do garoto. — Qual seu objetivo, Sol? Já se perguntou o porquê existe? Para qual propósito?

Nesse momento ouviu-se uma interjeição que soou em uníssono. Ficaram todos atônitos diante do tom desafiador de Terra. Ninguém imaginava tal reação.

O brilho do garoto ganhou tonalidades mais quentes, mesclando o laranja com tons vermelhos. Estava começando a ficar irritado.

— E o que você acha que vai mudar em mim, vivendo entre os humanos? — Indagou Sol em uma aparente calma. — Eles causaram guerras entre seus povos. Destruíram civilizações inteiras por motivos mesquinhos. Eu os observo de longe.

— Talvez devesse observar mais de perto — comentou Terra com um meio sorriso enquanto sentava-se novamente. — Acho que você precisa descobrir qual o seu propósito. Todos temos um, mas muitos desconhecem a razão de sua própria existência.

Sol ficou em silêncio, parecia pensar no assunto.

— E quanto a nós, não devemos ser levados em consideração? — contestou Mercúrio. — Devemos ter nosso destino determinado com base na observação dos humanos?

Sol não respondeu.

— Esse tipo de decisão não cabe somente a você tomar — observou Saturno.

— Qual é realmente o grande problema? — questionou Urano. — Por que não nos conta?

— O que faz você pensar que suas criaturas são importantes a ponto de mudar a opinião de Sol? — questionou Marte, apontando para Terra.

Todos olharam para Terra com ar de desaprovação, como se ela fosse a responsável pelos problemas que os assolava.

— Não disse que sou mais importante do que ninguém — respondeu Terra. — Apenas apontei motivos importantes para a continuidade da nossa existência.

Nesse momento todos os outros convidados começaram a murmurar com certo desespero, como se diante de uma morte iminente. Sol fechou os olhos em uma meditação profunda e o murmúrio aumentou, transformando-se em discussão.

Sol foi bombardeado com questionamentos e reclamações, mas ignorou todos, massageou as têmporas com os dedos e manteve-se em silêncio.

Após um tenso e longo momento de alvoroço, Sol levantou a mão direita e todos se calaram imediatamente.

— Aceito seus termos, mãe Terra. — Ficaram todos estarrecidos diante dessa decisão. — Passarei um tempo, ainda indeterminado entre os humanos. Não que isso faça alguma diferença. Só prometo que eu os observarei de perto, muito perto.

— E depois disso? — Questionou Mercúrio.

— Aguardem nova convocação. Por ora estão dispensados.

Ficaram todos imóveis e sem entender nada. Após um tempo em silêncio, Júpiter levantou-se e saiu. Em seguida, todos saíram do salão, com exceção de Sol, Terra, Saturno e Plutão.

— Me chamou pra isso? — perguntou Plutão, levantando-se. — Nunca entendi o que eu faço aqui.

— Minha decisão irá afetar você também — respondeu Sol enquanto Plutão ia embora.

— Você não merecia estar aí, é fraco — disse Saturno, olhando o relógio de bolso enquanto levantava seu corpo enorme da cadeira para ir embora.

Terra levantou-se também sem dizer nada e foi embora.

Sol estava irradiando um brilho amarelo que logo mudou para vermelho. Levantou-se e saiu do salão.

O garoto andou por seus domínios. Grandes salões pintados de dourado, símbolos sagrados estampados e esculpidos nas paredes. Andou como se isso o ajudasse a ter ideias.

O brilho que emanava de seu corpo estava variando de coloração entre roxo e vermelho — ele estava aflito.

Andou até a parte externa do salão. À sua frente existia um mar de areia que se estendia por até onde se podia ver no horizonte.

O céu era de um vermelho incandescente e era possível ver pontos brilhantes, como se fossem estrelas, mas de certa forma, diferentes. Eram pontos coloridos, marrom, azul, vermelho e alguns de cores indefinidas.

— Ezequiel! — gritou o garoto.

Pouco tempo depois surgiu um enorme corvo negro voando em sua direção. Ele pousou em seu ombro. Estava carregando no bico uma noz, que caiu no chão e rolou.

Sol olhou a fruta caída, próxima a seu pé, e depois olhou para o corvo. A ave mexeu seu corpo em um movimento que lembrava um dar de ombros. O garoto pisou na casca, que quebrou, revelando o interior.

Ezequiel pulou no chão e comeu com muita voracidade. Olhou para o garoto de baixo, pegou um pedaço no bico e voou de volta para seu ombro. Sol estendeu a mão e o corvo soltou em sua mão. O menino jogou para cima e apanhou com sua boca. Mastigou rapidamente e engoliu.

— Ezequiel, conte-me como eles são.

— O senhor os vê todos os dias terrestres. Já os conhece — respondeu o corvo.

— Mas nunca estive perto o bastante para conhecê-los de fato.

— E por que o senhor, com toda sua magnificência, iria se interessar por essas criaturas pequenas e insignificantes?

— Curiosidade.

— Sei. — O corvo olhou para Sol desconfiado.

Voou de volta para onde havia restos de cascas, mas não achou mais nada, então ficou olhando para o horizonte.

— Eles são complicados — comentou Ezequiel. — São inteligentes, mas ao mesmo tempo, muito ignorantes. São contraditórios, difíceis de explicar.

— Você acha que eles valem a pena?

— Para o que? — questionou o corvo. Ele olhou o garoto tentando ler seus pensamentos, mas quando percebeu que não conseguiria, voltou a olhar o horizonte. — Eles são únicos?

— Não — respondeu Sol, pensativo. — Existem outros por aí.

— No seu sistema?

— Não. Sob outras jurisdições, as quais eu não tenho acesso. Isso tudo ainda é novo pra mim.

— Eles são o berço...

— Não! — interrompeu Sol e o corvo o olhou com expressão de dúvida. — Eles são uma semente plantada por outra civilização mais antiga.

— De onde?

— O vermelho.

— Marte? — perguntou o corvo sem resposta. — O que o senhor irá fazer?

— Uma pesquisa de campo.

— E vale a pena o risco?

— Vou descobrir.

— Materialização exige sacrifícios, mesmo que temporários. E, como o Senhor deve saber, ficará vulnerável, perderá sua imortalidade.

— Não se preocupe... — O garoto disse algo mais que o corvo não conseguiu compreender.

— Não entendi, senhor.

— Estou protegido! — disse Sol. — E todos nós somos mortais.

O corvo sem saber ao certo o que o garoto queria dizer, apenas concordou e depois completou:

— Eu o defenderei com minha vida, se for preciso. Afinal, sou seu mensageiro.

— Você é um bom amigo, Ezequiel. Mas, quais perigos você imagina? Vindos das pessoas? — questionou Sol afagando a cabeça do seu amigo.

— Não. Existem perigos bem próximos. A inveja é uma arma poderosa. — Ezequiel sacudiu as asas e preparou-se para alçar voo. — Tenho algumas coisas a fazer. Encontro-o lá.

A enorme ave negra voou e desapareceu no ar, deixando o garoto sozinho novamente.

Sol, que nesse momento estava com um brilho mais azul e branco, voltou para dentro do salão de onde havia saído. Ele caminhou com os pés descalços, passando por enormes pilares e paredes altas com símbolos sagrados, até se deparar com um símbolo em especial. Ficou diante desse símbolo formado por muitos círculos entrelaçados, fechou os olhos e abaixou sua cabeça. Sem abrir os olhos, disse:

— Flor da Vida, guia meus passos nessa jornada que se inicia. E todo conhecimento contido no Unvorsum me ajude.

Abriu os olhos e como se ele se desfizesse em poeira, desapareceu.

Este conto faz parte do meu livro chamado "Sol".

O livro contém uma série de estórias independentes, mas que compõe uma estória maior, narrando a trajetória de uma entidade cósmica em diversos lugares da Terra.

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Elberton Freire
Enviado por Elberton Freire em 13/11/2018
Reeditado em 07/12/2018
Código do texto: T6501623
Classificação de conteúdo: seguro
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