PEDRO, DO COFRINHO A RIQUINHO
 
Era muito pequeno quando Pedro ganhou se seu pai um cofrinho.
Colocar as moedinhas nele se tornou uma diversão. Cada um que chegava em casa, ele mostrava o cofrinho e dizia: “Quer colocar uma moeda no meu cofrinho? Sabe, ainda serei muito rico. Vou encher muitos, muitos  cofrinhos e quando tiver um montão de moedas, colocarei no banco igual meu pai e ficarei rico”.
O papai retruca: “Mas eu não sou rico. Não consegui juntar um montão de moedas igual você.” Todos riam, mas ele não entendia o porquê das risadas. Oras, se juntasse muitas moedas, claro que ele seria rico sim! Aí, ele ia comprar um carro para sua mãe, um helicóptero para seu pai e um dinossauro para mostrar aos seus amiguinhos.
“E onde você vai deixar o dinossauro?” Oras, eu compro uma fazenda igual à do vovô e cerco um pedaço só para ele. Coloco uma placa bem grande e luminosa escrito: “Parque do dinossauro Pedro”.
“Mas isso será perigoso, pode fazer mal a quem entrar lá”.
“Não, eles serão mansinhos. Eu vi no filme, os dinossauros eram ensinados. Tinham um adestrador que fazia os gestos e eles obedeciam aos comandos”.
Após uns dois anos, agora já com seis anos, o menino esqueceu do dinossauro, só não esqueceu do cofrinho e de economizar. Já tinha completado seis cofrinhos. Como os cofrinhos eram de gesso, era uma festa o dia que o pai os quebrava. Todos contavam as moedas e levavam ao banco para depositar na poupança do garoto.
Quando saiam para passear no shopping ou viajar, as crianças recebiam uma mesada para as comprinhas deles. Só não podiam ultrapassar aquele valor recebido. Era a educação financeira da família.
A irmã mais nova sempre escolhia mais do que o dinheiro recebido. Muitas vezes pedia dinheiro emprestado a Pedro para completar sua comprinha. Ele não dizia não. Só dizia: “Eu empresto, mas você terá que me pagar um pouquinho a mais, igual os bancos fazem. Se eu te emprestar vinte reais, você vai me pagar vinte e um reais. Apenas uma moeda porque você é minha irmã.” A irmã, na ânsia de comprar o objeto desejado, aceitava e o negócio estava feito. O mesmo ele fazia com os primos na hora das compras na cantina da escola.
No seu aniversário de sete anos ele foi com a vovó ao shopping para escolher seu presente. Ela, sabendo do seu interesse financeiro, estabeleceu um valor para o presente e ele não poderia ultrapassar aquele valor. Pedro escolhia um brinquedo, fazia suas contas (ele era muito bom de matemática) e voltava dizendo: “Se eu comprar este vai sobrar um pouco, mas não o suficiente para comprar outro e eu quero ter os dois”.
A vovó não manifestava interesse em aumentar o valor estipulado. O menino voltava para revirar as prateleiras e escolher outro brinquedo. Pacientemente a vovó esperou ele ir e voltar umas cinco vezes. Já estava cansada, mas decidida a cumprir o que falara. Oras,se ele estava determinado  a economizar seu dinheiro, do dinheiro dos outros também teria que cuidar.
Finalmente ele voltou com um brinquedo dentro do valor, sobrando ainda dez reais. No caixa ele disse para a vovó: “Vovó sobrou este aqui, é seu.” “Não, ele é seu. Eu lhe prometi duzentos reais. O troco fica como parte do sorvete que vamos tomar e o cinema a vovó paga também”.
Aos oito anos o garoto foi estudar em outra escola que oferecia duas matérias novas para sua série: educação financeira e ética. Ele gostou muito. Estudavam matemática, faziam feirinhas e lojas virtuais onde realizavam compras com um dinheiro fictício, controlavam valores recebidos e gastos. Mais ou menos o que Pedro já fazia, mas agora aprendia tudo da maneira certa. Aprendeu melhor sobre sua poupança, juros e até investimentos.
Foi assim que surpreendeu o pai quando perguntou: “Papai como funciona  esse tal de tesouro direto?
 O pai explicou, mas disse que ele era muito novo ainda para isso. No mês seguinte os dois foram ao banco e verificaram os extratos. Pedro já tinha uma boa quantia porque agora não depositava apenas moedas, e sim parte de sua mesada. O pai olha o extrato e diz:
“O dinheiro que tem aqui já dá para você e sua irmã irem para Disney.”
 “Não papai, não quero ir agora. Vou investir esse dinheiro porque quero estudar em uma faculdade de matemática e finanças fora do Brasil, igual meu professor.”
   - “Pois é rapazinho, você e sua irmã vão para a Disney sim. Eu vou dar esta viagem de presente para vocês. Precisamos economizar para alcançar nossos objetivos, mas divertir também é preciso. Não precisa pensar sempre em ficar rico, 
- Eu já entendi essa parte, agora, nem vou cobrar juros da mana, só dos primos porque eles são muito folgados”,
O pai sorri e pensa “Esse aí,  vai ser riquinho sim. Diferente do pai” mão aberta.