A história de uma rainha cujo castelo desmoronou ao mar

Durante toda sua vida nunca lhe foi dito uma palavra verdadeiramente carinhosa, nunca lhe foi dito o quanto era bonita, ou o quão inteligente era. No dia de hoje, essas palavras são ditas desesperadamente, mas quando as palavras são ditas durante sua morte, ela não pode realmente escutá-las.

Ela era uma garota insegura, que nunca teve um amigo próximo o suficiente para realmente conhecê-la, uma garota cujo os pais pagavam as contas e lhe compravam coisas, mas jamais lhe abraçaram, cujo os colegas ridicularizavam, uma garota sem vontade de viver ou morrer. Ela existia, mas era apenas isto, uma mera existência sem razão.

Essa garota costumava ter um nome, era um nome bonito, na verdade, ela diria que era a única coisa bonita que tinha sobre si mesma, mas como todas as outras coisas, esse nome foi esquecido.

Durante muitos anos de sua vida, pôde apenas ignorar todas as coisas ruins que lhe eram oferecidas, ela pode aceitar os pratos de falsidade e interesse que lhe eram entregues com um sorriso gentil e um agradecimento, construindo um grande muro de inseguranças durante todos estes anos, protegendo a si mesma de tudo e todos, protegendo o seu grande castelo de vidro e sua coroa de papel, mas essa garota havia esquecido de um pequeno detalhe, suas barreiras a protegiam dos outros, mas ao mesmo tempo, lhe prendiam dentro de um grande reino de falhas e medos. Mas ela não se importou, porque acreditou que os muros eram altos o suficiente, e acreditou que viveria bem tomando conta de si mesma, mas mesmo os melhores engenheiros deixam algumas falhas, e o seu grande muro tinha uma pequena e quase imperceptível falha. Ele.

Ela o conheceu durante um passeio, ele se interessou pela grande muralha da garota, ela se interessou pela estranheza do garoto, e a cada vez que se encontravam, uma pequena parte daquele grande castelo de medo caia ao mar, e a sua rainha era deixada sozinha e desprotegida, vulnerável.

Até que, certo dia, o castelo inteiro desmoronou no mar, quebrando-se e afundando, finalmente libertando a rainha, que acreditava se proteger quando tudo que fazia era prender a si mesma em um reino de medos e falhas. Quando os muros ruíram, o garoto pode finalmente ver a rainha, segurando sua coroa de papel entre os dedos, ela rasgou-a em milhares de pedaços, finalmente libertando-se daqueles muros.

Ela o amava. Ele a amava. Nossa pequena rainha finalmente deixou seu castelo afundar no oceano e aceitou a mão que lhe era estendida, mas, de sua perspectiva, ela não pode perceber que essa mão já estava debaixo da água a muito tempo, e agora, ela estava sendo puxada para aquele oceano, sendo desmoronada como seu belíssimo castelo de vidro.

Eles se afogaram em um grande mar de segredos e amores perdidos.

Nossa pequena rainha pode finalmente lembrar quem era antes de ser esquecida para sempre.