LEMBRANÇAS ( EREBOS 3 )

LEMBRANÇAS ( EREBOS 3 )

O MEDO É ALGO QUE ALGUÉM ACREDITA. ELE PODE SER ALGO TÃO PROFUNDAMENTE INCUTIDO PELAS SUAS EMOÇÕES, CRENÇAS E IDEOLOGIAS QUE MESMO NÃO EXISTINDO, O QUE TE CAUSA MEDO SE TORNA REAL. O MEDO É PRODUTO DA MENTE E A MENTE PODE SONHAR E PENSAR EM QUALQUER COISA. ALGUMAS PESSOAS AMAM O MEDO, PAGAM PARA TER MEDO. O MEDO É UMA DAS EMOÇÕES QUE NÃO TEM FIM É ILIMITADO, ELE PROSPERA TE PREPARANDO PARA A CALAMIDADE E FAZENDO VOCÊ ACREDITAR QUE AS COISAS MAIS GOSTOSAS SÃO PERIGOSAS. SE É REAL NA SUA MENTE É REAL NO MUNDO. QUANTO MAIS VOCÊ ACREDITA, VOCÊ ACREDITA!

Dor, medo e poder. Medo das lembranças e dos sons em volta.

- Seja bem-vindo, meu senhor!

Acordo e encontro Rubio de joelhos com sua espada entre nós. Tenho lembranças vagas do que aconteceu.

- Levante-se Rubio não sou mais senhor de nada. Sou escravo e me chamo Lança!

- Como quiser, meu senhor.

- O que aconteceu¿

- O senhor apagou durante três dias aqui nesse mundo, fomos cercados por forças inimigas do baixo astral, seres metade humanos metade outra coisa. Reagi como pude, já estava para pedir socorro invocando meu guardião, quando o senhor levantou, com os olhos semi serrados, sem consciência. Tomou a minha espada e com alguns movimentos que não consegui enxergar matou seis deles e voltou a “dormir”, caiu sem consciência. Fiquei intrigado, pois não sabia que o senhor possuía outro corpo astral, um corpo de combate extremamente trevoso que foi invocado para luta. Minha ordem nos ensina que devemos manter distância de seres como vocês. Sinto muito senhor. Peço que perdoe meus homens por, de alguma forma, ter machucado esse veículo que o senhor usa agora. Peço que deixe que eu siga meu caminho e agradeço por isso.

Com os olhos baixos e concentrados na espada Rubio não se levantou.

- Não me lembro quem eu sou Rubio! Falei a verdade. Minha memória foi danificada em Erebos, um mundo terrível que danifica nossas lembranças e nos faz regredir. Você deve saber, pois enviou sua amiga para lá. Quando acordado tenho sonhos e quando durmo tenho revelações como se fosse duas vidas distintas. Quero ajuda.

- Não tenho conhecimento para ajuda-lo senhor, e mesmo se eu tivesse não poderia, pois somos como água e óleo. Tenho medo.

- Preciso que me esconda, me proteja quando minha consciência some. Sei que não pode ajudar quem eu fui, mas tem obrigação de ajudar quem eu sou agora ou quem eu tento ser.

Rubio fechou os olhos e se afastou. Devo ter apagado de novo, pois a paisagem mudou.

Acordei! Voltei a ter consciência! vou usar esses termos por falta de outros. Tentei me levantar e estava acorrentado em uma cadeira cercado por pessoas com mantos brancos cheios de símbolos, havia uma mesa do meu lado esquerdo com vários símbolos e copos de água espalhados sobre ela. Encontrei Rubio afastado em atitude de respeito não querendo me olhar. Entendi. São seus superiores, ele deve ter ficado temeroso. Um homem barbudo na casa dos cinquenta anos levantou e se dirigiu a mim.

- Quem é você meu filho¿

- O senhor costuma acorrentar seus filhos, meu senhor¿

Alguns da mesa se surpreenderam, outros riram. As risadas foram rapidamente silenciadas pelo olhar do senhor mais velho.

- Quando esses filhos são rebeldes e querem machucar acabamos tomando medidas exageradas. Peço que me perdoe.

Ele estalou os dedos e as correntes sumiram. Houve uma comoção geral.

- Espero que se comporte como adulto. Somos os cavaleiros, como Rubio deve ter informado, estamos aqui para procurar uma das nossas que desapareceu, pelo que fiquei sabendo escaparam juntos de uma prisão.

Meias verdades são usadas para disfarçar a cor da mentira, que no astral pode ser vista como uma cor ou sentida, é um truque eficiente no astral, usado pelos mais astutos para enganar outros e esses outros precisam não conhecer o truque, claro.

- Eu acredito que quando a verdade não pode ajudar alguém, nós devemos mentir. Sou culpado da maioria das coisas que me acusam.

- Ninguém o acusou de nada filho.

- Estava acorrentado, meu senhor, mantido sob um escudo mágico debaixo da cadeira. Sugiro que o senhor seja prático e pergunte logo antes que eu perca minha consciência e comece a divagar e não te sirva pra nada.

- As perguntas são tantas. Como você escapou¿ Quem te ajudou¿ Como você consegue manter a consciência¿ quem lhe ensinou magia¿ Quem lhe ensinou a lutar¿

- Escapei após meu exílio, como qualquer outra alma. Consigo manter minha consciência por que esse é o objetivo, fui ensinado por diversas ordens mágicas a lutar, pois vivíamos em um mundo um tanto quanto competitivo. Vocês não correm perigo algum. Eu quero apenas permanecer nesse mundo.

- Você gostaria de pertencer a nossa ordem¿

Um silêncio tomou conta da sala, pois muitos não estavam gostando do rumo da conversa.

- Meu caro senhor, não gostaria de ser de nenhuma ordem, espero que não leve minha recusa como pessoal, porém poderia ajudar em algo até que pudesse partir. Partirei quando minhas lembranças estiverem todas recuperadas.

O senhor foi de membro em membro que estava na mesa perguntando a opinião de todos os participantes. Houve uma votação rápida. Alguns se retiraram, outros permaneceram sentados. O círculo magico afrouxou e fiquei sabendo que era favorável à minha permanência. Rubio foi chamado a frente para ser o meu padrinho responsável.

- Rubio, como você que o trouxe até nós, você ficará responsável por seus cuidados. Tudo que ele fizer de errado, você responderá para os seus superiores.

Reunião encerrada, espero que todos os membros recebam a luz em seu coração e em sua vida.

Hoje sou o faxineiro da casa. Rubio me leva as vezes para alguns passeios, me coloca a par de suas caçadas e me conta com emoções outras aventuras, sempre me trata com respeito e admiração, sempre aguardando que de alguma forma eu o ensine a lutar como o demônio que acha que sou, ou que era. Tenho flashs de memórias de coisas impossíveis de serem realizadas no astral. Lembro em meu corpo físico dessas coisas, como em uma outra vida. Estou aprendendo aos poucos a retomar minha vida no astral. Fui acolhido na ordem dos cavaleiros e Rubio jurou manter meu segredo. Os meus não sabem de minha existência, apenas minha irmã querida Liane, mas a partir desse ano começa um novo início, de busca, aprendizado e recomeço.

kronos
Enviado por kronos em 06/08/2019
Código do texto: T6713759
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