VITA IN VITITÁ

uma gota que desce pela garganta, e tudo se transforma.

sensações de loucura, imenso vazio.

a morte veio me encontrar.

pensamentos confusos, se sente um frio!

só então o coração para de palpitar.

os olhos se fecham envoltos na dor

se morre lembrando de um grande amor.

e isso é tudo o que então se tem

no solene momento se vai para o além.

o sol nasce outra vez na cidade

queimando a pele com seu alumiar

desejos de luxúria, mergulhados em maldade

começam a emergir, á espera do primeiro luar

é como sonhar acordado,

semelhante a outro nascimento

a visão bem mais aguçada

o corpo pede alimento.

doce perfume, o cheiro enebriante

donzelas enfeitiçadas com os olhos em transe!

sente-se o sabor, superior ao melhor vinho.

enquanto perfura aquela nuca com seus caninos.

sobrevêm anos de desejo, suprema loucura imortal

o sedutor da noite derrama mais sangue carmesim

morre com o tempo tudo o que pode ter um final

sobrevive nessa terra a fome eterna em mim.

mas como em tudo sempre há uma vã repetição,

até os intocáveis caem nessa maldição.

o que antes era gozo sempiterno, vívido e enlouquecedor

com o passar do tempo torna-se o vazio da falta de amor.

as épocas agora são outras, surgem tempos de duros açoites

teme-se que a este mundo revele-se toda a verdade

erguem-se vingadores que perseguem os seres da noite

deixando de ser a caça para caçar com ainda mais crueldade.

fugindo noite após noite, ocultando-se durante o dia

procuro sempre no peito o punhal que logo chegará

anos de experiência, sinto que a morte me desafia

talvez por ter ousado viver tendo que outras vidas tirar.

já não se quer mais sangue,

nem donzelas, nem caçadas.

viver é um tortuoso martírio,

para vidas amaldiçoadas.

quem um dia foi predador,

criatura notívaga sagaz

deseja ardentemente redenção

e como os mortais poder encontrar a paz.