A BRUXA

A mulher corria frenética pela densa folhagem germânica. Sua varinha estava quebrada, tornando-a instável para realizar um feitiço decentemente. Seus perseguidores eram velozes, ágeis, cruéis. A missão que a bruxa recebera era simples, porém arriscada: libertar da posse dos caçadores a sua superiora. A bruxa que corria agora, embrenhou-se cada vez mais na floresta, seus algozes aproximando-se mais rapidamente.

Os caçadores eram inimigos mortais das criaturas mágicas, foram pessoas que tiveram o espírito corrompido por Vernet, O Mago Negro. Vernet fora, há muito tempo, um dos maiores feiticeiros que existiu; no entanto sua cobiça o levou a pactuar com forças sombrias, fazendo-o se tornar perverso. Vernet quis reclamar toda a magia para si, destruindo todos que cruzassem seu caminho. Contudo, as bruxas e bruxos de todo o mundo reuniram-se numa estocada fatal e derrotaram o poderoso mago.

Antes que Vernet morresse, ele lançou um último feitiço. Amaldiçoou um pequeno vilarejo, onde homens e mulheres simples tiveram as almas apoderadas pelo ódio a todos os seres mágicos. Esse vilarejo foi de onde vieram os primeiros caçadores; a maldição do mago sombrio passou de geração para geração, concedendo força sobrenatural para os caçadores cumprirem a última vontade dele.

A bruxa que estava em fuga, falhara na sua missão. A sua superiora fora torturada e morta pelas mãos do inimigo. Sua varinha se arrebentara no confronto que tivera para conseguir distanciar-se do acampamento dos caçadores.

A mulher, em seu desespero, não notou a raiz grossa que se entrepunha em seu caminho. Quebrou os ossos do pé direito ao tropeçar. Sem poder correr mais, rastejou-se para detrás de uma árvore, em busca de abrigo. Ela sabia que morreria, era apenas uma questão de segundos.

Mesmo com a varinha no estado lastimável que se encontrava, buscou as forças da natureza ao seu redor. Inspirou profundamente; se fosse para ela morrer, levaria o maior número de caçadores consigo. Segurando fortemente seu artefato mágico, murmurou com firmeza:

— Letalis ignis!

As chamas romperam do objeto em sua mão e envolveram seu corpo. Assim que os perseguidores se aproximaram da mulher em brasas, uma forte explosão varreu em labaredas toda a área equivalente a um quilômetro quadrado.

Nesse sacrifício desesperado, a bruxa fora mais uma vítima da guerra que se estendia cada vez mais.