Quando tudo está em jogo
E ela apoiava um cotovelo na mesa e a palma da mão na orelha.
Quanto tempo se passara?
O maior de seus medos vira à tona, a perda, a ausência, a insustentável leveza do ser.
Com os dedos, batucava dois toques seguidos na mesa, batidas de coração. O tu-tum incessante percorria as partículas de madeira, os ossos, a carne, chegando ao ouvindo e à mente fértil da garota.
Tudo estava em jogo naquela mesa.
Incansável continuava, a batucar como se numa tentativa de ouvir mais perto e forte o coração dele.
Cansável sossegou, os dedos. Num suspiro fundo com resto de voz, disse:
-Volta, por favor, volta.