Dia "D"

Era o intervalo das aulas e Ane sabia o que iria acontecer, só restava esperar e aceitar... encostou-se na parede do corredor ouvindo som no MP#, enquanto esperava o desenrolar de mais uma tentativa frustrada.

Havia lhe enviado alguns livros de presente pensando que com isso faria uma aproximação, porém nada aconteceu, ou pior atrapalhou mais. Ele lhe mandou uma mensagem dizendo que iria devolver o que a deixou arrasada.

Viu-o caminhar em sua direção sem nada nas mãos... parou em sua frente e disse:

-gostaria de falar com você.

Ane respondeu tudo bem e o seguiu em silêncio.

Saíram do prédio em direção a praça que ficava próxima.

Chegando lá sentaram-se em um banco mais nada falaram por algum tempo, até que ele virando-se de frente para ela falou, como que querendo esclarecer algo.

- eu gosto muito de você, você é especial....

E à medida que falava, olhava-a nos olhos e ambos percebiam que algo acontecia. Olhou-o nos olhos também, e tentou transmitir no olhar todo amor que sentia.

Então ele a beijou, e beijou, e beijou.

Foi incrível, nunca tinha esperado essa reação. Um beijo como nem um outro que havia provado. Percebeu que pra ele também foi especial.

Ele parecia atordoado, então levantou e agradeceu os livros e fugiu.

Ela ficou ali sozinha, olhando-o de afastar, mais dentro dela sabia ele não partia, chegava.

***

Subiu os degraus correndo, fugia dos seus próprios pensamentos e sentimentos, o coração batia tanto que queria correr, pensou que teria um ataque...

Entrou na sala, sentou, e apesar de olhar os slides e ouvir o professor, não enxergava e nem entendia nada.

Seu melhor amigo logo percebeu, mas ele não quis falar, ainda não precisava saber o que havia acontecido.

***

Na praça, só depois de um tempo, Ane levanta e retorna também a faculdade.... feliz, muito feliz, mas totalmente controlada. Caminhava devagar, ouvindo legião urbana... não deixou ninguém perceber, não contou pra ninguém.

Entrou na sala e assistiu as ultimas aulas do dia meio sorrindo.

***

Quis ser o primeiro a sair no fim da aula daquela noite, precisava chegar logo ao seu esconderijo, abrigo seguro, seu quarto.

Jogou a mochila de lado e se deitou olhando o teto. Não conseguia entender o que acontecera.

Pensou na garota que causou tudo aquilo... não devia ter deixado-a sozinha mas...

Seus planos era esclarecer os fatos aquela noite. Não queria mais nada dela, que ela devia esquece-lo e acreditava que ela agiria de outra forma, com dramas e lagrimas, mais ela só ficou quieta, calada. E quando olhou em seus olhos... nossa que olhar ardente... sentiu mesmo todo seus amor por ele naquele olhar... e não resistiu.

Caramba nunca havia sentido nada parecido e agora não conseguia parar de pensar nela.

Levantou, andou pelo quarto, ligou o som... pegou um livro, deitou, largou o livro e levantou de novo. Aiiiiiiiiiiiiiiiiii o que tava acontecendo.

***

Ela saiu calmamente da faculdade e seguiu seu caminho como todos os dias.

O ônibus tava lotado, mas ela nem se importou.

Chegou em casa, tirou a roupa, seguiu para o banheiro, tomou uma ducha, pos uma camiseta, pegou um lanche na cozinha e voltou para o quarto.

Admirou sua filha dormindo, apagou a luz e deitou. Dormiu imediatamente serena e feliz.

Sabia que aquele dia tinha sido o dia “d”.

***

Enquanto isso ele rolava na cama sem conseguir dormir, só pensando, sentindo, lembrando.

O sol já clareava a madrugada... olhou o telefone em cima da mesa... pegou-o, e num impulso ligou para ela... um toque, dois toque. Desligou. Não sabia o que dizer...

Ficou alguns minutos olhando o telefone e então algo o fez sorrir. Deitou e dormiu.

***

Ela dormia tranqüila quando sentiu o telefone vibrar. Sempre dormia com o telefone ligado e bem perto, sabia que as oportunidades eram únicas e por isso ao sentir o telefone pegou rapidamente. Mais já havia desligado.

Viu no visor o nome dele... sorriu e escreveu uma mensagem, uma só palavra.

-DURMA.

***

O dia amanheceu por completo e o belo rapaz em fim dormia.

Logo começou os movimentos de rotina da casa. Da cozinha ouviu sua mãe chamar;

- John não vai trabalhar???

Só se remexeu na cama, não queria acordar, não queria levantar...

Abriu os olhos e tudo voltou em seus pensamentos como um fleche, um relâmpago, imediatamente levantou.

Vestiu-se e saiu...

Precisava ocupar sua mente.

***

Em outra parte da cidade, Ane já levantara a horas e já estava em seu local de trabalho.

Quem a via pensava que tudo transcorria perfeitamente normal, mas não era bem assim.

Ela transbordava de felicidade, mas tinha medo, medo de que fosse um sonho, de se iludir de novo, por isso decidiu esperar.

O dia transcorreu igual a outro qualquer e logo estava a caminho da faculdade.

***

John trabalho meio ansioso. O dia se arrastou, até que enfim acabou.

Se vestiu para ir pra faculdade e saiu, nunca tinha tido pressa pra chegar a escola... ainda nem sabia o que fazer, mais precisava fazer alguma coisa.

Chegou na facul sentou em uma das mesas da lanchonete que ficava no pátio de entrada e esperou...

Logo viu-a entrar, não pensou em nada, apenas agiu. Pegou a mochila, a jaqueta e foi ao seu encontro. Parou em sua frente e disse;

- precisamos conversar.

Ela só sorriu...

Pegou-a pelo braço e arrastou em direção a quadra. Sabia que nesse momento estaria vazia. Ela não apresentou resistência, seguiu-o.

***

Ane teve um sobressalto quando o viu sentado na lanchonete, mais abaixou a cabeça e disfarçou, nem percebeu quando ele levantou e seguiu em sua direção, até se assustou ao percebê-lo parado em sua frente.

Então o ouviu falar:

- precisamos conversar.

Apesar de imaginar que isso aconteceria, não achava que seria tão cedo.

Não queria pensar no que iria ouvir. Seguiu-o.

***

Quando chegaram a quadra, John empurrou-a para a parede, como que a impedir que ela fugisse. Prendeu-a com as mãos contra a parede. Olhou-a nos olhos, procurando vestígio da noite anterior e satisfeito, beijou-a novamente. Ela não resistiu.

Aos poucos foi se afastando. Olharam-se por um tempo.

Então ele quebrou o silencio:

- o que você fez???

- não fiz nada. Ane respondeu

Ele prosseguiu:

- porque não consigo parar de pensar em você, porque seu beijo é como um choque, porque meu coração bate tanto???

- não sei explicar, mais sei o que sinto e EU AMO VOCÊ.

John continuou:

- eu passei a noite acordado, o dia ansioso e o tempo todo pensando em você. Sinto uma enorme necessidade de você por favor fica comigo???

- e tudo que eu mais quero...

Foi tudo que ela conseguiu dizer e beijaram-se de novo.

***

Fazem uma semana que os dois não se desgrudam, por incrível que pareça John que nunca foi adepto de telefonemas, que sempre disse que não gostava de ser encontrado, ligava ou mandava um torpedo de meia em meia hora para Ane, só para ouvi-la ou dizer o que sentia.

Ane andava feliz como nunca. Todos percebiam, mesmo sem ela dizer uma só palavra. Só faltava andar saltando.

Ficavam juntos sempre que podiam. No intervalo, antes das aulas, algum tempo depois, e até no fim de semana anterior John havia ido a casa dela, tudo ia como tinha de ser...

Quem disse que não há amor a primeira vista, a segunda, a terceira, e depois de muitas outras???

Quem disse que persistir não compensa???

Então ... tudo vai bem quando termina bem... e que seja eterno enquanto tiver de ser.

midynigth
Enviado por midynigth em 19/05/2008
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