IMMORTALS - CAPITULO II

Zack ficou perplexo no chão por um momento.

A garota parecia ainda mais linda de perto.

Haviam sardas nas maçãs do rosto e seus olhos verdes reluzentes pareciam pedras preciosas. Seus rostos estavam uns 20 centímetros de distância.

— Dá para sair de cima de mim! — Reclamou ele.

— Ata! Foi mal. — Riu ela.

Enquanto a garota saia de cima dele Zack viu duas outras garotas do outro lado da rua. Eram garotas da sua escola. “Droga” Resmungou em pensamento. As meninas começaram a rir e saíram correndo. Os dois se levantaram. Zack limpou a sujeira da roupa enquanto a garota voltava para pegar sua mala. Ele observou a mala com certa curiosidade.

A mala tinha cerca de um metro de largura e oitenta centímetros de altura, parecia pesada demais para ela carregar, porém ela a levantou como se não pesasse nada.

— Você não sabe quanto tempo estive procurando por você. — Disse ela.

— E você seria? — Perguntei.

— Você logo vai saber. — Respondeu ela, misteriosamente. — Mas, antes de qualquer coisa, sabe onde fica essa rua — ela tirou um papel amassado do bolso da calça e me estendeu.

— É a duas quadras daqui. É só seguir essa rua. — Apontei para a rua da minha casa. Um arrepio me subiu a coluna e tive um mau pressentimento.

Ele se virou para falar com ela, mas ela já não estava lá. Olhou de volta para a direção que havia apontado e ela já estava a uns quinze metros de distância. ”Como ela fez isso? ” Ele se perguntou. Zack ficou observando-a ir. Ela andava com passos ligeiros. Provavelmente estava com pressa.

“Garota estranha” Pensou.

Ele ficou ali parado até perdê-la de vista, depois continuou andando até chegar na escola.

A escola estava praticamente vazia. Nenhum aluno tinha chegado. Haviam apenas os professores e alguns outros funcionários que se preparavam para mais um dia de trabalho. Zack gostava de chegar cedo por este motivo: não havia ninguém então ele podia aproveitar o silêncio. Ele entrou em sua sala, sentou em seu lugar, colocou os fones de ouvido e o capuz e ali ficou observando tudo enquanto escutava música.

As mesas da sala eram duplas, ou seja, duas pessoas sentavam em cada mesa, as cadeiras de metal estavam todas ajeitadas perfeitamente, a maioria em perfeito estado. A sala cheirava a giz, o que indicava que o quadro negro tinha sido apagado há pouco tempo. Zack passou o dedo na mesa e, como esperado, sem nenhuma sujeira.

Era a escola perfeita, perfeita para todos, menos para Zack. Naquele lugar as amizades só se formavam por padrão, padrão que ele não tinha. Todos o olhavam com estranheza, como se fosse a peça errada do quebra-cabeça. Ele estava naquela escola há três anos mesmo assim não tinha nenhum amigo, porém para ele isso não fazia falta. Era um dos melhores da turma. Não tinha com que se preocupar em relação as notas. Amigos? Ele se sentia melhor sozinho.

Os alunos começaram a chegar. Um por um eles foram sentando em seus lugares até encher a sala, porém o lugar ao seu lado continuava vazio. Os adolescentes conversavam sobre videogames, maquiagem e esportes, coisas que não interessavam a Zack. Ele tinha uma mente madura para sua idade, isso era um dos fatores para não se enturmar. O garoto gostava de se isolar e ficar pensando por horas.

O sinal tocou e a professora entrou na sala com passos tão lentos que parecia estar em slow motion. A professora era uma senhora de cabelos tão brancos que pareciam fios de papel. Ela usava o mesmo suéter em todos os dias desde que ele estava na escola.

— Bom dia, turma! — Disse a senhora com uma empolgação que Zack não achava motivo.

— Bom dia, Senhorita Mc’quill! — Responderam todos.

“Senhorita? ” Riu Zack “todos devem ser cegos nessa escola”

A idosa sentou em sua cadeira, colocou a bolsa em cima da mesa e começou a atirar seu material de trabalho. Livros, pastas, canetas, os óculos e a caixinha estranha que ela sempre trazia, mas nunca abria. A senhora sempre o observava desde que havia entrado na escola, o que aconteceu pouco depois dele chegar três anos atrás.

Zack pousou a cabeça em sua mesa, fechou os olhos e ficou escutando os detalhes sobre a aula.

— Queridos! — Começou a professora. — Nesse segundo semestre teremos algumas aulas mais praticas em relação a química e biologia, então o laboratório está liberado para nos nesse meio tempo.

Um grito de comemoração atrapalhou seu sono.

— Silencio pessoal, silencio! Sei que vocês queriam muito isso, porem devem tomar cuidado. Vamos mexer com produtos químicos, por isso se misturarem as substâncias erradas poderão causar acidentes. Entendido?

— Sim, Senhorita Mc’quill! — Responderam todos.

“ Ótimo, uma coisa difícil a mais para fazer sozinho” pensou ele.

Zack levantou a cabeça e viu a professora tentando ler alguma coisa num pedaço pequeno de papel. ” Ainda tem mais? ” Indignou-se. Ela ajeitava os óculos e trazia o papel para a frente e para traz, tentando identificar o que estava escrito.

— Parece que temos uma aluna nova! — Exclamou.

Zack semicerrou os olhos. ”Há algo de clichê nessa história”

— Sophia White? — Chamou a professora, porem ninguém respondeu.

No mesmo instante alguém bateu na porta. A professora abriu e deu de cara com o diretor, um homem de cabelos escuros e um cavanhaque peculiar.

Ele ajeitou os óculos redondos em seu rosto e cochichou algo no ouvido da professora. A senhora olhou para algum que devia estar ao lado do diretor e pareceu entender o recado.

— Com licença. Terei que me retirar. — Retirou-se o diretor

A professora se virou novamente a sala:

— Parece que a aluna nova chegou. Sophia, poder entrar. — Convidou a senhora.

A garota de cabelos vermelhos entrou, todos se encantaram com sua beleza. A sala que a poucos minutos estava cheia de conversas paralelas e cochichos agora se encontrava silencio.

— Obrigado por me receberem! — Ela agradeceu.

Zack posou o rosto sobre as mãos. ” De novo não” lamentou ele.

Kuro Omnyama
Enviado por Kuro Omnyama em 18/07/2018
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