Apartamente 13C, 6° andar

Joshua acordou numa cama estranha assustado, não sabia onde estava, só sabia que sentia uma forte dor de cabeça. Levantou meio tonto e foi até o corredor, branco, solitário e frio. Uma mulher de branco falou algo alto, mais pessoas de branco o arrastaram para o quarto de que saira, caiu na cama e acordou horas depois.

-Joshua? Ah, que bom que você acordou. Meu nome é Michael Silva, sou psicólogo daqui... Você me entende...? Ótimo. Você, bem, nós achamos que você caiu do sexto andar de um prédio a mais ou menos dois meses, desde então você esta em coma. A sua recuperação foi um tanto quanto incrível! É até difícil de acreditar que você siplesmente levantou e saiu andando.

-Eu não cai.

-Como? Você já pode...

-Eu não cai! Alguém me empurrô.

-É normal esse tipo de sensação pós-trauma. Agora vamos te dar alta, mas precisa vir aqui 3 vezes por semana para seções que vão te ajudara a superar este incidente.

-Não foi incidente!

-Bem... De qualquer forma isso não é um hotel. Suas roupas estão dentro do armário.

O médico saiu. Joshua levantou-se e pegou suas coisas. Apesar de suas pernas estarem moles e sua memória em pedaços, achou melhor sair logo dali.

Na rua, viu o pôr do Sol de dentro do ônibus. Uma moça japonesa de belos traços ficava fitando seu rosto cansado. Num piscar de olhos ela tinha desaparecido. Foi o último a descer. Chave 13C... Rua São Raphaël, bloco D.

Entrou no apartamento de 6° andar. Era apertado, tinha dois cômodos: 1 banheiro e uma sala-quarto-cozinha. Colocou o papel com a data das seções na geladeira e deitou no sofá. Ficou tentando lembrar do que acontecera. "Às vezes as pessoas voltam quando sentem falta quem amam, Josh."

-Voltam? Mas como voltam...? Da onde... Quem disse isso? ARGH! pense Josh, pense!

Sua cabeça latejou. Um álbum pesado caiu da estante, e depois mais dois livros voaram longe, as panelas tremelicaram na cozinha. O apartamento começou a girar, e flashes saiam de debaixo da porta do banheiro. Joshua correu para porta forçou o trinco, mas a porta não abriu. Sentou-se no chão, só queria chorar. A porta abriu de repente, e Joshua caiu do lado de fora. Os barulhos pararam subitamente.

-Hei cara?!?

Um moço loiro alto pegou-lhe pelos braços e ergueu seu corpo do chão.

-Cê tah legal? Lembra de mim, né?

-Yorran?

-Uhum. Vem, vô te fazer um café.

Joshua sentiu uma pontada forte quando a porta fechou-se atrás deles, Yorran estava já na cozinha e colocava alguma coisa no café. Serviu em duas xícaras grandes. Joshua tomou tudo num gole. Ficaram em silêncio por um tempo.

-Onde esta Josh?

-Onde esta o quê?

-Ora! Você não me engana! Onde estão as fotos de Ioko?

Joshua sentiu de novo aquela pontada, um turbilhão de imagens lhe veio a cabeça. A jovem japonesa do ônibus, bela nua em sua cama, depois num parque, dentro de um carro e em tantos outros lugares.

-Joshua, me ajuda Josh! Não de as fotos pra ele!

-Joshua me da as fotos!

-I...Ioko...Eu...Eu não sei onde...

-Sabe sim!

O álbum que caira a pouco se mexia no chão.

-Joshua!

-Porque você quer aquelas fotos?

-HÃN!? Elas me incriminam você sabe bem disso!

-Como assim?

-tsc,tsc,tsc! Bateu mesmo a cabeça com força, hãn?!? Vou refrescar a sua memória... Você chegou em casa cansado. Chamou pela Ioko. Ouviu um barulho no banheiro, viu flashes sendo disparados. Você entrou e lá estava eu em cima da sua amante. Sua vida esvaiu-se entre meus dedos apertados em sua garganta, enquanto uma Canyon fotografava tudo. Foi tão lindo! Agora nós podemos ser felizes juntos. Eu sei que você me ama, mas você lutou contra esses sentimentos aquela noite, e escorregou dos meus braços, enquanto segurava o filme da câmera. Quando cheguei lá o filme não estava mais em suas mãos. Onde ele está Josh?

Joshua pegou o café de yorran ainda intocado sobre a mesa e jogou no rosto do jovem loiro. Ele gritou de dor.

-EU NUNCA TE AMEI!

Joshua levantou-se meio tento do sofá, caiu no chão e arrastou-se até o álbum de fotos caido, quando o abriu viu fotos horríveis. De repente sentiu um peso sobre ele, virou-se e deu um soco com todo sua força no estomago de Yorran, mas pareceu não surtir efeito. Yorran segurou firme o pescoço de Joshua.

-Como não me am? Eu sempre te amei! Eu sempre cuidei de você, te ajudei! Eu sempre estive do seu lado!

Joshua tateava desesperado o chão e busca de algo. Seus dedos tocaram algo gelado e cilíndrico.

-Diga que me AMA! DIGA! Eu não quero te matar, mas eu tenho que...

-E...Eu...E-eu

Yorran parou de apertar seu pescoço para que pudesse ouvir, Joshua puxou o pé estante, ela caiu sobre os dois, acertando violentamente a nuca de Yorran. Joshua sentiu que havia quebrado algumas costelas. Deslizou de debaixo do corpo magro e inerte que agora sangrava. Pegou o álbum em suas mãos e apartou contra o corpo.

-Mas como foi que...?

-Eu o fz

O corpo de Ioko estava a sua frente.

-Ioko... Amor...

-Às vezes as pessoas voltam quando sentem falta de quem amam, Josh. Vem comigo?

-Vou.

Joshua deu a mão para Ioko, e para sua surpresa, sentiu que ela era de carne e ossos.

-Como...

-Nossos corpos morrem, prédios caem, papéis "importantes" queimam, empregos acabam...

-Mas amor... Dura pra sempre.

Joshua largou o álbum no chão, e pulou da janela abraçado com sua amada.

Na manhã seguinte, os jornais anunciavam o misterioso aparecimento da jovem que desaparecera à cerca de dois meses atrás, morta, morta num aparente duplo-suicídio abraçada com seu namorado.