O TESTAMENTO

O TESTAMENTO

Quando o telefone tocou, eu, jamais poderia imaginar que naquele momento, começava para mim, a mais louca e estranha aventura que eu poderia viver.

- Alô, quem fala? Perguntei.

- É o Doutor Francisco?

- Sim, eu mesmo! Quem está falando?

- Aqui é o Eduardo, mas, o senhor não me conhece.

- E qual, é o assunto?

- Olhe, doutor, é sobre um testamento, no qual o senhor é citado.

- Sou herdeiro? Seria bom se estivesse sendo agraciado com algum dinheiro. Pensei.

- Não, doutor, apenas precisa estar presente, é uma vontade de nosso avô.

- Que dia ele será aberto?

- Pretendemos abrir, logo que o senhor chegar.

- Então passe por aqui, em meu escritório e resolveremos isso ainda hoje.

- Não dá doutor, eu estou falando de outra cidade bem longe daí.

- E que cidade é?

- São Paulo

- Bem, neste caso vou ver como está minha agenda e depois retorno a ligação dizendo quando posso ir. Certo?

- Tudo bem, doutor, anote o número e não se preocupe, que iremos arcar com todas as suas despesas.

Anotei o número e depois de trocarmos ainda algumas palavras, desliguei, sem, contudo deixar de ficar preocupado com o fato, já que não me lembrava de ninguém, de idade avançada, que pudesse citar-me em um testamento.

Durante o resto do dia, quando me lembrava da conversa com meu interlocutor, eu procurava descobrir nos meandros do passado, alguém que pudesse ter conhecido e que agora, exigia a minha presença na abertura do testamento que fizera. Foi tal a surpresa, que até esqueci de perguntar o nome e a data do falecimento daquele que se dizia amigo. Mas, eu iria esperar e saberia quando lá chegasse.

Uma semana depois, desembarquei no aeroporto. Entre a multidão que aguardavam passageiros, havia um indivíduo que eu nunca vira antes, com um cartaz levantado, onde se lia a senha que havíamos combinado para o encontro. Vovô.

Aproximei-me do sujeito que me aguardava e sem demonstrar nenhum interesse, pude notar que ele estava bastante ansioso. Ao chegar perto dele, perguntei:

- Você é o Eduardo?

- Sim, senhor, é um enorme prazer conhecê-lo venha que o carro está estacionado logo ali.

Naquele momento senti-me em casa, já que grande parte da minha vida havia se passado naquela cidade.

Enquanto Eduardo dirigia, eu ia olhando-o discretamente, tentando identificá-lo ou mesmo achá-lo parecido com alguém que eu pudesse ter conhecido no passado. Mas, apesar de minucioso estudo, não o achei parecido com ninguém.

Quando chegamos à velha casa, que ficava situada em bairro nobre da cidade, eu sentia-me estranho, por estar ali para a leitura de um testamento de alguém que eu não conhecia. Apesar desse mal estar, fingi que tudo estava normal e não demonstrei meu estado de espírito a ninguém. A casa embora muito antiga, havia passado por várias reformas, sem, no entanto, fugir do estilo da década quando foi construída.

Segundo Eduardo, o testamento seria lido no período da tarde, quando estivessem reunidos todos os familiares e na presença do advogado que era responsável pela guarda do documento. Pelas informações que obtive o advogado, era sucessor do pai naquela incumbência, já que o testador havia exigido que a abertura somente ocorresse naquele ano. Todos os bens que ele deixara, havia sido gravado para evitar a partilha e venda antes do período estipulado no testamento. Em consequência disso, os filhos do testador já haviam falecido e somente netos e bisnetos iriam, agora, dividir a fortuna deixada pelo desaparecimento do avô.

Já passava das cinco horas da tarde, quando todos reunidos, aguardavam a presença do advogado responsável pela abertura e leitura do testamento. Quando este chegou, respiraram aliviados, como se temessem que ele não pudesse vir e prolongasse ainda mais a situação anômala, criada pelo avô.

Eduardo adiantou-se aos outros e ao receber o velho advogado que chegava, foi dizendo:

- Doutor, aqui está o homem, que vovô exigiu que estivesse aqui na abertura do testamento.

Depois de nos apresentarmos, ele exigiu que eu provasse minha identidade, mas, como era uma exigência do testador, cumpri, mesmo a contragosto.

Ele, depois de olhar os documentos que eu apresentei, disse:

- Desculpe colega, mas foi uma exigência que ele colocou em cláusula, quando fez o testamento com meu pai , já há muito tempo.

- Não tem importância. Respondi.

- Bem! Disse o advogado. Inicialmente de acordo com a vontade do testador, é necessário que derrubem aquela parede ali. Enquanto falava, apontava em direção a uma parede no fundo da sala, onde havia um trabalho de arte aplicada sobre ela.

A maioria dos presentes arregalou os olhos ante a exigência do advogado, mas, como sempre Eduardo adiantou-se e perguntou:

- Por que temos que destruir essa preciosidade, para leitura de um simples testamento?

- Segundo seu avô, atrás da parede há algo que deverá ser entregue a alguém, antes de qualquer leitura. Disse o advogado.

- Bem, se é necessário, façamos a vontade dele, mesmo que nos pareça tão estranha a exigência. Falou uma das netas.

Depois de alguns minutos de suor e muita poeira, conseguiram abrir um buraco na parede, que tinha sido construída e reforçada para evitar a derrubada dela antes do prazo previsto. Quando já havia um espaço aberto suficiente para passar uma pessoa, Eduardo entrou com uma lanterna e, momentos depois, saia trazendo nas mãos um pequeno baú de madeira, cuidadosamente feito para resistir ao tempo, que parecia estar hermeticamente fechado.

Depois de alguns minutos de expectativa e trabalho, conseguiram abrir o baú, que fora totalmente vedado para evitar, a entrada de cupins e a destruição do que havia dentro dele. Levantada a tampa, dentro deste, havia um enorme envelope de papel amarelado, totalmente encerado e plastificado e um pequeno saco de linho, também dentro de um saco plástico.

Minha língua estava coçando, eu tinha várias perguntas que desejava fazer, em razão do que eu achava estranho naquilo tudo, mas detive-me e esperei o desenrolar dos acontecimentos para perguntar na hora adequada.

Uma neta, que parecia ser a mais velha, adiantou-se e rasgou o saco plástico que protegia o pequeno saco de linho. Abriu o saco enfiou a mão neste e foi retirando dele, joias de rara beleza. O envelope, que se encontrava nas mãos do advogado, foi delicadamente aberto de forma que não prejudicasse qualquer documento que pudesse haver dentro dele, já que, segundo ele, poderia ter sido destruído pela ação do tempo.

Após abrir o envelope, o advogado retirou dele com todo o cuidado, um papel almaço meio amarelado. Olhou o cabeçalho e entregou-me, enquanto dizia:

- Doutor, este papel é para o senhor ler.

Peguei o papel e naquele instante, somente não caí, porque eu estava sentado, mas, meu coração acelerou-se tanto, que todos viram a minha mudança. Quando li o cabeçalho, exclamei:

- Isso, por acaso é alguma piada?

- Piada, como assim? Perguntou o advogado, responsável pela leitura do testamento.

Eu, que estava presente a leitura de um testamento, de pessoas que não conhecia e tinha visto todo um ritual até chegar aquele momento, mas, ao ver o papel em que estava escrito o meu nome com todas às letras, quase pirei. Junto à folha de papel almaço, havia um cartão de visitas que eu tinha mandado fazer, há mais de 30 anos.

Tentando recuperar a razão, que naquele momento parecia ter-se ido embora, diante de tantos absurdos, ainda consegui falar:

- Pessoal, por acaso podem dizer-me em ano o avô de vocês desapareceu?

Eduardo, que sempre se adiantava a todos, falou de forma direta e em poucas palavras:

- Segundo meu, pai, ele sumiu no ano de 1932.

- E, vocês querem que eu acredite que ele tenha colocado junto a esta folha de papel, meu cartão de visita nesta época? Olhem, em 1932 eu nem ainda havia nascido, por isso acho tudo isso muito estranho. E complementando a minha fala, argumentei: Será, que ninguém observou que naquela época, ainda não existia esse tipo de plástico? E mostrei à todos o material que revestia os objetos do baú.

O advogado que se mantivera calado, tomou a palavra e disse:

- Doutor, por que não lê o que está escrito no papel, talvez encontre a resposta para o problema que nos atormenta.

Eu quase havia esquecido que a folha de papel estava totalmente escrita à mão. Coloquei os óculos novamente e, então, comecei.

“Meu caro amigo Francisco, sei que vai achar estranho tudo o que irá ler e acontecer a partir deste dia, mas, este era o único meio que eu tinha de tentar mostrar àqueles que me julgaram, louco, quando afirmei tudo o que eu havia dito no meu tempo. Espero que consiga resgatar perante a sociedade o meu nome e ao mesmo tempo fazer meus descendentes entenderem, que tudo o que fiz foi necessário e o melhor, que poderia fazer naquelas circunstâncias e momento histórico. Quero que resgate meu nome, para que meus descendentes não sintam mais vergonha do que fiz”

Parei a leitura do documento e perguntei para que alguém pudesse responder-me:

- Pessoal, por acaso, alguém sabe o que o avô de vocês fez de tão ruim do qual possam envergonhar-se?

Quase todos quiseram falar ao mesmo tempo, mas, antes que qualquer um abrisse a boca, o advogado adiantou-se e disse:

- Podem deixar que eu explico. Quando em 1930, ele procurou meu pai, advogado recém-formado, para fazer este testamento, não disse muita coisa, mas, fez estas exigências que estamos cumprindo hoje. Dois anos depois, ele matou, sem nenhuma razão aparente, uma família inteira. Depois disso desapareceu e nunca mais foi visto. Os dois filhos, ainda jovens, foram cuidados por um parente da falecida mulher, até atingir a maioridade. O caso foi esquecido anos depois, já que não conseguiram encontrá-lo.

- Olhem, até aí eu posso entender, mas, como se explica o fato dele deixar esse baú lacrado, escondido por traz da parede e dentro dele um envelope com uma carta endereçada a mim, que ainda nem havia nascido naquela época? E, além disso, com o meu cartão de visita que mandei imprimir há mais de trinta anos?

- Olhe doutor, esperamos que o senhor nos esclareça ou dê um rumo á coisa para que também possamos entender.

- Eu, como, se nem mesmo conheci o avô de vocês? Isso é o maior de todos os absurdos de minha vida!

- Doutor, por que não continua a leitura, talvez consiga encontrar a chave, que o leve ao encontro do nosso avô, com o seu passado.

- Olhe jovem, embora eu já tenha passado dos sessenta anos, é mais que improvável que eu tenha me encontrado com o avô de vocês, a não ser que ele seja Matusalém.

Quase todos riram, exceto três bisnetos que ainda não sabiam o que significava o nome.

Peguei novamente a folha de papel e reiniciei a leitura. “Depois de nosso encontro, quando estive em seu escritório e após conversar com o senhor, eu sabia que estava diante de alguém, que poderia um dia, responder as perguntas que seriam feitas, pela atitude que eu iria tomar no momento que resolvi livrar a sociedade de seres tão nefastos”

Parei novamente a leitura, solicitei um copo com água e enquanto ingeria o líquido, tentava buscar no passado, nos meus primeiros anos de formado, a figura de algum ancião que eu pudesse ter-lhe dado meu cartão de visitas. Mesmo com todo esforço, não me lembrei de nenhum. Tudo continuava sendo um grande absurdo, então resolvi reiniciar novamente a leitura. “Sei que aos olhos da sociedade, meu ato, será considerado totalmente absurdo e próprio de algum doente ou sádico. Mas, vendo o que eu vi, e sabendo o que eu sei, não poderia ter seguido outro caminho. Eu tinha que quebrar aquele elo da corrente, para que, no futuro males maiores não ocorressem. Sei que parece absurdo, mas, essa era minha missão na Terra, por isso fiz, o que fiz. Um dia, talvez seja reconhecido o grande bem que fiz à humanidade. Minha fuga foi necessária, eu não conseguiria convencer uma sociedade retrógrada de que, o que meu ato, era o mais acertado. Eles, nunca iriam concordar comigo e, logo eu seria morto. Fiz questão de colocar o seu nome entre os que deveriam estar presentes, por saber que é um homem de pensamento aberto e que logo vai entender o que realmente aconteceu e de como nos conhecemos. Agradeço sua colaboração e por favor aguarde até o fim da leitura do testamento. Até breve ”. Aquele até breve, mexeu comigo.

Quando acabei de ler, uma pequena luz acendeu-se dentro de uma recordação do passado. Um jovem havia me procurado alegando a necessidade de emprego e durante a conversa que mantivemos, falamos de vários assuntos e entre estes, havíamos abordado a possibilidade de podermos viajar do passado para o futuro e vice-versa. Mesmo havendo-me lembrado desse fato, eu não poderia nem deveria colocar seus descendentes em choque, por isso, fiquei calado com os meus pensamentos, aguardando a hora certa de falar sobre o assunto com eles.

Enquanto eles olhavam-me de forma abobalhada, esperando de mim uma resposta, eu, fingindo nada ter-me lembrado, balancei a cabeça em sinal negativo e disse:

- Olha, ainda nada sei, por isso acho melhor, continuarmos e irmos direto à leitura do testamento, pois esta parece ter sido a vontade do avô de vocês.

O advogado, responsável pela guarda e leitura do precioso documento, sentou-se numa das cadeiras que estava em volta da enorme mesa e iniciou a leitura do documento e, assim foi, até o final. Não havia grandes novidades no documento, porquanto, ele, somente tratava da divisão dos herdeiros, de uma forma inteligente e equitativa. Até parecia que ele conhecia cada um dos membros que estavam reunidos e quantos seriam.

No final da leitura, ele havia deixado um recado aos herdeiros de forma contundente, que para mim, servia de incentivo. Ele dizia com todas as letras:

“Paguem as despesas do doutor e deem-lhe, ainda, uma quantia razoável, pois ele ajudou-me muito quando eu mais precisei” e, no final acrescentou; “acreditem, ele irá tornar tudo claro para vocês”.

Encerrada a leitura, foi servido o jantar, pois já passava das oito e, depois de mais algum tempo em companhia da família, fui para o hotel, embora, eles fizessem questão de que eu ficasse como hospede.

No hotel depois do reconfortante banho, deitei-me e logo adormeci e só acordei no outro dia, quando já passava das oito horas, com o insistente chamado do interfone.

- Alô, o que deseja, para acordar-me tão cedo? Perguntei.

- Aqui é da portaria, tem um jovem que deseja falar-lhe, e diz que é muito importante e urgente.

- Ele disse do que se trata?

- Senhor, ele não quis adiantar quase nada, só disse que é sobre um testamento.

- Está bem, daqui a alguns minutos eu desço e converso com ele. Deve ser um dos herdeiros, pensei.

Após o banho matinal, vesti-me e desci, dirigindo-me à portaria do hotel, para falar com o atendente, e o interpelei:

- Onde está a pessoa que quer falar-me?

Ele, apontando para uma mesa no enorme salão, disse-me:

- Senhor, é aquele na terceira mesa depois daquela pilastra, o de casaco azul.

Agradeci e fui direto ao local onde o visitante me aguardava. Este, quando me viu aproximar-se se levantou e ao cumprimentar-me falou:

- Obrigado doutor, por vir ao chamado dos meninos.

- Espere, quem é você afinal?

- Não se lembra de mim?

- Sim, parece que o conheço, mas isso não pode ser possível, pois ainda parece ter a mesma idade de quando o vi já há mais de trinta anos. E complementei: O tempo não passa para você?

- Sim, também passa, mas eu passo por ele.

- Como, não entendi?

- Doutor, lembra-se de quando eu o visitei e disse estar precisando de emprego?

- Sim, lembro-me e daí?

- Em termos temporais, para mim isso pode ter sido ontem ou hoje mesmo, embora para o senhor possa haver passado mais de trinta anos de sua vida.

- Acho que estou começando a entender.

- Pois é, eu falei com o senhor naquele espaço/tempo já faz décadas, mas depois daquele dia já vim para cá neste tempo, a fim de terminar o que iniciei nestas viagens.

- Explique-se, melhor para que eu possa entender.

- Entre o dia que falei com o senhor e agora, no meu tempo, apenas um dia se passou, por isso estou aqui para dizer-lhe e explicar-lhe das razões de tanto mistério entre minha vida e meu futuro. Eu não sou deste mundo, apenas transito nele, em épocas diferentes, para corrigir os erros que possam ser cometidos pelos “seres não humanos”.

- Seres não humanos?

- Sim, no início do século vinte, houve uma ruptura do espaço intertemporal na quarta dimensão.

- Meu caro, explique-se, já que ainda não entendi nada.

- Bem, devido essa ruptura, seres de outro sistema em seus aspectos não físicos, entraram na dimensão do seu mundo, ou seja, da Terra.

- E, daí?

- Aqueles que entraram na dimensão da Terra, estão conseguindo usurpar corpos dos terráqueos quando estes nascem e com isso estão provocando os maiores desastres, tanto no Planeta como em seus habitantes.

- E o que você tem a ver com isso?

-Eu e alguns milhares, de nosso mundo, recebemos a missão de tirar esses seres deste sistema e levá-los de volta à sua origem. Quando alguns resistem, somos obrigados a eliminar o físico que ocupam, então fica mais fácil levá-los. Foi o que aconteceu comigo no início dos anos trinta.

- Como vocês identificam esses “extraterrestres?”

- Através do aura deles.

- E de que cor é ela?

- Totalmente negra. Eles não conseguem mudar este aspecto quando ocupam o físico de um terráqueo.

- Se você diz que não é da Terra e seus descendentes e herdeiros?

- Eles são, eu os adotei, embora eles não saibam e espero que não lhes conte nada disso, para evitar-lhes dissabores.

- E que devo eu fazer?

- Diga-lhes o que achar melhor, menos que eles não são meus netos, senão poderão questionar e querer saber quem foram seus antepassados. Além de tudo, poderão achar que o senhor está louco, por contar-lhes uma história tão absurda.

- E porque me escolheu para essa missão de convencer “ seus netos” e ao mesmo tempo resgatar o seu nome?

- Por conhecer o seu passado e o seu futuro e entender o seu modo de ver e encarar o mundo onde vocês vivem.

- Agradeço, embora não seja mais honesto ou sábio que outros tantos que há por aí.

- Sim, eu sei, mas existem outros fatores que levamos em conta.

- Levamos em conta?

- Como já lhe disse, não sou eu apenas quem faz o “trabalho sujo”, dentro desta humanidade tão atrasada.

- Por que usou o termo trabalho sujo?

- A nossa obrigação é livrar a Terra dos elementos que nascem e que poderão causar maiores males ao Planeta no futuro. Quando descobrimos um destes, o eliminamos. Algumas Crianças e adultos que desaparecem todos os dias, no mundo todo, são esses seres que tiramos de circulação para que não gerem maiores danos à sociedade e ao Planeta.

- Mas, espere, existem vários criminosos que cometem atrocidades por aí e mesmo assim continuam vivos e não desaparecem.

- Meu caro amigo, estes aí, perto destes que excluímos da vida terrestre, são verdadeiros anjos.

Quando ele falou “verdadeiros anjos”, arrepiei-me em pensar que os maiores assassinos que vemos todos os dias nos noticiários de jornais e mesmo nas telas de televisão são considerados anjos, perto dos outros. Afinal que poderiam eles fazer de pior?

Ele, que pareceu adivinhar meu pensamento disse:

-Nem queira saber, estamos tentando poupar vocês desses horrores, embora de vez em quando, algum deles consiga realizar o seu intento. Quando isso acontece, nós o eliminamos, ou o induzimos ao suicídio.

- Ufa! Você conseguiu assustar-me.

Conversamos ainda por algum tempo sobre a missão em que eles estavam empenhados. Minutos depois, ele despediu-se dizendo que voltaria e depois foi direto ao banheiro. Após alguns minutos o segui, mas, quando entrei no pequeno recinto, não havia ninguém. Ele havia-se, ido.

Depois do café recheado de informações e emoções, fui até a residência onde estivera no dia anterior. Lá, teria a missão de tentar convencer a todos, do que nem mesmo eu ainda estava totalmente convencido.

16-04-09-VEM

Vanderleis Maia
Enviado por Vanderleis Maia em 29/04/2009
Reeditado em 21/04/2014
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