O PEDREIRO E A PIANISTA

Após o cair da noite, Brun Smith se dirige a região portuária da cidade baixa. Tirou a gravata. Pasta com documentos e a mala ficaram no hotel. Brun Smith se dirigiu a parte do porto onde se localizava algumas jangadas que faziam travessias populares a preço barato.

Observou por um instante e so tinhas uma. Uma que ele não reconhecia o jangadeiro.

Ao se aproximar a iluminação era feita por um lampião escorado num pedaço de madeira. E o Jangadeiro parecia um tanto distante. Estava de costas e de frente para o mar. Usava um roupão surrado cinza e ostentava um chapéu da bruxa cinza surrado.

- Ilha do Diabo, por favor. - Disse Brun Smith se acomodando na jangada. O jangadeiro nem virou o rosto para o sujeito.

- Parece ser um caminho perigoso para um jovem. Disse sem mesmo olhar para trás e continuava a contemplar a beleza das estrelas e do mar.

- Eu não tenho o que temer. - Falou arremessando um chip de 50 reais.bt em direção ao jangadeiro e continuava a fuçar no celular. Passou algumas vezes a mão da testa a nuca. Provavelmente a Ilha do Diabo, uma região de prostíbulo e abuso de drogas serviria de descanso após stress serviçal

- Por aqui anda uma tumba de ladrões que se passam por jangadeiro e quando estão na metade do caminham assaltam e matam as pessoas arremessando o corpo no mar. - Olhou para o jovem, porem ele se mantinha concentrado no celular. Parecia trocar informações com alguém.

- Eu já te disse, não tenho o que temer. - Levantou a camisa e mostrou uma pistola ponto 40 a lazer e chumbo.

- Mesmo assim tome cuidado a caminhos que só levam a perdição.

- Eu estou com um pouco de pressa, se não se importa. Poderia iniciar a travessia? Chegando lá te dou mais 50 reais.bt, certo? Assim você pode chegar na ilha e beber todas.

- Eu não bebo meu jovem- Pensou um pouco. - Seja como quiser.

Após a conversa direta começou a remar em direção da Ilha da perdição ou a famosa ilha do diabo. Um local onde se realizam algumas festas e onde se vendia gente humana. Vários outros tipos de comércios ilegais também se realizam la e os pagamentos eram feito a moda antiga por cédulas ou a troca de bens. Até mesmo a venda de crianças para exploração, drogas, documentos sigilosos, armas de grosso calibre, informações secretas etc.

No decorrer da passagem, o jovem permaneceu em silencio. Hora apenas deitava e olhava as estrelas e rapidamente teclava algo no celular e repousava. Alto, de porte forte, ombros largos, usava um social, aparentava ter usado aquela roupa o dia inteiro. Qualquer um que fosse a Ilha do diabo sem tomar banho ou sem estar arrumado, deveria ter muito conhecimento da Ilha e ter um bom hotel. Pois a grande parte dos que se metiam na ilha entravam em hotéis ´`fachadas´´ e acabavam sendo roubados, mutilados e perdendo a identidade e tendo o olho digital arrancado. Pois também se realizava a venda de documentos e olhos digitais seja falso ou roubados.

Quando Brun Smith, percebeu que a jangada parou, isso na metade do caminho. Olhou atentamente no Jangadeiro. Era a primeira vez que via algo assim. Arregalou os olhos e sorriu. A iluminação do lampião batia no rosto do jangadeiro. Tinha uma barba longa que batia no peito porem azul.

- Ela é azul mesmo?

- Se estiver falando da minha barba é sim. Mas não nasceu assim, foi necessário num momento e depois desse momento, resolvi deixar assim.

- Muito da hora! - Olhos brilhavam

- Mais meu filho, não tem certeza de que deseja voltar? Você deve ter um assunto sério para resolver certo?

- Você é um velho bem vivido! Como presume que tenho algo importante a resolver.

- Você parece-me bem atribulado. E a ilha do Diabo não vai-lhe dar solução!

- Precisamente. Nada pode me ajudar! Lutar contra um dos maiores cérebros do crime, não é nada fácil. Sou detetive particular e estou como se pode dizer num beco sem saída. Fui contratado para provar que um sujeito matou uma pessoa. Na verdade, o sujeito tenho certeza que é o assassino. Porem estou perdido!

- Percebe-se. Mais tudo na vida que seja contra as forças do mal há de ter uma solução. O Bem sempre vence o mal.

- Fácil falar! No meu ramo de atuação percebo que não é bem assim. Os psicopatas se saem muito bem cometendo crimes praticamente perfeitos. Sei não...

- Hum, isso me lembra um caso! Aconteceu a bastante tempo, na verdade a 700 anos atrás. Por volta do início do milênio... por volta de 2017. Gostaria de ouvir essa história? - Perguntou acendendo um cigarro e guardando os remos na jangada.

- Acredite! Estou muito ansioso por isso. - O jovem se desconectou do celular, desligou o olho biônico. O pessoal da área da investigação sabia ser necessário desligar o olho biônico, pois todos os registros iam para a grande central.

- O caso que vou te contar se chama: O pedreiro e a pianista...

O Pedreiro E A Pianista

Ouve-se sendo tocada a Marcha Fúnebre de Frederic Chopin, dedos leves. A mão que conduz a música está revestida de uma luva de segurança preta: Modelo confeccionado externamente com face palmar em vaqueta e dorso em malha elástica, aplicação de polímero vibrasom internamente na face palmar em três partes. Suporte de punho com elástico e ajuste em velcro.

Cris Bela é quem toca o piano, usa um chapeuzinho preto e justo e um véu escuro que lhe cobre a maior parte do delicado rosto. Sua estatura é baixa e de rosto com traços delicados. Os olhos pretos e atentos expõem-se certa vivacidade. Conduz a música hábil mente, desmascarando cada nota musical e fazendo-as se soltar pelo cair da tarde. Sempre no mesmo horário, especificamente das 17 às 22 horas. A mesma música o mesmo horário, começou a seguir essa rotina há 1 mês os vizinhos notaram. Sem interrupções até o presente momento, quando alguém bate à porta.

- Cris Bela, preciso esclarecer alguns pontos. - Disse o investigador da delegacia local. Trajado em um belo terno social.

- Hum, a seu dispor Sr.- Diz Cris Bela fazendo descer a tampa do teclado do piano. - Devo imaginar que se tratar do homicídio do meu ex-namorado, farei todo o possível para esclarecer e se chegar ao culpado.

- Acredito eu, que estamos quase a descobrir o verdadeiro culpado.

- Obviamente! Suponho eu, ser a esposa de Johnny. -Disse passando os dedos magros sobre o que parece ser uma lágrima. - Mesmo vindo átona saber que meu ex-namorado se envolveu com uma mulher casada e pior a mulher de um amigo. Ainda assim lamento muito.

O investigador Adrian Smith, olha fixamente no olhar dela. Mas recua senti que precisa ser cauteloso e extrair da situação provas suficientes para ter um mandato de busca sobre o verdadeiro culpado do assassinato do Professor de Português Charles.

- Devido às circunstanciais do assassinato, fica muito claro e evidente que no período das 18h30min às 19h40min, alguém entrou na casa do seu Ex, deu um tiro à queima roupa e matou ele. As 19h40min chega Florinda e se depara com Charles estirado no chão.

- Segundo essa lógica... parece-me que o senhor foge a verdadeira culpada. - Disse Bela reclinando a cabeça sobre um lenço, para limpar as lágrimas.

- Acontece que Florinda se declara inocente. - Disse sério- é meu dever como investigador pesquisar a fundo essa situação. Concorda comigo que você teria um bom motivo para matá-lo?

- Sim. - Respondeu seria

- Você foi traída e pouca mulheres sobre o mundo, agiriam da forma que você age, ou seja, tendo compaixão da vítima...

- Talvez ele recebesse o que mereceu! - Disse olhando firmemente para Adrian Smith. - Contudo eu apenas lamento, o que posso eu fazer? Lamentos.

- Concordo. Você sempre toca piano nesse horário?

- Sim, eventualmente todos os dias. Eu estou treinando para o BNDES eu vou disputar. Na verdade, nem me sobrava tempo para dar atenção ao Charles e no fundo me sinto um tanto culpada pelo que ocorreu... talvez se eu dessa mais atenção quem sabe não flertasse a mulher do seu melhor amigo.

- Só se sente culpada por esse fato? Aliás há um 1 mês você mudou seu horário de treino para a noite. Por qual razão fez essa mudança repentinamente.

- A sua primeira pergunta com todo respeito insinua o que? Insinua-se que eu possa ter de alguma forma algum tipo de envolvimento no homicídio do meu ex. Este totalmente enganado...

- Você não poderia ser a assassina concorda comigo? - Disse o Investigador se esticando para frente dela. Magro e de estatura elevada nariz aquilino o jovem Adrian Smith assombra a pequena Cris Bela.

- Obviamente que não, pois eu estava treinando quinta-feira passada. - Disse olhando para a vidraça do apartamento. O investigador conferiu no tablet.

- Sim, consta o depoimento de 3 dos seus vizinhos. Um morador do mesmo prédio. E outros dois creio eu, do prédio da frente. Disse relançando o olhar sobre a vidraça aberta, mas as cortinas estavam soltas ao vento.

- Foi muito inteligente de sua parte, acho que faz parte encontrar um assassino pelo motivo e a pessoa mais próxima seria eu. Mas, não o fiz, o próprio destino se acarretou disso.

- Eu não diria ser esse assassinato obra do destino!

- Por qual razão? - Seria e com o olhar fixo sobre o dele.

- Isso não é de suma importante agora. Eu volto a te perguntar, por qual razão mudou o horário do seu treino?

Ela oscilou o olhar por um instante e balbuciou algumas palavras. Por fim, recompor-se.

- Acontece que tenho aversão a certos tipos de sons. - Disse firme. Pois com de fato menosprezava certos ruídos. Atrapalhava sua concentração.

- Me conte mais sobre isso? -Indagou o Investigador cruzando os dedos e repousando o queixo sobre.

- Não vejo razão da qual tal informação pode ajudar a capturar a assassina. Acredito que o senhor deveria estar sobre a Florinda, pois muito bem ela pode estar fugindo agora.

- Creio que não o fará, está bem escoltada! -Falou pensativo- Mas vamos La me conte um pouco mais sobre seu pensamento sobre ruídos. Você considera certos ruídos insuportável creio eu...

- Sem sombra de dúvida. Eu passei por um curso superior de música, aliás na mesma faculdade onde conheci Charles. A música perfeita requer concentração e qualquer som externo pode atrapalhar...

- Como um pedreiro trabalhando, por exemplo? - Sugeriu

- Precisamente. Na minha classificação, nada pior! Acredito que pode fazer se perder uma música perfeita ao ruído de uma obra...

- Se não me engano! O apartamento do lado está em obras?

- Sim, alguém o comprou recentemente, cerca de 2 meses acredito e contratou uma empresa de manutenção residencial...

- Da qual a senhorita fez uma reclamação. - Conferiu no tablet. - E solicitou a troca do pedreiro alegando que o mesmo a incomodava durante o dia e era muito barulhento.

- Sim..., Mas! Que diabos isso importa! – Soltou, deixando transparecer certa irritação com aquela conversa.

- Importa. Bom, o fato é que a empresa não fez a troca do funcionário. Deixando o Sr. Mario, o pedreiro na obra. Até mesmo dormia na obra... E...

- Não me importa a porcaria de vida de um pedreiro. - Disse irritadíssima. Por um instante contraiu a mão deixando pulsar uma veia no pescoço. Nada parecia escapar ao hábil Investigador e só precisa dar a última cartada.

- Depois que a empresa, não fez a troca de funcionário. Diga-me senhorita Bela, qual foi sua atitude.

- Nenhuma. - Respondeu seca. - O Investigador passou a mão no rosto liso e desceu o olhar sobre o chão, coçou o queixo largo. Parecia perdido. Ou quase.

- Na verdade, eu falei com o próprio pedreiro..., mas... não vejo ainda que importância isso deve ter. -Ela lembrou-se de ter um dia encontrado com o pedreiro no elevador, baixo e gordo e um bigode horrível. Com certo escárnio desferiu algumas palavras ofensivas e reclamou da barulheira.

- Hum, perfeito. Assim como uma música perfeita. Parece que tudo venho a calhar e lhe foi propicio!

- Do que está falando? -Ela o encarava e ele falava mais para si do que para ela mesma.

- Acontece que sua situação com esse relato fica complicada. Naturalmente, Florinda seria culpada. Ela alegou que o Charles ligou dizendo que tinha um assunto importante para tratar com ela e pediu para ela ir a sua casa. Quando chegou por volta das 19h40min o Charles já estava assassinado. Evidentemente nesse mesmo horário na quinta-feira passada, você estaria aqui tocando A Marcha Fúnebre correto?

- Correto. - Respondeu seca.

- Acontece que até dois dias atrás, estávamos todos convencidos de que Florinda tinha assassinado o amante. A marca da impressão de Florinda na arma, porem ela disse nunca ter tocado numa arma. Como poderia se tinha a impressão digital dela La, exames não mostraram resíduos de pólvora na mão dela. Porem só impressão digital já seria o suficiente. Mas ela pensou bem e disse que quando saiu de casal com você, Charles e o Johnny num restaurante. No toalete você puxou um assunto sobre assaltos. As duas estavam penteando o cabelo, e você contestava que a melhor forma de se defender de um assalto é com uma arma de fogo e Florinda que usaria um spray de pimenta.

Você abriu a bolsa e mostrou uma 32 de cabo preto. Ela se assustou e você disse pode pegar é de verdade ela se assustou, mas mesmo assim pegou na arma e depois te deu. E segundo alguns garçons do mesmo restaurante você usava luvas. E aqui nos relatórios alegou usar luvas quase o tempo todo por causa do esforço no piano. Como está de luva agora, mas diferente da que usei no dia do restaurante pela razão eu conferi isso ontem e tenho as declarações dos garçons de que você usava uma luva que cobria todos os dedos.

- Isso é muito irritante de sua parte! Deveria fazer seu serviço com dignidade! E interrogar a maldita da Florinda

- Para com isso! Você está numa situação muito difícil! Veja bem, se não fosse o relato de suas atitudes com o pedreiro. Talvez, você não seria presa pelo homicídio. Acontece que você tratou mal o pedreiro no elevador e ele nos procurou quando soube do caso que foi notícia num jornal de grande circulação. Mas não para relatar seu modo trivial de tratá-lo no elevador. Ele nos relatou que após isso, como dormia no apartamento do lado do seu. Passou a sentir certo desejo obsessivo por você. Coisa muito séria também! Mas leve diante do seu plano.

Ele se aproveitou da situação e com a furadeira fez um pequeno buraco na parede. Para te observar...

- Credo! Que horror- Gritou de susto!

- Notei que você comprou lenços umedecidos, provavelmente depois de ele furar a parede o pó fez você ter uma alergia. Pois consta num dos depoimentos dos vizinhos que já fazia uns 15 dias que você espirrava constantemente.

- Você tem que prender esse pedreiro maldito!

- Sim ele invadiu sua privacidade, porem isso nos venho a ser útil e agradeço muito que tudo decorreu assim! Se não fosse assim. Talvez a pobre Florinda mesmo sendo adultera e tudo mais, não merecia pagar a um crime que não cometeu! Acontece que ele passou a te observar sempre após os expedientes. Entre as 18h11min e as 22h00min quando se retirava para dormir.

Na quinta passada, O pedreiro Mario no relatou que você ao invés de tocar o piano como sempre fazia. No lugar colocou um cd e adequou o som a igualar como se alguém tocasse. Abaixou a iluminação e puxou bem as cortinas. Colocou um boneco no seu lugar. Quem olhava de fora, dava a impressão de ter alguém no piano.

-Parece que por causa de um pedreiro sua casa caiu? Não acha isso meio contraditório? - Disse tranquilamente o inspetor lançando sua última cartada a fim de obter a confissão. Buscar o impulso dentro dela.

- Sim, sim e sim! - Gritou. - Ele me traiu! Com a mulher de seu melhor amigo! E você acha que devia passar em branco? Eu estava disposta a fazer tudo pelo canalha! Tudo mesmo! Eu tinha até deixado meus sonhos de lado por causa dele!