O Colégio

O colégio.

Uma escola renomada, alunos credenciados para cursar as melhores universidades do país, assim era a imagem do colégio Sagrado Coração de Jesus, uma escola católica de métodos modernos, onde a religião não o primeiro requisito.

Com mais de cem anos de tradição, várias famílias mandavam seus filhos por várias gerações, sendo gerido por freiras, mas com professores não necessariamente tendo de ser do clérigo.

O ambiente estudantil era composto por um prédio não muito alto, pintado de rosa claro, com estruturas antigas, salas amplas pintadas de branco, com vastos corredores com chão de mármore, era notório o lado rústico e antigo do colégio, mas ainda assim ele tentava se manter ambientado na década atual, na modernidade.

Os alunos tinham os intervalos juntos, o dito recreio, e por muito tempo não se precisou mais do que um inspetor para tomar conta de mais de duzentas crianças.

Estamos em maio, começo do segundo bimestre, as primeiras provas devem começar no começo do mês que vem.

A anormalidade.

Por ser um colégio católico, continha várias imagens de santos espalhadas pelos corredores do recinto escolar. Certa manhã a escola amanheceu sem as imagens, as estátuas estavam trocadas, as câmeras de vídeo nada gravaram de anormal.

Os alunos acharam que era apenas uma mudança na decoração, as freiras acharam que era obra de algum aluno engraçadinho. No final ninguém realmente sabia o que havia acontecido.

Para mais surpresa, uma menina foi para a direção reclamando de ter visto algo estranho no banheiro, que não sabia explicar o que era, apenas que a observava.

O dia se seguiu sem mais acontecimentos estranhos, na manhã seguinte a menina que havia feito a reclamação não foi à aula. Uma nova reclamação sobre o mesmo fenômeno, novamente no banheiro feminino, desta vez a menina gritou e desmaiou, as amigas a socorreram.

Estava parecendo brincadeira dos garotos, que já estavam sob forte observação, principalmente os que já tinham fama por serem da turma da bagunça.

Na terceira manhã, uma menina saiu correndo do banheiro feminino, dizendo ter sido atrapalhada por uma silhueta que a observava, chegando a tocar seu ombro enquanto lava as mãos, as alunas já estavam em pânico, todas que viam não voltavam ao colégio, os pais já estavam preocupados, algumas crianças começaram a faltar as aulas com medo. As garotas não iam mais ao banheiro, não apenas um banheiro específico, mas os fatos ocorreram em banheiros diversos.

As freiras, professores, e até mesmo alguns pais de alunas estava achando que não passava de uma brincadeira sem graça dos meninos, querendo assustas as colegas, pois os fatos apenas aconteciam no banheiro feminino. Ora! como seria possível um menino, adolescente criar tanto pênico num colégio inteiro, essas coisas de fantasmas não existem.

Aquelas histórias de “loira do banheiro” que as crianças do passado faziam não passava de pura ficção, nunca foi verdade, hoje parece que a brincadeira mudou.

Na quarta manhã, o colégio estava parecendo período de provas finais de tão vazio, durante a aula de história, a sala era grande, em cima do quadro negro havia a imagem de uma santa, Nossa Senhora do Sagrado Coração de Jesus, a mesma que dava nome a escola, a aula estava no meio para o final quando uma ventania invadiu a sala e a santa caiu do altar onde se encontrava.

Os alunos estavam completamente em pânico, não conseguiam nem correr, o professor estava em pé, fixo, com o olhar petrificado, uma reação “saiam”.

Um padre foi chamado para poder benzer a escola, a essa altura já não acreditavam se tratar de apenas uma brincadeira de jovens, o colégio passava por momentos de tensão sobrenatural.

Os alunos foram liberados, os professores fizeram uma reunião de emergência, iriam decidir se a escola ficaria fechada pelo período que fosse preciso para que se resolvesse o mistério.

O primeiro sumiço

Ninguém havia percebido, mas no dia em que a santa caiu na sala de aula, uma aluna desapareceu. Seu pai foi ao colégio após constatar o atraso da menina em chegar em casa, sem saber que a mesma supostamente foi liberada mais cedo, nem mesmo sabia do ocorrido. Agora ninguém mais sabia o que fazer, até então era apenas “aparições” de banheiro, hoje alguém havia sumido, e ninguém a via após o problema da sala.

O professor de história foi chamado a sala da direção, junto com a pauta da turma, ela respondeu a chamada de presença, e ninguém a viu saindo junto com os outros alunos.

No quinto dia não teve aula, e assim por diante, até que os problemas diminuíram.

Tendo as férias escolares tendo sido adiantadas, era tempo de voltar as aulas, alguns alunos trocaram de colégio, mas a maioria continuou sem mudar de recinto estudantil.

Assim que as aulas voltaram, junto voltou o receio, o medo e o pânico após um dos alunos, sair correndo do banheiro masculino no primeiro andar, o mal estava de volta ao ambiente, novamente estava acontecendo, os alunos foram novamente liberados, mas apenas naquele dia.

na manhã seguinte, o colégio havia contatado a polícia que estava agora investigando o caso, de modo que manteve um guarda em um banheiro feminino e masculino de cada andar, mantendo os outros fechados, pois assim seria mais fácil o controle.

No feminino a Soldado Garcia estava sentada numa cadeira de frente para a pia, quando o espelho começou a ficar embaçado, e nele aparecer a mensagem “saia agora ou nunca mais!”. Não foi preciso mais do que três segundos, a agente já estava no corredor solicitando a presença de outros policiais, não havia nenhuma menina no banheiro naquele momento, a mensagem ainda estava no espelho.

A diretora não queria falar sobre o assunto deixando que os subordinados resolvessem com a polícia, a mesma era contra o envolvimento policial, achava que o conselho do colégio poderia resolver internamente, mas a pressão dos pais já estava demais, era preciso uma atitude para acalmar os ânimos.

Os alunos que estavam em suas salas, foram mantidos nelas durante o recreio, para evitar mais problemas, um aluno insistiu para ir ao banheiro, afirmando estar muito apertado, foi permitido desde que um policial o acompanhasse para qualquer emergência. Dentro da cabine tudo estava normal, o policial pedia para o menino andar mais rápido com suas necessidades, o mesmo respondia que estava acabando, ao sair do cubículo percebeu que o mesmo guarda não estava mais com ele, uma mensagem no espelho “sangue”. Um silêncio, um grito.

O guarda estava desaparecido, ninguém o achava e o garoto não sabia o que havia acontecido, estava de porta fechada enquanto usava o banheiro. Novamente todos estavam assustados, não era apenas as crianças que sofriam com esse mal que estava acontecendo no dia a dia do colégio.

Brincadeira de criança

Ora, foi-se o tempo que brincar com a loira do banheiro era divertido, as três descargas, três palavrões, chutes fortes no vaso ou fosse qualquer o ritual utilizado para invocar a maria sangrenta. Hoje as pessoas estão mesmo assustadas, com medo de algo que não conhecem e que remetem a uma lenda urbana que não era nada além de uma jogo para amedrontar as crianças.

Os banheiros estavam proibidos, a polícia estava fazendo buscas mais apuradas, as freiras estavam junto ao altar em suas rezas, por vezes passavam benzendo os corredores, os professores queriam a dispensa de seus contratos de trabalho, coisa que não foi aceito, ora não era para tanto, devia haver uma explicação plausível para tais acontecimentos.

Na manhã seguinte os corredores amanheceram com uma névoa, a diretora estava sumida, não estava em seu quarto, nem rezando, não apareceu para o café da manhã. No jardim interno do colégio acharam um pé das sandálias da freira superior, mas nada da pessoa ser encontrada, será que havia desaparecido também?!

No terceiro andar uma água começou a sair por baixo da porta do banheiro que estava trancado, como se algo tivesse entupido na pia e estivesse transbordando. Ao abrir a porta, a polícia achou o corpo da diretora caído numa das cabides com o rosto virado para baixo dentro do vaso sanitário.

Uma menina desaparecida, um policial sumido, uma freira morta. O colégio estava fechado, todos foram recomendados a deixar o local, inclusive as freiras residentes do mesmo, até que as investigações chegassem ao fim. No mesmo dia, o inspetor chefe começou a passar mal, sentindo-se enjoado, andando pelo corredor do segundo andar, viu um vulto ao seu lado, alguém empurrou-lhe escada abaixo.

Não havia surtido efeito as rezas, as águas benta, a polícia, tudo havia sido em vão, o colégio estava possuído por um mal sem explicação. Uma sombra estava andando pela escola, fazendo o terror, sumindo com pessoas, matando outras.

J A Grushazen
Enviado por J A Grushazen em 22/09/2018
Código do texto: T6456715
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