Paranóia ou Paranormal?

- Conte-me o que aconteceu.

A moça ficou pouco à vontade com o pedido da médica. Ela não gostava de lembrar daquele episódio que quase tirou sua sanidade. Era só mais uma noite como qualquer outra, ela costumava dormir mais cedo que seu marido; cansada de mais um dia de trabalho e depois de resolver múltiplas tarefas de dona de casa, ela se deitou convencida de que o amanhã seria mais risonho.

As portas e as janelas da casa estavam todas fechadas.

Passava da meia-noite quando, ao se virar de lado, ela sentiu um solavanco na cama e depois uma sucessão de grandes chacoalhões como se a cama ganhasse vida. Assustada, abriu os olhos e viu uma sombra negra avançar sobre si. Ela ficou imobilizada e com dificuldade de respirar; sentindo suas pernas se abrirem por mãos que não eram a de seu marido e a forma de um punhal ser enfiado com força no seu abdome.

Os gritos chamaram a atenção do marido que veio correndo para o quarto. Completamente racional, o rapaz não entendia o desespero e as explicações sem nexo da esposa, mas tentava acalmá-la. Infelizmente, a moça só conseguia chorar.

Passados muitos dias, o rapaz notou que o comportamento da esposa havia mudado. Ela demorava para dormir, esperava-o para dormir e quando dormia acordava por causa dos pesadelos. Com o passar do tempo, o cansaço tomou conta dela, as olheiras apareceram e o sorriso tinha sumido.

Certa noite, a moça beijou o marido para ir se deitar, vencida pelo cansaço. Ele ficou no quarto onde trabalhava assistindo televisão. Com meia hora, ele viu novamente a esposa passar pela porta em direção a sala.

- Querida?

Silêncio.

- Amor?

Nenhuma resposta.

Ele levantou e olhou para a sala, ninguém. E a esposa estava no quarto dormindo, imóvel.

No outro dia, ele perguntou se ela tinha acordado no meio da noite e a resposta foi que não. Porém, ele insistiu que aquilo que havia passado em frente a sua porta, tinha a mesma altura, o mesmo corpo e até a mesma roupa que a esposa estava usando para dormir. Mas, ele lembrou que tinha chamado pelo nome dela e não obteve resposta. Ficou assombrado.

- Mostre-me o corte. - disse a médica.

- Você vai me achar louca.

A moça levantou a camiseta.

- Mas não tem nada aqui.

- Não tem nada aqui, mas eu sei o que senti! - disse a moça.

- Vou receitar um medicamento para você dormir melhor, está bem?

Ao ver o nome do remédio, a moça reconheceu que já havia tomado para tratar uma depressão severa há muito tempo.

- Você já teve esses surtos antes?

- Meu medo é que aconteça de novo

Nefer Khemet
Enviado por Nefer Khemet em 18/11/2018
Reeditado em 25/03/2021
Código do texto: T6505886
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