Qomolangma Feng, China

Qomolangma Feng, Qogir Feng, Kangchenjunga, Makalu, Cho Oyu, Ohaulagiri, Manaslu, Nanga Parbat, Annapurna, Gasherbrum, Xixabangma Feng.

Acima, os nomes das onze montanhas mais elevadas do mundo, situadas no território compreendido pela China, pelo Nepal e pela Índia. Todas de mais de oito mil metros de altura. Daquelas montanhas chegou-nos a lenda de uma criatura estranhíssima. Ouvimos falar de Ieti, o abominável homem das neves, que vive naquelas regiões, parente distante do Pé Grande, que habita as mais elevadas montanhas norte-americanas e canadenses; entretanto, poucos sabem, Ieti não é a única criatura que vive, segundo a lenda, no Himalaia. Há outra, e há pouco tempo os ocidentais dela ouviram falar. Aventureiros chineses, indianos, norte-americanos, brasileiros, irlandeses, argentinos, nepaleses, nigerianos e japoneses, em busca do controverso Ieti, ouviram relatos sobre uma criatura a respeito da qual jamais tinham ouvido uma palavra. Tratava-se de Keqyshadi, cuja existência era um mistério, maior, até, do que o de Ieti e o do Pé Grande - e, também, o do monstro do lago Ness.

Vários estudiosos e aventureiros, em 1993, ouviram inúmeras histórias acerca de Keqyshadi, e empreenderam uma expedição à procura dele. Ele vivia no Himalaia. Algumas pessoas declararam que ele vivia no topo de Qomolangma Feng, o topo do mundo, acima das nuvens. Keqyshadi é parente distante de Ieti e parente ainda mais distante do Pé Grande, disseram algumas pessoas; outras disseram que, como o Pé Grande e o Ieti, Keqyshadi é apenas uma lenda. Houve quem discordasse de tal afirmação; afinal, nem Ieti, nem Pé Grande, tampouco Keqyshadi, jamais foram vistos pelos homens, portanto, não se pode afirmar que eles não existem. Muitas coisas que os homens jamais viram existem, argumentou um dos integrantes da equipe, com uma lógica irrefutável. Em território indiano, os expedicionários colheram muitas informações a respeito de Keqyshadi, esta criatura que, na opinião de muita gente, era mais fascinante do que o Ieti.

No ano de 2003, seis dos doze integrantes da equipe que empreendeu a expedição de 1993 resolveram empreender outra expedição ao Himalaia; os outros seis lançaram-se a outros projetos, para eles mais realistas. Não havia sentido, disseram alguns destes, quando fizeram-lhe o convite para empreenderem nova expedição ao Himalaia à procura de Keqyshadi, despender tempo e dinheiro em empreitada irrealista, e tentaram dissuadir de realizá-la os que haviam confirmado a sua participação na expedição. Um dos aventureiros convidados que recusaram o convite (ele se lançaria, pouco tempo depois, numa expedição à floresta amazônica) disse, polido, aos expedicionários que iriam ao Himalaia à procura de Keqyshadi, que eles estavam obcecados por ele, uma criatura lendária que habita, supostamente, aquelas gélidas e desoladas montanhas.

Os seis aventureiros, convictos de que encontrariam a fabulosa criatura, gracejando, disseram que poderiam, ao procurarem Keqyshadi, encontrar, acidentalmente, o Ieti.

Eis os nomes dos seis aventureiros da Expedição Qomolangma Feng e as suas respectivas nacionalidades: Valmiki, indiano; Li Po, chinês; Thomas Smith, americano; José da Silva, brasileiro; Arthur Doyle, irlandês; e Akira Kurosawa, japonês.

Planejaram, minuciosamente, a viagem. A escalada impor-lhes-ia inúmeras dificuldades. Enfrentariam o frio rigoroso, o ar rarefeito, a solidão, a fadiga.

O mais novo deles, Li Po, de trinta e quatro anos, conhecia, como poucos, o Himalaia; já o havia palmilhado inúmeras vezes, e escalado quatro vezes o Qomolangma Feng, ou, como é conhecido no ocidente, Everest, e o Qogir Feng, que no ocidente é chamado de K-2.

Reuniram-se, em Pequim, os aventureiros. O dia, frio. José da Silva encontrou dificuldades para enfrentar o frio enregelante da região; ele, que vivia no Rio de Janeiro e tomava banho de Sol quase todos os dias durante seu período de férias voluntárias entre duas aventuras arrojadas, a temperatura acima de trinta e cinco graus célsius, não suportava a temperatura abaixo de zero graus célsius em Pequim.

Os outros cinco integrantes da expedição moravam em regiões frias; pouca dificuldade tiveram para se adaptarem ao frio da capital chinesa, de trincar os ossos.

Hospedaram-se os aventureiros no apartamento de um amigo, escocês, aventureiro também, que realizava uma viagem ao Pólo Sul, e que lhes cedera o apartamento no qual eles passaram a última noite antes de principiarem a jornada ao Qomolangma Feng.

Na manhã do dia seguinte, prepararam-se para o início da aventura. Cada um deles carregando trinta quilos de apetrechos, retiraram-se do apartamento, e iniciaram jornada rumo a maior cadeia montanhosa do mundo.

Andaram pelas movimentadas ruas de Pequim, pelas quais circulavam muitos veículos automotores e uma quantidade incalculável de bicicletas. Os chineses, curiosos, fitavam aquelas seis figuras exóticas.

Saíram do perímetro de Pequim. Na avenida, encontraram-se com um amigo, que os aguardava. Ele era o motorista do ônibus que os conduziria até a cidade de ***, e dali em diante os aventureiros jornadeariam com raros contatos com a civilização.

Quase um dia depois, chegaram ao ponto marcado. Estavam a mais de dois mil metros de altura acima do nível dos oceanos. Dali em diante, cruzariam com algumas vilas; depois, o Himalaia. Os habitantes dos povoados mais isolados disseram-lhes que já haviam visto Keqyshadi, e declararam que ele, monstruoso, tinha mais de quatro metros de altura. A descrição que de Keqyshadi deram os habitantes da região aos aventureiros correspondia ao que estes ouviram, em povoados e vilas, na China, na Índia, no Nepal e no Butão. Keqyshadi era o Keqyshadi em todos os povoados. O Ieti, por sua vez, era descrito, em cada povoado, com uma aparência; em um povoado descreviam-no como um anão peludo e minúsculo; em outro, como um feroz gigante descomunal de mais de dez metros de altura; em outro, como uma criatura pacífica que ajudava as pessoas e com elas relacionava-se amigavelmente.

Findava o primeiro dia da expedição. O Sol desaparecia atrás das montanhas. Os aventureiros armaram barracas, e nelas ajeitaram-se.

Thomas Smith e Valmiki ficaram em uma barraca. Valmiki, excelente contador de estórias, contou uma dúzia das de seu vastíssimo repertório, mas seu ouvinte ouviu apenas as duas primeiras que ele narrou, pois na metade da terceira, adormeceu profundamente, mas Valmiki não se deu conta de que os seus relatos de As mil e uma noites ele não os apreciava, e só cessou a narração quando o sono o dominou.

José da Silva e Li Po ficaram em outra barraca. Traçaram alguns planos para o dia seguinte, e adormeceram.

Arthur Doyle e Akira, exaustos, assim que deitaram, dormiram.

Na manhã seguinte, Valmiki despertou antes de todos os outros aventureiros, e preparou a refeição, da qual os comensais partilharam; era pitoresca, e estava saborosa.

Os apetrechos arrumados, caminharam os aventureiros, galgando a montanha pelas estradas estreitas que a recortavam, e cruzaram, a longos intervalos, o caminho de algum aldeão, que falava um idioma que apenas Valmiki e Li Po conheciam. Uma família de aldeães hospitaleiros convidou os seis aventureiros para uma refeição. Eles não se fizeram de rogados.

O início da jornada, isento de dificuldades além das comuns em aventuras do gênero. Interromperam-na os aventureiros ao crepúsculo.

*

Nos dez primeiros dias de jornada com nenhuma criatura depararam-se os aventureiros, nem com um lobo das neves, nem com outros animais comuns na região. Conquanto monótonos estes dias, não desistiram do propósito que os impeliram até lá. Valmiki contou muitas estórias, algumas de sua lavra, outras que ouvira de contadores de estórias populares, e outras de suas leituras. Se houvesse, dentre eles, um escritor de talento, ele redigiria um volume adicional às Mil e uma noites.

O frio, à medida que escalavam a montanha, intensificava-se.

Transcorreram-se os dias. Estavam os aventureiros há mais de cinco mil metros acima do nível dos oceanos. Keqyshadi morava nas mais elevadas montanhas, diziam os habitantes daquela desolada região.

*

Os aventureiros palmilharam vasta extensão do Himalaia. Não encontraram vestígios de Keqyshadi, criatura que, como o Ieti, o Pé Grande, o Monstro do Lago Ness, o Boitatá, era dotado de capacidade extraordinária de ocultar-se dos olhos humanos.

Aproximavam-se das mais altas montanhas. A partir de certo ponto não havia mais povoados humanos, nem estradas, nada que lembrasse a civilização. Agora, eram a natureza e os seis homens que a desbravavam.

A camada de neve atingia, em alguns pontos, os joelhos de Akira Kurosawa, o mais baixo dentre os seis aventureiros. Embrulhados nos seus agasalhos apropriados para o frio rigoroso, os aventureiros tremiam. À noite, ouviam ruídos horripilantes. Eram os ventos que cortavam o ar e golpeavam as barracas. Pareciam-lhes assobios de uma criatura espectral, sinistra, que desejava bani-los daquele reino, que não era o deles. Calafrio percorreu a espinha dos seis aventureiros. Valmiki narrava estórias maravilhosas, agora alimentadas pelo ambiente, e espantava o medo que os atingia. Quando não contava estórias, meditava, contemplava a região e recitava trechos do Mahabarata e do Ramayana.

Transcorreram-se os dias. Nenhum sinal de Keqyshadi. Os aventureiros continuariam a percorrer o Himalaia, segundo o plano traçado de antemão, até encontrarem o Keqyshadi, ou provas de que ele existia.

Enfim, chegou o momento de enfrentar Qomolangma Feng. Ousaram desafiá-lo. Invadiriam o reinado de Keqyshadi. Iriam ao pico de Qomolangma Feng. Keqyshadi lá vivia, acreditavam, em uma caverna escondida por espessa camada de neve.

Antes de principiarem a escalada de Qomolangma Feng, descansaram. O Sol ainda não havia se posto. Armaram as barracas, e, aquecidos pelas vestimentas, no interior das barracas dormiram. Acordaram, no dia seguinte, minutos antes do meio dia, recompostos, decididos a escalar a montanha.

Valmiki encabeçava a fila. Seguiam-lo José da Silva, Thomas Smith, Li Po, Arthur Doyle e Akira Kurosawa, nessa ordem. Eram cuidadosos. E redobraram a atenção.

Quase esgotados de forças, escalaram um dos trechos mais íngremes do Qomolangma Feng. Dos seis, Thomas Smith era o que mais havia se desgastado; no entanto, ele não parou para descansar. O frio poderia matá-lo, se ele perdesse a consciência, ou adormecesse.

Os ventos sopravam mais fortes. Não havia sinal de animais. Li Po, dentre os expedicionários o de ouvidos mais apurados, distinguiu um ruído, que destoava do ambiente. Arrepiou-se de imediato dentro da vestimenta, que o protegia do frio enregelante. Acenou para os outros companheiros, que cessaram a escalada.

Nuvem espessa começava a cobrir a região, impedindo os aventureiros de verem o que estava logo à frente deles. Da direção da qual Li Po acreditava que lhe chegara o ruído que lhe atraíra a atenção, chegou-lhe uma série de ruídos. Fixou o olhar, no horizonte, para distinguir qualquer coisa, no tapete branco que cobria a montanha. Nada encontrou. José da Silva disse-lhe que ele se enganara, iludido pelo cansaço e pela fome. Era uma alucinação. Valmiki e Arthur Doyle secundaram-lo. Mudaram de opinião quando ouviram um ruído estranho. Arregalaram os olhos e perguntaram-se que ruído era aquele. Li Po sorriu, vitorioso.

E pela terceira vez Li Po ouviu o estranho e indefinível ruído. Era a voz de Keqyshadi? Valmiki e Li Po disseram que o ruído era a voz de alguma fera, de uma fera, salientaram, que não existia. Valmiki explicou o que desejava dizer com tais palavras. E Li Po as acentuou. Era a voz de um animal. Não era, concluíram, som produzido pelos ventos. Era o som de alguma fera desconhecida dos humanos. Talvez o rugido de Keqyshadi. Ou de outra fera desconhecida dos humanos.

Se encontrassem pegadas na neve! Seguiram na direção da qual chegou-lhes o ruído. Entusiasmados, negligenciaram cuidado. Thomas Smith afundou-se, em um trecho, na neve, que o encobriu, e ele quase foi carregado encosta abaixo. Valmiki, atento, segurou-o. E os expedicionários conseguiram, com muito esforço, erguê-lo e salvá-lo.

No princípio da noite, os ventos sopravam mais intensos. Os aventureiros encontraram um ponto, na encosta, que lhes oferecia segurança, e nele montaram as barracas, fixando-as no solo. Nenhum deles conseguiu dormir, pois imaginavam Keqyshadi a rondar as barracas. Temiam que ele os atacasse.

Na manhã seguinte, Valmiki, ao sair da barraca, viu um vulto imenso em meio à nuvem que cobria a região. Assustado, gritou para os seus companheiros, que se retiraram, imediatamente, das barracas, e olharam para a direção que Valmiki apontava. Valmiki disse que vira uma criatura de mais de três metros de altura. Os outros aventureiros recolheram as barracas, e caminharam na direção que Valmiki apontava. Ouviram uma voz estranha. Todos eles a ouviram ao mesmo tempo. Havia, lá, uma criatura. Inclinaram-se a acreditar que se tratava de Keqyshadi. Akira aventou a hipótese de tratar-se de Ieti, e Valmiki perguntou-lhe porque encontrariam o Ieti, se procuravam o Keqyshadi, e por que não encontraram o Ieti quando o procuraram. Akira não lhe deu resposta.

Andaram, cautelosamente, na direção da qual chegou-lhes a voz estranha. Os fortes ventos e a impossibilidade de ver um metro diante dos olhos os obrigavam a prosseguir em velocidade reduzida. Além dos assobios dos ventos, nada mais ouviam.

Deslocaram-se poucos metros. Ruídos atraíram-lhes a atenção. Pareceu-lhes que a criatura que estava nas proximidades tinha o cuidado de não se lhes revelar; movia-se com cautela.

Akira, que estava atrás de todos os aventureiros, rumou à direção da qual a voz lhes chegara aos ouvidos. Olhava, apavorado, de um lado para o outro. De repente, sentiu, nas costas, uma forte pancada, que o arremessou contra José da Silva, logo à sua frente, e os dois esbarraram em Li Po. Caíram os três. Li Po escorregou pela encosta suave; Valmiki agarrou-o. Thomas e Arthur o ergueram. Refeitos do susto, perguntaram para Akira o que lhe acontecera. Mal conseguindo articular as palavras, ele lhes disse que lhe atingiu-o as costas forte pancada. Alguma criatura - inteligente, presumiram - os tocaiava. Acreditaram que Keqyshadi anunciara-se - nenhum deles o viu, mas não lhes restava dúvida: Keqyshadi estava próximo deles.

Vasculharam a região que a visão alcançava. Desnorteados, desorientados, perderam a noção de direção e de espaço.

Valmiki, olhos apurados, viu um vulto aproximando-se de si. Boquiaberto, apontou-o. José da Silva perguntou-lhe o que ele via, e viu o vulto, grande, a poucos metros de si, e correu, imprudentemente, em direção a ele. Valmiki agarrou José da Silva pela gola da jaqueta, que se lhe escapou. E José da Silva correu no encalço do vulto. Thomas, Arthur e Akira gritaram-lhe que não fosse na direção da criatura. José da Silva desapareceu.

Transtornados, os cinco aventureiros não sabiam o que fazer. Permaneceram, não se sabe por quanto tempo, imóveis, irresolutos.

Estavam nas proximidades de uma encosta. Poucos metros depois deles, um declive. Retiraram-se de lá, e buscaram proteção. Armaram as barracas. Não dormiram. Esperavam que José da Silva regressasse. Akira teve uma previsão funesta: José da Silva morreu na montanha. Qomolangma Feng era o seu túmulo.

Na manhã seguinte, eles não desarmaram as barracas. Permaneceriam lá, durante dois dias, à espera do regresso de José da Silva.

Escasseavam os provimentos. Os aventureiros não poderiam esperar, indefinidamente, por José da Silva, ou todos eles morreriam.

Thomas disse que teriam de principiar a descida. Valmiki sugeriu que esperassem por José da Silva mais um dia. Decidiram esperá-lo.

Poucas horas depois, ouviram uma voz abafada pelo assobio dos ventos. Reconheceu-a Li Po. Era a voz de José da Silva.

Logo depois, José da Silva apareceu diante deles, entusiasmado. Dizia, ofegante, mal articulando as palavras, que viu Keqyshadi à boca de uma caverna a pouco mais de cem metros de onde eles se encontravam. Thomas esqueceu do seu desejo de surrar José da Silva, e perguntou-lhe se ele poderia conduzi-los até a caverna.

Tomando a dianteira da fila indiana, José da Silva conduziu-os até a caverna na qual dissera haver encontrado o Keqyshadi. À boca da caverna, acionaram as lanternas, iluminando-lhe o interior. E cautelosos, e preparados para qualquer eventualidade, na caverna entraram. E nada encontraram. Nenhum sinal de Keqyshadi. Nem pegadas que indicassem a existência dele. O silêncio, absoluto.

Ouviram, enfim, um ruído. Olharam para a boca da caverna. Os ventos assopravam fortes. Ouviram um assobio estridente. À boca da caverna, um vulto. Abismados, olhos arregalados, fitaram-lo os aventureiros.

O vulto desapareceu do mesmo modo que surgira. Os ventos assopravam, intensos. Os assobios, altissonantes. Uma voz invadiu a caverna na qual estavam os seis aventureiros. Os ventos, cada vez mais fortes. Lá fora, furioso, o clima. Os ventos, mais fortes. De repente, apagaram-se as lanternas, e a escuridão reinou na caverna. E enfraquecia-se a respiração dos seis aventureiros.

E o silêncio reinou absoluto em Qomolangma Feng.

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 13/01/2019
Código do texto: T6549754
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