A MISTERIOSA VILA 32 A REVELAÇÃO

Como em uma pintura, um quadro em preto e braco, a cena se eternizou, ali estava eu, de frente para o capitão, só que desta vez era Asgard, isso me fazia sentir seguro. Não podia ver seu rosto com detalhes, porém, em minha memória estava gravada a imagem de um rosto marmorizado e envelhecido pelo o sal do mar. Ele olha diretamente para mim e diz.

- Você será meu hospede hoje.

- Sim Asgard, com todo prazer, respondo. Prossegue ele.

- Algumas coisas não poderia dizer ao velho cocheiro, ele não está preparado para saber disso agora – Fiz um acordo com o Maligno, servirei a ele daqui por diante.

A batalha me cobrou um preço, como pode ver estou sem uma perna, e sem minha vista esquerda. Continua

- A batalha teve início antes mesmo de você chegar a Kikivo, o dia mal escureceu e a ilha foi invadida. Perdi a perna e o olho, quando em meio ao caos, levei um inimigo e o abati a machadadas. Mas, sua lança de cobre entrou na cavidade do meu olho e o destroçou, mesmo assim seguimos lutando, eu e Dragon. Continua Asgard.

- Enquanto lutávamos fomos recuando, até chegar à borda do suspiro que despenca em direção as profundezas das águas revoltas abaixo da caverna, ali seria nossa saída para o mar.

Ouço sua narrativa com espanto, aquele bravo guerreiro era realmente valoroso, sua tenacidade era incontestável, sentia orgulho por ser seu amigo.

- O plano era saltaremos ao mesmo tempo, eu e Dragon, mas, pisei em uma fenda, e minha perna ficou presa entre as rochas afiadas, pedi a Dragon para usar o machado e cortar um pouco abaixo do joelho.

- Desta vez o próprio demônio me abraçou.

- Dragon usou o machado com eficiência, me libertei, mas, algo lhe atravessou as costas quase o empalando. Seu corpo caiu sobre mim, deixando-me oculto sob ele, depois de alguns minutos, alguém o ergue e o retira. Ele da uma pausa e continua.

– Eu sangrava muito, o cheiro ocre do meu sangue se misturou cheiro do cravo.

- Percebi sua presença, era o próprio Maligno

- Ele segurou meu ombro e suas palavras fora estas. (Um desperdício perder um guerreiro de tal ordem, não faz sentido, preciso de você).

Em seguida chamou seu cão e o ordenou que lambesse o ferimento da minha perna, assim que o animal salivou sobre a ferida o sangue parou de jorrar imediatamente.

- O Maligno me propôs um acordo, aceitei.

- Faço isso por Ake seu pai, ele foi o meu melhor amigo. Continua.

- Depois que bebi aquele vinho, jamais serei o mesmo, pretendo seguir meu destino servindo ao Capitão.

Naquele momento minha boca ficou como um deserto, meu estomago queimava como o sol sobre a areia. Pergunto a ele.

- Então você não mais retornara para Kikivo? – Não pode fazer isso com sua vida Asgard? - Juro que lutarei ao lado, contra essa maldição. Exclamei.

Asgard baixou a cabeça por alguns instantes e disse.

- Não, nada poderá ser feito, sou o comandante dessa fortaleza, as criaturas que me cercam são fiéis a mim e ao Maligno, esta luta é minha ficarei aqui ficarei até o mal ser exterminado.

- O que puder fazer para ajuda-lo, farei sem a menor parcimônia. Disse-lhe.

- Aros, a semente do mal está esta crescendo e tomando forma, em plena acensão, e você precisará de todas a suas forças para agir no momento certo.

Naquele momento meu pensamento vagueou por entre os vales da imaginação, que semente seria aquela? que forma teria? e onde estaria? Indaguei.

- Como assim Asgard porque eu?

Asgard olha para o infinito demora um pouco se volta para mim e diz.

- É preciso ser feito, não há uma alternativa, e somente você poderá fazê-lo.

– Isabelle está carregando a semente do mal.

Meu sangue congelou. perdi o solo sob meus pés, despenquei como uma rocha num precipício. Era como se me transportasse para outro mundo, tudo me fugiu por uns instantes. Mas ele interrompe a minha queda vertiginosa e diz.

- O varão do Maligno retornará a sua cova, assim tudo ficara resolvido, você seguirá sua vida junto a Isabelle.

- O inverno se aproxima, nada dirá a ela, deve manter em segredo, depois do nascimento da criança, ela será entregue ao Maligno.

Estava ouvindo naquele momento algo indescritível, uma verdadeira catástrofe se prenunciava, meu horizonte que chegou a ter um brilho naqueles curtos dias, agora empalidecia e revelava sua face sombria, como faria isso sem ferir mortalmente Isabelle?