Menos a Nete...!

Quando as primas começaram a aparecer lá em casa, vindas de Dores do Indaiá, eu apenas adolescia. E amaldiçoava a lentidão desse processo. Elas eram bonitas demais pra eu perder aquelas oportunidades paradisíacas.

Darc era deslumbrante. Uma Kim Novak nos trópicos. Além de embevecer, e ser cortejada pelos moços mais centrais da cidade, ensinou-nos coisas de que não fazíamos ideia então. Uma delas foi o xampu, que vinha então nuns saquinhos plásticos transparentes, e uma tesoura era necessária para se iniciar a operação. Mas era tudo o que me era dado saber, até a porta do banheiro. Acho que o laquê também, que fazia parte dos toques de finalização, para o footing no na praça do jardim.

Dirinha era outra. Essa morena era a meiguice em pessoa, e um veludo sonoro. Embora mais doméstica que a esplendorosa irmã loira, encantava-nos todos quando se punha a falar. E havera de namorar também.

Já Nete, a mais nova delas, reservada que era, pouco se manifestava. E nem parece que gostava de ir para os passeios na praça. Também nem precisava, vai ver que já apaixonada estava. E se a visse na plateia eu acho que até Rossana Podestà, da tela, dela se enciumava...

Belas portanto eram as primas. Menos a Nete, que era diabolicamente divina...

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 10/07/2020
Reeditado em 10/07/2020
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