A garota sem alma

Era uma vez uma garota sem alma.

Tinha olhos — mas não choravam.

Contemplavam as mais belas paisagens,

e, ainda assim, nenhum brilho nascia em seu olhar.

Seus ouvidos colhiam sons do mundo,

mas nem os sussurros mais sombrios a assustavam —

ao contrário, encantavam-na.

Seus lábios?

Selados pela ausência de um coração.

Jamais diziam o que ela, talvez, nem soubesse sentir.

As mãos, tão delicadas, tocavam…

mas ansiavam por profundezas

e só encontravam o vazio da superfície.

E os pés?

Ah, seus pés dançavam…

dançavam sobre o sangue dos dias mortos.

E eu?

Sou a garota sem alma.

Não choro.

Não sorrio.

Não grito.

Não suplico.

Às vezes, danço sobre a minha própria cova —

como se a morte fosse o único lugar

onde ainda sou inteira.

Byreveny
Enviado por Byreveny em 18/06/2025
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