Lei da selva // Um rosto esquisito

Horror

LEI DA SELVA

Três da madrugada. Entraram com o carro por uma estrada rural e esconderam-se no carreador de um canavial. Estavam em quatro, todos encapuzados e com luvas. Não demorou muito e o carro esperado apontou. Agiram rápido. Dois rolaram um tronco no meio da estrada enquanto os outros dois atiraram nos pneus. Sob a mira dos revólveres, fizeram o motorista descer e deitar-se ao solo.

Com a vítima dominada, o primeiro golpe foi um chute na cabeça. Desmaiou. Enquanto um batia com o salto da bota no rosto do infeliz, outro cravava na barriga um punhal. Foram vários golpes. Com braços e pernas quebradas, o grupo abandonou sua vítima, nua, estirada em uma poça de sangue e saiu sem deixar pistas.

Nas nádegas – lado direito e esquerdo – a mesma palavra, escrita à caneta, explicava o motivo da execução – cagüeta.

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Terror

UM ROSTO ESQUISITO

No início da noite de sexta-feira, João do leite pegou seu cavalo e preparou para passar o fim de semana na casa de um irmão, que mora na fazenda vizinha. Pra quem passa a semana toda na ordenha, nada mais justo que uma visita periódica aos familiares. Com as tralhas nas costas, João seguia tranqüilo até que repentinamente o animal empacou e começou a refugar. O rapaz tentou de tudo, sem êxito.

Preocupado, desceu do cavalo e puxou-o lentamente para trás. Era uma estrada escura e eles estavam próximos a um canavial, bem perto de um carreador. João olhou para os lados pensando haver alguma cobra no caminho, quando avistou, no canto esquerdo, um homem em pé, todo sujo de sangue e com o rosto deformado.

Dominado pelo medo e pavor, ele pegou o cavalo e voltou desesperado para a casa. Antes, porém, passou na capela para rezar e pedir perdão. Em sua simplicidade, temia que fosse alguma punição por ter faltado à missa do domingo anterior.

fiore carlos
Enviado por fiore carlos em 01/08/2008
Código do texto: T1108253
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