O Quarto

Em casa de D. Ana havia um quarto que sempre estava trancado, todas as pessoas que frequentavam sua casa, amigos, parentes e até mesmo seus empregados desejavam saber que segredos guardava aquele quarto?

Ester sobrinha de D. Ana, que estava passando suas ferias escolares em casa da mesma, era uma das parentas mais curiosas com relação aos segredos do quarto que sempre estava fechado.

Numa das tardes calorentas de dezembro, Ester tentou mais uma vez abrir a porta daquela estranho quarto, a garota já tinha perdido as contas de quantas vezes experimentará aquela maçaneta, na vaga esperança surpreender a porta destrancada, qual não foi sua surpresa quando a mesma cedeu e se abriu no momento de sua investida, quando Ester se deu conta de que enfim poderia entrar naquele quarto e descobrir o que sua tia tanto escondia ali, foi assaltada por uma confusão incrivel, por mais que sua vontade de entrar ali a tanto tempo lhe atormentasse os nervos, Ester se deu conta que até aquele fatidico momento jamais se imaginou realmente conseguindo abrir aquela porta, e entrando quarto adentro.

Suas pernas tremiam, suas mãos estavam geladas mas Ester jamais abriria mão daquela oportunidade de matar sua curiosidade, ao colocar seu pé esquerdo na soleira da porta, Ester ouviu um clik, sentiu seu corpo atravesar uma barreira invisivel, seus sentidos pareciam ter despertado para uma nova realidade, sua visão se abriu, seu olfato ficou aguçado como o de um animal selvagem, ela se viu num bosque escuro e estranhamente perfumado, sons de musica ao longe invadiram sua mente e seu espirito.

Ao caminhar em direção daquela música Ester se sentia cada vez, mais dentro de uma realidade paralela cheia de novidade e misterio, Ester se sentia cada vez melhor, mais confiante, menos timida e mais segura, ao redor de si varias luzes surgiram e brilharam flutuando em sua direção. Ester se sentia infinitamente feliz, brilhante e nova.

Sentiu que uma daquelas luzes tomava forma e se materializou em sua frente surgindo assim um homem ruivo vestido com roupas antigas que lembravam as vestes utilizadas durante a Idade Média, ele não falou con Ester ficou alguns momentos olhando fixamente em seus olhos como se por eles, se comunicasse com ela.

Ester então tomou posição, nos braços daquela estranha aparição e ambos começaram a dançar, Ester sentiu então que poderia danças para sempre nos braços daquele fantasma perfeito e efemero, e dois dançaram, rodopiaram ao som da musica que Ester ouviu quando entrou naquele quarto, e eles dançaram rodopiaram iluminados pelas luzes que cercaram Ester quando ela entrou naquele quarto, mas Ester já não se lembrava de ter entrado naquele quarto, Ester já não podia se lembrar de mais nada, nem da porta do quarto se abrindo quando ela experimentou a maçaneta, nem das tardes de leitura na casa da tia, dos amigos, de sua escola, da sua familia, dos seus sonhos, Ester não se lembrava de nada, para ela apenas aquela dança importava, os passos se repetindo a melodia se renovando, a leveza do toque de seu par. Aquela dança eterna era tudo o que importava para Ester.

Quando os parentes e amigos de Ester procuraram por ela, já não podiam mais alcança-lá, Ester agora pertence a um mundo unico estranho e perdido onde ninguém poderá encontra-lá. O policia foi acionada, seus pais colocaram anúncios nos principais jornais do país, detetives particulares foram contratos, recompensas foram oferecidas, nenhuma das pista que eles conseguiram levaram a descoberta do paradeiro de Ester, todos os seus esforços foram em vão, Ester jamais foi encontrada.

D. Ana ao passar pela porta de um dos quartos de sua casa, sempre ouve uma melodia suave e doce, como nunca ouviu em sua vida, as vezes ela sente também o leve perfume de sua amada sobrinha Ester, mas tem todo amor que sente pela sobrinha e capaz de fazer com que ela toque novamente naquela maçaneta. D. Ana apenas passa, ouve a melodia, sente o doce perfume de Ester, e continua sua vida, ela sabe que não pode mais ajudar sua sobrinha desde que Ester entrou naquele quarto, ninguém mais pode ajuda-la.

Selva
Enviado por Selva em 08/04/2009
Reeditado em 13/04/2009
Código do texto: T1529379
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