Coceira
 
Começou como um simples comichão no peito, localizado um pouco a esquerda.
De início não deu importância. Mas o comichão aumentou até se transformar em coceira. Sem se conter arranhava as unhas sobre o peito, infelizmente de nada adiantava. Tentou se lavar, trocar de roupa, ficar sem roupa, passar álcool, emplastos, pomadas antialérgicas. Nada.
Foi ao médico. O dermatologista nada encontrou. Receitou mais pomadas e antia-histâminicos. E nada.
Voltou em casa. A coceira só aumentava. Desesperado, arranhava a pele com cada fez mais vigor. A maldita coceira não cedia.
Aquela noite não dormiu. Não tinha sossego. Suas unhas rasgavam a pele, não sentia dor, só o maldito prurido. Como último recurso se levantou e foi até a cozinha, buscou uma faca e com ela arranhava o peito cada vez mais fundo. Era uma batalha feroz, e a coceira parecia estar ganhando.
Entretanto a faca encontrou algo, sentiu-se feliz. Penetrou a faca, fez movimentos circulares até abrir uma grande cavidade no peito. E ali colocou a mão, encontrou algo lá dentro, o agarrou e o trouxe para a fora, ali estava o motivo de tanto se coçar!
Com alívio contemplou aquele objeto, um coração que ainda pulsava e coçava um pouco. Tinha que acabar com isso, então segurou a faca mais um vez e com um único golpe calou seu coração. E a coceira finalmente acabou.
Luciano Silva Vieira
Enviado por Luciano Silva Vieira em 24/10/2013
Reeditado em 24/10/2013
Código do texto: T4540639
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.