Álbum de fotos de família

Um álbum de fotos nos remete a muitas lembranças, uma delas, são os berros furiosos, ensurdecedores e atormentadores que acoaram no salão alugado especialmente para a realização da festança de aniversário de 15 anos de Maisa. Relacionando um caso ao outro, se matou aos 16 anos e alguns dias. Faz tanto tempo, que não dá para precisar os meses, dias, horas, minutos e segundos de sua morte; mas conforme visto nas fotos, está bem claro que entre os 16 e 17 anos de idade. "Descanse em paz Maisa". Escreveram esse epitáfio como última homenagem feita para adolescente que morrera virgem.

Outra da família: Lucas, era irmão mais novo de Maisa adorava carrinho de rolimã. Parecia artesão nessa arte. Cortava a peça. Talhavam as rebarbas. Acertavam as arestas e punha a obra de arte para rolar. Nessa foto, sorridente e satisfeito, experimenta o carrinho no asfalto recém-chegado chegado à rua de sua casa. Nessa outra, fazendo manutenção nas rodas. Olhando melhor, estava cobrindo-a com pneu de carreta. Depois do oitavo carrinho, descendo a ladeira Vigário Silva Pinto, conhecida na cidade como Cruz-credo, saiu pela tangente, bateu contra o poste, caiu no bueiro, quebrou o pescoço, abriu o crânio, tomou água e morreu afogado sem tempo de pedir socorro. Suspirou: "Valha-me Deus".

Virando a página...; não, será que relato essa. Horripilante! Estou com medo de não passar pelo moderador. Leitor, contém cenas pesadíssimas. Se for menor, por favor, não leia. Não, não, vou pular essa foto. O quê? Quer mesmo saber, bom, depois assuma suas palavras. Tá bom...; um minuto, deixe-me tomar um fôlego. É cena brutal! Ah, seja o que Deus quiser...; por conta e risco leitor...; lá vai!

Foto linda. Ela, sensualíssima. Um casal amando-se em praça pública. Mudam de posição. Cabeça de um atarracada entre as coxas do outro. 69 bem encaixado. Putz, que tara: de conchinhas. Humm! Caralho, como ela cavalga...; cavalga embalada por uma música de fundo. Animais...; nossa, não terminam mais. 40 minutos. Suada...; fodida, ela sai de cima!

Ao finalizar, levanta trôpega em direção a roupa. Veste-as e com passos bem vagarosos, volta-se para o amante e pergunta: "você já morreu hoje?" Ele todo saliente, gozado de prazer pelo sexo bem feito, responde: "de morte morrida não; mas de amor, morri feito um pato velho, de patas para cima depois que terminamos o coito. Gozei feito jumento novo".

- Exatamente como irás morrer, FdP. Gozou, fodeu gostoso nesse voo nupcial, Zangão, agora pagarás com a vida. O mesmo arrombo que fizera em meu toba, será feito em você. Tudo tem seu preço justo e acertado, como não quisestes saber antes, agora aguenta. Querida morte, diga para ele com quantas punhaladas você se compõe...

- Uma, apenas uma; nada mais que uma, apenas uma...

- Tá bom, não sou surda, já ouvi.

- Então faça logo o serviço...; colabore com o comedor, não mate-o aos poucos. Detesto esse situação. Uma e pronto!

- Vou seguir seu conselho, por mim, faria ele comer o fiofó da mãe dele; deixar o fedegoso dela como uma rosa deflorada e as pétalas, ou pregas do brioco como queira, pedindo socorro estateladas no chão.

Deu mais dois passos. Aproximou mais do infeliz e cravou-lhe o punhal até o cabo na jugular. Pressão acelerada. Coração pulsando forte. A chuveirada de sangue esguichou 5m de distância de onde estavam. Seu nome era Afrodite dos Prazeres, conhecida na região por vulgo abelha rainha. Até hoje não se sabe por onde ela esta voando, onde fixou morada para fazer a colmeia. Mais um crime brutal de estupro impune contado por Mutagambi para o RL, revisitando as fotos nos álbuns de família.

Já nesse, vejo uma coletânea saudosista. Imagino que deve ser sobre aqueles aniversários de 90 - 100 anos de algum patriarca ou matriarca de família. Família alegre. Crianças se divertindo. Embora com aparência de pobres, casa enfeitada com balões. Acima do bolo inscrição de parabéns. Nessas os convivas aparecem comendo bolo, tomando refrigerantes. Pelos cabelos longos nas costas e pernas e braços hirsutos, devem ser evangélicos e respeitando o dito pelo pastor da igreja, nada de bebida alcoólica. Salgadinhos, arroz de carreteiro, etc.

Não aparecem em fotos, mas no dia seguinte, uma desinteria generalizada, fez com que todos os convivas cagassem até até as tripas. Segundo o boletim médico, os pacientes foram contaminados por uma forte virose. Pela boca de quem esteve na festa, fiquei sabendo que era da matriarca, que não resistindo por não ter forças para expelir o que comera, morreu. Por infelicidade, desprazer e desgosto, o marido se matou enforcado com uma gravata no banheiro.

Outra: Mirinda era atriz e modelo. Linda. Uma beldade de adolescente no ápice de puberdade. Nova porém viajada, conhecia vários países. Mas a rotina estafante de se produzir continuamente, pisar na passarela sem querer, reunião com empresários, câmeras e holofotes tornou-a insone e triste. De ultimamente, ela mesma se dizia a cara da atriz tesa. Transtornos mentais e psíquicos. Forte anorexia. Magérrima. Numa das noites de insônia, saiu pela casa afora, foi até a sacada, mirou os metros que separavam ela da morte e voltou para cama. No dia seguinte, fez o mesmo e não houve escapatória, se jogou da sacada. Por sorte, caiu em cima da rede que havia posto para pegar passarinhos. Quebrou a clavícula, teve o rosto desfeito, mas sobreviveu. O leitor pode se perguntar: "Ué, uma rede de pegar passarinhos salvou a vida, suportando o seu peso"

Sim, incrivelmente, suportou e trouxe novo alento de vida para ela e familiares. Passados anos, todos associaram o caso ao emagrecimento dela. Deveras, porque se fosse obesa na época, como está agora, mais o peso da cadeira de rodas, bau, bau, Juvenal. Filha de pais separados, Juvenal teve infarto fulminante ao saber do ocorrido com a filha. Sórdido Juvenal que era tão dado à filha e sempre dizia em vida que morreria por ela...e... e (antes que eu chore e molhe a tela do computador) morreu mesmo!

Álbum de fotos de família é algo encantador, mágico, lindo, divino; e como é conhecimento de todos, recordar é viver. Nos casos contados, é terror e morte; que também merecem ser repassados. Não é motivo de festa, regozijo, noite de gala, compra de vestes novas, sorrisos descorados nas selfies, mas merecem ser revisitados. Álbuns de fotos de família devem ser prestigiados sempre. E o de sua família leitor, o que tem a nos dizer...; fim de ano está próximo e contrário do peru, da leitoa, do ganso, do frango, gente não morre, bem como terror não acontecem somente na véspera.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 07/12/2017
Reeditado em 08/12/2017
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