Companhia

Era o primeiro dia de aula de Jeferson na faculdade de direito desde que ele havia se mudado para um bairro distante.

Dado a distância, Jeferson precisava pegar o último ônibus da linha, que, já tarde da noite, o deixava há três quadras de casa, bem em frente a um antigo cemitério abandonado que hoje servia como casa para mendigos e drogados.

O local era bastante perigoso e isso causava uma certa ansiedade em seu peito, mas ele procurava se acalmar e pensar positivamente, que tudo daria certo.

No ônibus, cochilou durante vários minutos e acordou com o barulho de um idoso sentando-se ao seu lado. Ignorou e voltou a fechar os olhos até que o motorista bradasse de sua cabine que havia chegado no ponto final.

Para sua surpresa, o velho levantou-se e se dirigiu à porta, demonstrando que iria saltar naquele ponto.

Aliviado, Jeferson não hesitou ao questionar o velho:

- Senhor, você mora por aqui? Vai seguir caminho para o bairro? O que acha de irmos juntos, o caminho é bem perigoso e esse cemitério é bastante assustador a noite.

- Claro jovem, desde sempre estou por aqui e todas as noites pego essa linha e, sempre que possível, faço companhia para alguém nessa curta caminhada. E você tem razão, eu também morria de medo desse cemitério quando estava vivo.