Segredos do Pântano I-Uma aventura sombria e molhada

As árvores desenham-se,conforme o ambiente.Possuem troncos retorcidos,de aparência pouco confortável,lembram membros vivos,assustadores.A cor é lamacenta,e não retêm a parca luz do sol.As copas exibem um verde opaco em suas folhas.As raízes sobressaem-se da água lamacenta.Têm a cor escura.Uma vista tenebrosa.Parecem dispostas a deter qualquer coisa que se aproxime.Mesmo durante o dia o pântano é assustador.A polícia ali não entra quando um ou mais bandidos fogem na direção do pântano.Dizem entre si:" não voltará,o pântano a tudo devora."

- Eu não disse que seria moleza,e que é pura fama do lugar?

Disse assim para a companheira do assalto-que o acompanhava no pequeno barco-,depois do assalto a uma empresa de valores.Haviam roubado mais de 05 malotes recheados com dólares recém- cambiados por uma empresa que dava assistência a um pequeno banco de câmbio da capital.

-Eles possuem seguro.Nada perderam.A empresa de valores é que se danou nessa. E nós é que somos os culpados( rindo).

Disse assim,debochando,enquanto acendia mais um charuto.Largou o barco à deriva largando o timor.Ali a água era extensa,de curso lento e largo. Havia muita lama. Optou num curso lento para embarcação. Usava um remo,de forma vagarosa.

-Eu tenho medo desse local...Dizem que por aqui tem um casal de monstros do pântano...

Ele riu.Soltava largas e longas baforadas do charuto.Largava muita fumaça.Olhava para ela e ria.O bastante para poder irritá-la.

-Temos mais de 200 Mil Dólares conosco,e você está preocupada...com um monstro do pântano?Não seria esse monstro do Eugênio Colonnese?

-Eugênio... o quê?

-Colonnese. Era um quadrinista ítalo-brasileiro criador de Mirza,a mulher vampiro e do Morto do Pântano.As histórias eram publicadas nas revistas Kalafrio e Mestres do Terror,na extinta editora D-arte.Eu era Leitor. Eu sempre adorei revistas em quadrinhos com hqs de terror.

O ambiente se tornou mais frio.A tarde esvaía-se. Uma chuva fina e persistente os incomodava no barco.Nada se avistava além da vegetação e das águas barrentas.Ouviam,agora, o ronco do motor,um som ritmado,em uma melodia monótona e de tom dissonante.O barqueiro,enfim,avistou um espaço na margem um espaço para ser o ancoradouro.Desceram,carregando com esforço os malotes.O homem reduziu o número de malotes tirando as cédulas de alguns e pondo nos mais vazios.

-Estamos ricos.(gargalhava).

Ele disse,com alegria.Ela sentiu o bafo do charuto barato.Virou o rosto e viu a noite se desenhar por entre as copas das árvores.

-Como vamos sair daqui?Onde repousaremos?

-Não devemos ficar próximos do barco.Precisamos ser fortes,corajosos.Caso entrem nos procurando seríamos facilmente encontrados.Dizem que tem uma choupana por aqui,que era usada antigamente pelos caçadores,e pelos pescadores.Vamos procurá-la.

-Minha nossa.Não seria esta a choupana velha do pântano que tem um filho monstro que se alimentava de carne humana.Devorava os caçadores,e os pescadores que nela procuravam abrigo?

Ele soltou uma sonora gargalhada.Exibiu a pistola e uma outra arma de grosso calibre.

-Quem aparecer...levará chumbo.Eu lia os quadrinhos de terror,e parece-me que você é quem cria as fantasias com os monstros(ria muito).

Morena(era assim que era conhecida na favela,onde morava).Era uma filha preguiçosa.Usava drogas e bebia.Sempre conquistava amigos no crime,ou os de má fama no seu bairro.Namorou muitos pequenos traficantes.O namoro acabava quando a polícia,ou os rivais atiravam.Não tinha mais de 23 anos.O corpo era de deusa,o rosto de artista da tv.Mas, a mente era um lixo.Pouco adiantou a mãe ter se esforçando tanto em tê-la numa igreja de crentes.Quando la esteve foi parar na cama de um pastor e acabou um casamento e uma carreira religiosa.Mais de 6 abortos.Navalhou diversos rostos das rivais.O corpo era coberto por tatuagens.Tinha piercings na língua,nos lábios do rosto e nos lábios vaginais-,e até no clitóris.As orelhas eram cobertas por pequenas argolas.Seis tatuagens de caveiras registravam o número de abortos feitos-era motivo de orgulho-ter assassinado.Ter tirado à ferro os filhos dos traficantes mortos pela polícia,ou pelos rivais. Agradava assim,o movimento das "feminazes" ( movimento feminista que defende o aborto)que frequentava.

-Eu gosto de dinheiro por isso me meti nessa com você.Como não consegui ter muita grana fazendo algumas bruxarias,decidi pelo crime.O tráfico de drogas e o assalto.É,claro que, assassinar os filhos que teimavam em serem gerados no meu útero,eu os mandava para a vala.

-Eu sei disso.Falaram-me dos rituais que fazia(riu).Assassina cruel.

Andavam pela mata fechada.Ele sacou de um facão e abriu o caminho com precisos e vigorosos cortes na vegetação.O chão era enlameado.Ela usava um bota(daquelas usadas pelas prostitutas na noite).Ele usava uma botina de operário da indústria.Ele levava alguns malotes encaixados nos ombros,outros malotes iam com ela. Ela dizia alguns palavrões,e reclamava do mau odor do charuto expelido que ele tinha nos lábios,ou entre os dedos.

(continua)

LG

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 14/12/2017
Reeditado em 21/01/2018
Código do texto: T6198485
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