Feliz Natal!

Na noite do dia 24 de dezembro as casas ficaram mais confortáveis, mais aconchegantes. O cheiro da comida penetrava todo e qualquer cômodo, mas ninguém reclamaria das fragrâncias da véspera do Natal. As risadas eram mais constantes e barulhentas conforme a noite chegava e a bebida ia acabando. O vermelho e o dourado enfeitavam as casas com ternura. As luzes piscavam no escuro dos contornos das casas. As árvores nos cantos das salas protegiam os inúmeros presentes embrulhados em baixo. Laços complexos e brilhantes enfeitavam os pacotes que seriam abertos à meia noite. Seriam.

Enquanto os parentes se abraçavam por obrigação e desejavam falso um feliz Natal, um sentimento ruim toma conta do lugar. A gravidade parece mais pesada, o corpo enfraquece, os músculos não têm mais força para os abraços. Um por um, porém não todos, despencam ao chão moles, como frutas podres. Poucos adultos sobram ilesos. Crianças praticamente intactas. Os desejos foram atendidos. A morte daquele tio idiota, da sua irmã, aquela “vadia”. Sua mãe, que te obrigou a ficar com a família hoje. Mas o presente que ela comprou para você ainda está na sala. Feliz Natal!

Lugubre
Enviado por Lugubre em 15/12/2017
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