O contrato do Riso Macabro.

Paul era um pai apaixonado por seu filho Henry, que estava prestes a completar 5 anos naquele gelado Julho de 1996. Passou a maioria dos dias de suas férias organizando uma festa para o menino, uma da qual ele jamais iria esquecer. Sorria pelos cantos da casa enquanto pensava em cada item decorativo que havia comprado. Sua esposa Emily, fazia os doces e o bolo para a ocasião. Mas faltava algo que seria a cereja do bolo. Ele precisava de alguém que animasse a festa. George, seu amigo de trabalho, lhe havia dado um cartão meio sujo com um telefone. O telefone pertencia a "Risos e Companhia", fortemente indicado pelo amigo. Paul entrou em contato com o número e logo foi atendido por alguém que se dizia o melhor palhaço da região e que garantiria a alegria da festa. Combinado o horário e o dia, Paul dormiu, enquanto George não pregava o olho do outro lado da cidade.

Sábado de manhã, Paul acorda Henry para se arrumar e começar a receber seus amigos. O garoto rapidamente da um salto da cama, completamente feliz e da um abraço no pai.

- Esse vai ser o melhor aniversário pai! - exclama o garoto enquanto corre para o banheiro. Paul se sente preenchido por algo bom.

Os convidados começaram a chegar, presentes e mais presentes foram chegando, mas a festa estava mórbida, parada.

- Droga, onde está esse palhaço?! - reclamou Paul para consigo mesmo. Passaram-se algumas horas e Henry dando adeus para seu último colega fechou a porta. Ao virar-se, era nítido as lagrimas em seus olhos. Seus amigos não acharam a festa divertida, como ele ouviu de dois garotos. Paul tentou animar o garoto que recuou e disse sem medir o peso de suas palavras:

- Foi meu pior aniversário! - e correu para seu quarto.

Paul estava arrasado. Deitado na cama, tirou os óculos e colocou no criado mudo.

- A que horas você mandou o palhaço vir? - perguntou sua esposa.

- Falei claramente as 12h! Esse imbecil acabou com o meu dia, com o dia do Henry. Não faço ideia de como se dizia o melhor palhaço da cidade, nem sei porque George indicou esse cretino.

Paul falou isso e desejou boa noite a esposa. Não queria mais falar sobre o assunto. Virou para o lado e uma fria lágrima escorreu por entre seus olhos. No relógio, letras vermelhas apontavam: 10:43 pm.

Gritos altos ecoaram pela casa, fazendo Emily acordar em desespero.

- Paul, acorde! Tem algo errado com o Henry! - Paul rapidamente levantou e fez um sinal de mão para a esposa, para que ela ficasse onde estava. Caminhou pelo corredor e notou que havia pegadas de lama no assoalho. As pegadas vinham do banheiro, começando pela janela. Alguém havia entrado. Voltou para o quarto e pegou detrás de um quadro, num fundo falso, um revólver.

- Tranque a porta, alguém está na casa. Não saia até eu voltar! - Emily concordou abafando o choro no travesseiro.

Paul caminhou devagar, seguindo as pegadas. Notou que as pegadas eram de um grande sapato, não pareciam ser de um adulto comum. Abriu a porta do quarto de Henry, mas nada havia lá. A cama do garoto estava desarrumada, manchas de sangue na coberta e travesseiro. Paul deu um grito de agonia, desespero. Foi até a janela que estava escancarada e percebeu uma buzina, alguns confetes. Se lembrou que George havia dito que o palhaço usava uma buzina para divertir as crianças. Então, Paul olhou o relógio de pulso e seu desespero aumentou. O relógio marcava 12:06min da noite.

- O maldito palhaço!

Paul correu as escadas gritando por Henry, abriu a porta e continuou gritando. Os vizinhos saíam de suas casas assustados. Paul gritava que um palhaço havia sequestrado seu filho, gritava por socorro. Emily aparece com o telefone em mãos, dizendo que George está do outro lado da linha.

- George?! Maldito, quem é esse palhaço?! - Paul gritava histérico.

- Me perdoe Paul, me perdoe. - George falava aos prantos. - Ele nunca para, ele sempre tem fome! Ele levou meu filho anos atrás, e queria meu outro menino Paul, meu único menino! A menos que eu desse outra criança pra ele. Me perdoe! Ele fica na floresta, perto das estacas! Você irá encontrar Henry lá. - Paul sentiu um golpe frio no estômago. Era como se sua alma se desprendesse de seu corpo e flutuasse. Ainda em silêncio, ouviu novamente George pedir perdão, seguido de um estalo oco. George se matará.

Paul aos prantos correu para dentro da floresta que cercava as ruas, arma em punho e gritando por Henry. Ao chegar no meio de uma clareira, ajoelhou-se em prantos. Ele encontrará o que restou de seu filho pendurado à uma estaca.

Mais ao longe, entre as árvores, um sorriso macabro se destacava no escuro. Ele ainda tinha fome.

Ruami De Morais
Enviado por Ruami De Morais em 20/09/2018
Código do texto: T6454544
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