Uma mulher cruel

Alexandra Gleris era linda, mas não era só a beleza que se destacava nela. Era também sua crueldade. Quando criança batia em cachorros e gatos e matava passarinhos com o estilingue de seu irmão. Na adolescência, ela deixou de atacar os animais para atacar os seus iguais: os humanos. Graças a sua beleza física seduzia os rapazes só pelo olhar. Ficavam atrás dela como abelhas no mel, mas o que ela exalava não tinha nada de mel, mas de fel. Alexandra fazia os namorados de gato e sapato. Os traía como se bebe água. Os pobres coitados hipnotizados pela sua beleza exótica e sedutora resistiam até levarem o pé na bunda previsível e inevitável. Era sempre assim. Até ela atingir os 21 anos. Mas o que pode ficar pior, sempre piora. Ela não se contentava mais em maltratar animais e destruir corações de adolescentes. Ela passou a fase 3 do jogo da vida: começou a matar pessoas. Alexandra era muito inteligente e premeditava os assassinatos com precisão cirúrgica. Sempre bolava um plano mirabolante com um álibi que lhe assegurava o direito sagrado de ir e vir. Alexandra Gleris era advogada e usava a lei a seu favor. Era muito rica. O dinheiro que herdara do pai, que só a reconheceu no leito de morte, lhe garantia uma vida luxuosa e extravagante. A linda loira de olhos azul-turquesa e corpo atlético era brasileira, mas tinha preferência por gringos, porque era mais fácil seduzi-los e matá-los. Alexandra nunca se apaixonara por homem nenhum. Só os usava e descartava. Tinha raiva dos homens a começar por seu pai. Um homem rico, culto inteligente que sempre a ignorou por ela ser filha de sua empregada doméstica, concebida numa noite de bebedeira (dele). Sua mãe a criou com seu irmão de outro relacionamento e seu padrasto também não a tratava bem, por ela ser sua enteada e não filha. O único homem na face da Terra que ela gostava de verdade era seu irmão. Bruno era especial e Alexandra o tratava com amor e muito carinho. A linda mulher tinha passado incólume pela justiça por anos e anos, mas sua casa estava para cair. O último homem que Alexandra Gleris matou era extremamente narcisista e exibicionista. Ele filmou escondido, com uma câmera oculta, seus últimos minutos de vida numa transa homérica com a bela advogada, antes dela lhe cravar um punhal no coração. O vídeo era compartilhado em tempo real no Facebook. Agora era questão de tempo para a linda e cruel mulher conhecer um hotel onde ninguém quer se hospedar: o xilindró.

FIM

Luciano RF
Enviado por Luciano RF em 18/11/2018
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