O lado oculto da diálise - o emprego da morte

O telefone tocou pouco antes da noite, era o diretor da clínica de hemodiálise convidando-a para assumir o emprego já na madrugada seguinte.

- De fato o emprego era tiro certo - pensou.

Para quem acabara de concluir o curso de técnica em enfermagem, conseguir um emprego tão velozmente, era pura sorte, tendo em vista que entregara o currículo ainda naquela mesma manhã de um agosto demasiada e surpreendentemente gelado.

Chegou na clínica, como houvera orientado o diretor na ligação do dia anterior, antes das quatro. Naquela hora da madrugada, costumava-se fazer um frio estarrecedor, parecia que o vento invadia as veias sanguíneas e transportava a friagem até o coração, deixando, consequentemente todo o corpo gélido.

Talvez se houvera chegado na cidade há mais tempo, soubesse dos boatos que rondava a clínica de hemodiálise, no entanto, era uma recém chegada de cidadela do interior que aproveitou os programas sociais do falecido governo popular para acessar um curso técnico. Bem por isso pedalou sem medo até o seu empolgante emprego. Certamente, ligaria para Arthur para que ele pudesse ir até a sua casa a noite, onde beberiam vinho a transariam para comemorar o feito.

Foi recebida pelo segurança quando o relógio badalava as quatro da madrugada. Ele a levou até a sala branca, local em que ocorria o processo de filtragem do sangue dos pacientes. Dali em diante Jéssica, a enfermeira chefe, supostamente explicar-lhe-ia todo o procedimento que envolvia o seu serviço.

Ela não sabia, pois era uma novata na cidade. Mas, haviam boatos da existência de um vampiro que vagava em torno da clínica de hemodiálise. Contavam-se história de que os sangues dos pacientes, no processo de filtragem, eram desviados para o vampiro e que por isso eles iam definhando até a morte, bem como tinham sempre que tomar bolsas de sangue que o nefrologista atribuía a anemia decorrente da insuficiência renal. Tais boatos seriam só lenda não fosse o fato de uma jovem ter sido encontrada com o corpo gelado e sem sangue nas redondezas. O inquérito dizia que a morte deveu-se ao congelamento do sangue da jovem que aventurou-se nas frias madrugadas da cidade. No entanto, quem a viu jurava que a moça não apresentava uma gota sequer de sangue. Inclusive o próprio delegado responsável pelo caso acabou sendo transferido e substituído por outro.

No entanto ela estava ali, inocentemente no seu primeiro dia de emprego.

bily anov
Enviado por bily anov em 09/01/2019
Reeditado em 09/01/2019
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