Palmas para os ZUMBIS - O início do caos

A esfera ensandecida caia com grande velocidade, fruto dos restos da explosão ocorrida no planeta Notpirk há dois mil anos, Este pequeno meteorito atingiu o lago que fica no centro da cidade de Palmas-TO. Não se trata de um lago de fato, mas de águas represadas que ganharam esta melhor denominação, sendo utilizado por algumas pessoas para pesca clandestina e lazer, embora se encontre com certa facilidade elementos pútridos nas suas águas revoltas.

Ao acertar a água, o objeto expeliu uma estranha luz esbranquiçada, desintegrando-se após algumas horas.

Apesar do grande impacto, ninguém notou o acontecido, já que era madrugada e a força ocasionada pelo choque provocou nada mais do que algumas pequenas ondas no lago.

Contudo, antes de desaparecer por completo, um diminuto fragmento do meteorito acabou sendo engolido por uma piranha, sendo bastante comum esta espécie de peixe carnívoro nestas águas. Frequentemente banhistas desavisados tem parte de dedos decepados pelos furiosos nadadores.

A piranha havia sido contaminada pelo estranho objeto vindo dos ciclópicos e inexplorados abismos do espaço cósmico, território onde a matéria escura ganha corpo e molda toda a existência, conhecida ou não dos seres humanos.

Três pescadores locais acabaram fisgando o animal contaminado. Embora o peixe não seja de muito agrado ao paladar dos habitantes, foi decidido que seria aproveitado em um belo caldo e vendido como se fosse algo de maior valor. Um dos pescadores comercializava seus produtos na feira que ocorre todos os domingos na cidade. Era manhã quando o vendedor colocou a mistura de peixes e fez uma gororoba apelidada de caldo levanta defunto.

No outro lado da cidade dois policiais militares faziam a ronda diária, na verdade a "ronda" que eles faziam era estacionar o carro embaixo de uma sombra e tirar um cochilo. Cansados de não fazer nada, a dupla resolveu apavorar pela urbe. Viram uma jovem de dezoito anos andando por uma rua do centro e resolveram fazer uma "revista" na bela jovem.

Passavam as mãos nas pernas da garota e alisavam partes que não deviam. Um deles disse:

Está carregando algo ai menina? Este seu bolso está cheio.

Então apertou as nádegas dela. O outro passou as mãos nos seios da moça alegando que ela poderia estar escondendo drogas no local. A garota saiu chorando enquanto os machões da lei, sorrindo, foram em busca de novas vítimas.

Os policiais viram um homem bêbado andando mais a frente, segurando uma garrafa de pinga. Pararam o carro e desceram com as armas na mão, mandando o embriagado deitar-se. O pobre coitado obedeceu sem pestanejar. Os policiais pegaram a garrafa e despejaram o líquido em cima do bêbado, depois deram vários chutes e mandaram que ele fosse embora e se o vissem de novo por ali iam dar um tiro no seu traseiro. Alegremente os homens da lei resolveram fazer umas averiguações na feira do bosque.

A fama dos brutamontes já era conhecida dos barraqueiros. O pescador, que vendia caldos na feira, percebeu de longe que os agentes da lei aproximam-se e lhes disse:

E aí autoridades, escolham alguma coisa pra comer, por conta da casa. Hoje o caldinho tá uma delícia. Vejam, nosso próprio prefeito está tomando uma peixada piranha.

Era verdade, o prefeito de Palmas estava sentado em uma mesa saboreando a iguaria. Era homem de duvidoso caráter, mas sabia ser popular como poucos. Mesmo sendo milionário, era comum ver sua presença em feiras livres comendo rapadura, caldo de piranhas e outras delícias regionais.

Quando retornava para sua mansão, o prefeito tomava um banho demorado na banheira e mandava os empregados queimarem a roupa usada para abraçar a população humilde, seu nome era Shakiro.

Um dos policiais fez uma referência ao prefeito, sorriu para o vendedor e disse que queria comer o levanta defunto, mesmo prato que Shakiro estava comendo, sem saber que estava temperado com matérias vindas de territórios desconhecidos.

O policial, talvez querendo impressionar o prefeito, bebeu uma dose cavalar do caldo enquanto o outro agente pediu um de feijão. O barraqueiro até ficou impressionado, o caldo de piranha só tinha dado para o político e o policial, dá próxima vez ele tentaria pescar mais piranhas. Os policiais terminaram e retornaram para a viatura.

Empanturrados, desceram o banco e começaram a descansar. Passado alguns minutos decidiram "patrulhar" novamente. O que tinha comido o caldo contaminado de repente começou a sentir enjoos e dor de barriga. Tentou soltar um peido silencioso, mas acabou saindo um estridente foguete fedido, o barulho foi tão grande que seria capaz de fazer o Superman perder a cueca em pleno voo.

Que fedor infernal disse o parceiro do peidorreiro. Meu pai tinha um ditado: Um peido nada mais é do que sinal de que algo ruim vem por aí, disse o porcalhão.

Era noite quando os policiais se dirigiam para o quartel. O que tinha comido o caldo contaminado estava muito mal, pálido e se contorcendo de dor. De repente, ele deu um grande grito ao melhor estilo castrato italiano e perdeu os sentidos. O companheiro parou o carro e viu que ele estava sem sinais vitais. Começou a dirigir para o hospital mais próximo. Quando estavam passando nas proximidades do hospital o defunto levantou-se gritando "Cérebro, Cérebro", o morto vivo atacou seu parceiro, devorando parte de sua cara.

O zumbi saiu andando pela cidade. Ele visualizou luzes piscando freneticamente e foi em sua direção. Na frente do estabelecimento havia vários homens musculosos rebolando. Era uma boate gay. Os homens viram o zumbi vindo tropegamente e um deles falou:

Finalmente o stripper chegou. O Zumbi agarrou um dos bombados e mordeu seu pescoço. O sangue espirrou e em poucos minutos o pânico se fez presente, todos saíram em desabalada carreira.

Do outro lado da cidade, Shakiro, o preito, estava sentindo cólicas estomacais medonhas, soltando quilos de pútridas fezes no banheiro. A esposa do prefeito viu que a situação era grave e mandou um preparar um jato particular que o levaria para Goiânia, coisa que frequentemente faziam quando queriam um atendimento médico de melhor qualidade.

Logo a epidemia zumbi atingiu vários pontos de Palmas, pessoas gritavam e corriam pelas ruas, alguns tentavam tirar selfies com os zumbis e logo a notícia viralizou mundo afora.

Em Brasília, assustados com a situação, os dirigentes do país pediram ajuda internacional. Em uma breve videoconferência os chefes de poder das maiores potências concordaram em enviar ajuda ao Brasil, visando conter a epidemia o mais rápido possível, já bastava o Zica vírus para se preocuparem.

Logo uma bomba atômica atingiu Palmas e a cidade foi destruída, assim como os zumbis, pelo menos por enquanto, já que Shakiro, o prefeito, na mesma hora em que Palmas era dizimada da existência, pousava com seu jatinho particular em Goiânia, aquilo era o inicio do fim da humanidade.