O lado oculto da diálise - fim

Raimundo vinha de longe, não conhecia a cidade, não tinha dinheiro, tampouco estudo. Era tão somente um camponês que tivera o infortúnio de rumar para cidade grande, devido a insuficiência renal adquirida na pulverização de agrotóxicos na fazenda de Jair.

O velho camponês pensava ser pai de Vanessa cuja mãe morreu no parto. No entanto, ela fora concebida do estupro que Jair cometera em Diana, esposa de Raimundo que adquiriu insuficiência renal pulverizando agrotóxicos nas terras de Jair que era dono da Clínica de Hemodiálise, além de deputado.

Raimundo era apenas um camponês com semblante desgastado pela labuta rural, embora tivesse idade média o corpo definhando ilustrava um homem esperando o final da vida.

No entanto, em uma tarde de outono, quando observava, da rede de sua varanda, a fina garoa que caía sobre a valeta de lama por onde corria os esgostos da favela onde morava, chegou um homem de cara sisuda.

Disse-lhe que se chamava Nestor, que já fora delegado da cidade, que tivera um irmão chamado Michael, bem como tinha notícias de Vanessa sua filha desaparecida há quase três anos.

No dia seguinte Raimundo tinha em suas mãos uma massa de modelar. Ninguém percebeu que na saída ele apertou tal massa na chave da porta de entrada.

Naquela noite dois homens entraram na clínica de hemodiálise com um grande saco plástico. Após duas horas os mesmos retornaram com um caixa de isopor.

Do outro lado da cidade, ainda naquela noite, Jéssica acompanhava o transplante renal em um paciente aparentemente pobre, entretanto, tivera dinheiro para custear o procedimento em um clínica clandestina, bem como conseguir, não sabe-se como, dois rins em perfeito estado.

Pela manhã, o guarda da clínica de hemodiálise apavorou-se ao ver o patrão desfalido sobre a cadeira, onde, sob uma mangueira conectada em sua jugular, vertia suas últimas gotas de sangue.

A autópsia relatou que a morte deveu-se a inexistência de sangue no corpo, no entanto, sangue algum fora encontrado no local, embora uma mangueira estivesse introduzida em sua jugular. No fim o relatório mencionava a extração dos rins, porém não fora essa a causa primária da morte.

Decerto, comentava a população, o vampiro que rondava a região também se alimentava de rins.

NOTA: sugere-se, para melhor compreensão, aos que queiram ou que apreciaram a história, também lerem as outras três partes que compõem esse conto.

bily anov
Enviado por bily anov em 15/01/2019
Reeditado em 15/01/2019
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