COLETÂNEA - microcontos de terror (homenagem para alguns autores de terror)



 
I
Jota, não era uma letra apenas e sim uma tatuagem no meio da testa do pior marginal daquele porto perdido. Usava e abusava das moças de apêndice escondido, depois deixava seu 'J' gravado com a ponta da lâmina em suas genitálias. Até ser surpreendido em pleno ato por Oscar, nega forte e destemida, que atravessando seu leque por seu orifício, finalizou o assunto se utilizando da própria navalha dele, noite de festa no cais.

 
II
 
Fernanda adorava contos de Dickens, se sentia como se vivesse na era vitoriana, suspirava a cada página lida. Só que a ganância que existia nela desde a infância, se exarcebou até a madura idade, corroendo seu humor e expectativas. Solitária, só expiou suas culpas e redemoinhos da alma, uma redenção por assim dizer, depois que os fantasmas de suas vilanias, com muitos tormentos, quase deram cabo de sua vida e um estalo no peito a fez corrigir alguns erros, ganhando um tempo a mais na ampulheta do tempo.

 
III
 
Luis apesar de seu jeito rural, possuia a mente obstruída por sangue, entranhas, assassinatos e torturas monstruosas, crimes minuciosamente engendrados e por incrível que pareça, o fel da alma não corroía seu viver, como um médico e um monstro convivendo em harmonia dentro de um único ser. Sua preferência por torturar corruptos, gordas e safados deixou de ser segredo, quando seu porão foi descoberto, o que foi encontrado por lá sem querer, apavorou uma cidade inteira. Ao ser preso, a consonância existente dentro dele se partiu, foi para o cadafalso em choros convulsivos  e gargalhadas arrepiantes, num espetáculo bestial.

 
IV
 
Iolanda, era uma mulher de muitos predicados e poderes, linda e abusada, doce e ácida, ia da poesia ao terror numa fração de segundo, era uma pessoa surreal, talvez por sua profissão, advogada de causas sorrateiras, já havia visto de um tudo nos anos de tribunal. Suas defesas eram memoráveis, muitos assassinos confessos se safaram com seu talento, até que lhe chegou um caso tão cruel que não foi capaz de aceitar, pagou caro por isso. O assassino da menina de três aninhos, a retalhou em lâminas finas, da mesma forma que com a menina fizera, com o agravante de mantê-la acordada durante quase toda a seção de tortura. Sua alma, por causa de suas antigas defesas, ficou num interlúdio entre Céu e Inferno penando pela eternidade.





* Uma singela homenagem, para os autores de terror Luis Cláudio Santos, Iolanda Pinheiro, Fefa Rodrigues e Jota Alves.   
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 25/01/2019
Reeditado em 25/01/2019
Código do texto: T6559139
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