O Maníaco da Internet - DTRL32

“Era só uma garota de quinze anos andando ás 23h00min por um lugar desconhecido após marcar um encontro com um carinha qualquer que conheceu na internet. Foi num site de relacionamento que Magda, sua amiga, indicou-a.”

--- TESTEMUNHA 1 --- RELATOS DE SUA AMIGA - MAGDA ALVES---

Magda revelou aos prantos que se lembrava bem dela dizer que queria mesmo conhecer alguém mais experiente, e ia cadastrar-se no site e logo perderia sua virgindade.

Já havia um ano que eles teclavam, tudo começou com palavras sedutoras pelo Messenger, depois trocaram telefones, logo vieram as brincadeiras pelo watts, e por fim troca de nudes e sexo virtual.

- Ele se parece com um Deus grego. - Dizia Estefany para Magda.

- Você o viu em algum vídeo? – A amiga perguntou.

- Não, ele é casado, não pode enviar vídeos.

- Amiga, isso é muito perigoso – Advertiu Magda, mas Estefany não queria saber, estava entorpecida pela oportunidade de se entregar a alguém mais experiente e além do mais a sensação do proibido a movia intensamente. Era como a corda que se dá aqueles brinquedinhos de criança.

Estefany ficava ainda mais excitada quando seus pais estavam em casa. A sensação de que um deles a qualquer hora abriria a porta e a encontraria masturbando-se enquanto teclava com Cláudio deixava-a ainda mais louca.

Desde os treze anos a jovem sonhava em encontrar alguém e deixar que ele mergulhasse em seu corpo como se ela fosse um mar e ele um navio a deslizar por suas curvas, quebrar suas ondas, navegando no ritmo calmo e louco de seu corpo, aliado ao desejo intenso de ser um tsunami. Talvez ela fosse precoce demais, mas entre desejos e devaneios de uma adolescente ela se guardava para algo intenso e insano.

--- DIA 14-09-2018 – 23h00min – PROXIMIDADES DA CASA DE

ESTEFANY ---

Naquele dia ela disse para os pais que dormiria na casa de Magda e saiu despedindo-se com um beijo no rosto de cada um.

- Vá com Deus querida! E tome cuidado! - Falou o pai, enquanto a mãe levava as louças do jantar para a pia na cozinha.

--- TESTEMUNHA 2 ---

Humberto Marques, de 21 anos de idade, vizinho da vítima, que não possuía um dos braços, devido a um acidente em um ônibus quando ainda era criança foi uma das testemunhas chave na ocasião.

O pobre garoto perdeu o braço quando colocou o braço para fora da janela do escolar e quando o motorista viu era tarde demais, outro ônibus na direção contrária levou o braço do menino como se estivesse arrancando o galho frágil e seco de uma árvore que invadira a rua. A cena foi aterrorizante para as outras crianças.

Fato é que na noite do desaparecimento de Estefany, ele relatou ter visto quando a garota entrou no Peugeot 206 estacionado na esquina de sua casa após os faróis piscarem. A porta foi aberta assim que ela aproximou-se.

- Mas - Ele ouviu-a gritar, quando de média distância espiava a cena surpreso, enquanto a moça foi puxada para dentro do carro. Humberto estava do outro lado da rua, colocava o lixo para fora de casa, pois o caminhão passaria no outro dia às seis da manhã para recolhê-lo. O motorista ligou o carro e saiu cantando pneus, ele disse. O rapaz não soube o que fazer no momento, não pareceu que ela entrou no carro a força, poderia ser só um namorado. Apenas deixou para lá e entrou novamente para sua casa.

Dois dias após um carro com as mesmas descrições que Humberto informou foi encontrado em uma cidade vizinha, abandonado, investigamos a procedência dele e descobrimos que o mesmo havia sido roubado na tarde anterior ao sequestro.

---DIA 21-09-2017 – 14h00min – VÍDEO POSTADO NO YOU TUBE –

FONTE ANÔNIMA E IRRASTREÁVEL ---

A boca sangrava, o líquido era grosso e escorria calmamente encharcando-lhe os lábios. O sangue minando a partir de suas gengivas, não tinha mais todos os dentes, ao menos dois deles pelas imagens haviam sido arrancados por um alicate de bico. O rosto, pálido e sem vida, era arranhado por uma navalha.

O autor do crime usava uma máscara de frio. Seu olhar era algo demoníaco. Pouco dele era mostrado, apenas a cabeça, sendo que o rosto era escondido pela máscara, ele usava um boné vermelho. Hora ele acariciava-a com as costas de sua mão, outrora a cortava com a mesma mão esquerda que a acarinhava. Com a língua evitou que o sangue caísse ao chão numa lambida perturbadora subindo no queixo da vítima lambendo o nariz e a testa. Ela gemia inquieta. Dava para sentir a repulsa nos olhos da jovem que tremia nitidamente a cada investida. Ele baixou a blusa dela deixando os pequenos seios à mostra. Acariciou-a novamente, quase de forma delicada, as costas dos dedos deslizando sobre os seios e num movimento circular pairando sobre os mamilos enrijecidos, então pegou uma tesoura.

Ela se debatia na cadeira, presa. Ele parou abruptamente á sua frente abrindo e fechando a tesoura repetitivamente, os olhos já arregalados. Dava para ouvir o barulho das lâminas se encontrando, aquilo era perturbador. Os olhos dela demonstravam todo o pânico que sentia. O violador apertou a tesoura contra um dos mamilos dela, cortando-o, forçosa e lentamente.

Os gritos abafados de Estefany provocavam os risos do covarde. Ele a cortou e arranhou o quanto pôde, pegou várias seringas e cravou as agulhas pelo corpo dela, uma a uma, enfiando com calma as agulhas. Ela estava banhada em sangue. Cortes finos que a faziam sofrer intensamente, enquanto a preservavam viva. Fez isso repetidas vezes. Ela cada vez mais fraca. O rosto dela cada vez mais pálido e sem vida. A última imagem que se viu foi a de um cartaz que tinha os seguintes dizeres escritos com sangue.

“VOCÊS NUNCA A ENCONTRARÃO”

Inutilmente tentamos encontra-la por oito longos meses, mas de nada adiantou. Fotos circularam pela televisão, jornais, perfis de facebook’s e whatsapp’s, tudo muito rápido. Mas não havia pistas. Depois desse tempo demos o caso por perdido.

---DOIS ANOS MAIS TARDE - UM NOVO CRIME---

Dois anos mais tarde um jovem morre misteriosamente no mesmo bairro, suspeita de envenenamento.

Causa da morte, desconhecida e suspeita ao primeiro momento. Os peritos concluíram que o garoto caiu na sala de estar de sua casa, minutos após beber um suco que ele mesmo preparara, o copo estava caído ao seu lado, em pedaços. Havia sinais vômito e diarreia. Ele estava contorcido no chão, e a boca espumava. Aparentemente ele havia sofrido muito à frente de sua mãe até a morte. A pobre velha mal teve forças para se erguer do sofá. Apenas uma autópsia revelaria o verdadeiro segredo por trás daquela morte, ou se fosse assassinato a pessoa que o fez.

Cheguei até a casa dele, meus sentidos me diziam que havia algo de errado, me abaixei próximo ao local onde o corpo havia sido encontrado quando a perícia chegou, o som oco dos meus passos fez-me descobrir uma entrada debaixo de um carpete que dava para um estranho porão. Retirei o carpete e icei a portinhola, desci as escadas e lá estava ela, completamente deformada. Presa em uma espécie de cela feita de uma tela resistente, onde o idiota fazia suas refeições diariamente ao lado dela. Estava irreconhecível. Dava pra ver os instrumentos de tortura que o rapaz usava. O medo nos olhos dela como de um animal que teme seu dono.

---"O MANÍACO"---

Ele morava sozinho com sua mãe que era deficiente visual e sofria de mal de Alzheimer e trombose. Cuidava dela, que recebia uma gorda pensão de seu pai, um ex-militar. No porão havia remédios sobre a mesa; morfina, lidocaína, analgésicos, remédios controlados e vários outros. Tinha de tudo que pudesse se imaginar, uma dispensa enorme repleta de mantimentos, não havia janelas, apenas o cheiro de mofo que adentrava minhas narinas, e um exaustor que dava em uma lareira na sala, a única fonte de ventilação.

Tirei-a da cela rapidamente e ela me abraçou aos prantos. Soluçava como uma criança. Seus dentes pareciam podres e o rosto cheio de cicatrizes finas, que demonstravam nitidamente o quanto ela havia sofrido.

- O que aconteceu com ele? - Eu perguntei. Ela então abriu a mão. A princípio não entendi o que a jovem estava tentando me dizer com aquele frasco de mercúrio, mas enfim percebi o que havia sido feito. Ela apenas sorriu e disse.

- Ou ele tomaria isso ou eu. Já não suportava mais, demorei muito tempo para conseguir descobrir algo que ele não conseguisse perceber e que fosse letal. O mercúrio, eu utilizava para as feridas. Agora vou presa? - Eu não sabia o que pensar. O que faria? Não tive escolha. Foi então que tive aquela louca ideia.

Um ano depois o júri a havia condenado, alguém teria que pagar por aquele homicídio, e ela precisava de um lugar para ficar, de alguém que entendesse sua dor. A pobre coitada foi dada como louca e teve que passar o resto dos dias no sanatório municipal onde receberia todo auxílio necessário após ter colocado mercúrio erroneamente no copo de suco de seu filho Humberto Marques.

Eu, assim que a casa foi desocupada, comprei-a. Estefany foi encontrada em uma cidade vizinha dentro de uma casa abandonada, por um policial amigo meu, que me devia um favor. Nunca foi encontrada a pessoa que a sequestrou. Ela reencontrou seus pais e após algumas cirurgias plásticas teve sua vida parcialmente restaurada.

O porão ainda existe. Uso ele para cuidar destes maníacos que encontro de vez em quando por aí.

Ass: Tenente Investigador Euclides Nunes.

TEMA: PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Sidney Muniz
Enviado por Sidney Muniz em 06/02/2019
Reeditado em 08/02/2019
Código do texto: T6568109
Classificação de conteúdo: seguro