Observador de Londe

Do alto do prédio em construção, num ponto estratégico onde ninguém que passa pela rua possa me ver, observo todos os carros, pedestres, e também o movimento naquela praça. São vinte e duas horas, noite de lua cheia, meus instintos estão à flor da pele.

O que desejo? Sangue! Na sua melhor forma: quente, sugado direto do pescoço, de preferência jovem e feminino.

Um casalzinho apaixonado na praça me chama atenção. Trocam beijos quentes e juras de amor. Minha boca chega a encher d’água imaginando aquele gosto jovem, cheio de vida. Toda aquela esperança de viver uma vida inteira juntos, até que a morte os separe. Ou até que meu abraço mortal os separe.

Do outro lado da rua uma moça com seus dezenove anos passeia com seu cachorro, um pastor alemão. Ruiva da pele branca, chego a sentir um calor no peito ao imaginar aquele sangue sendo sugado, aquele pescoço fino me fornecendo o líquido vital.

Na esquina vejo duas garotas bebendo e fumando, e imagino aquele sangue batizado com nicotina e álcool, o que também me forneceria um grande prazer. Elas conversam distraídas, sentem toda segurança do mundo sem imaginar que daqui de cima a morte as observa, á espreita.

Após um momento mapeando a área, chega o momento de agir, descer lá embaixo, seduzir e beber o que me manterá mais vivo e forte, mais vistoso e elegante, mais rápido e ágil.

Desço pela escada de incêndio até o beco e saio pelas ruas. Ninguém suspeita de mim, acham que eu sou apenas um homem pálido normal, de cabelos negros lisos penteados para trás em seu sobretudo preto.

FIM

Higor Santos
Enviado por Higor Santos em 10/02/2019
Código do texto: T6571618
Classificação de conteúdo: seguro