MALUCA DA SERINGA

Branca tinha um apetite ímpar. Comeu a maçã vermelha, depois comeu também a Bruxa que a tinha dado, comeu Soneca quando este dormia, e depois de comer a casa de João e Maria acabou roliça e diabética.

Sua chefe, Rapunzel, ficou preocupada.

- Migs, que houve? Porque anda tão... ansiosa?

- AI migs, é que...

Antes que terminasse de responder, adentrou no escritório a faxineira: sorriso largo, cabelos cheios e crespos, charme e simpatia incomuns. Cinderela era seu nome. Sempre que aparecia com vassoura e balde, silêncio se fazia como se Beyoncé em pessoa tivesse chego. Isso despertava um odiozinho no coração de Branca Neves.

Seu noivo, que também trabalhava ali, chamado Príncipe, não conseguia disfarçar o interesse em Cinderela (e a falta de interesse em Branca).

Rapunzel percebeu o olhar fulminante que Branca direcionava à Cinderela.

- EI! - gritou Branca: - Limpa melhor aqui!

E cochichou para Rapunzel:

- Acho melhor achar outra faxineira... essa aí é horrível! Não presta pra nada!

- Hm... pensarei no caso.

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Carnaval. Branca assiste o desfile no sofá da casa com a agulha da insulina numa mão e um hambúrguer na outra. Estava prestes a dar uma mordida no suculento lanche quando viu Cinderela requebrando na TV, Príncipe ao lado.

Uma veia do seu coração explodiu quando ela gritou de ódio.

Pariu uma ideia.

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Quando Atchim teve um ataque de tosse, uma seringa foi espetada em seu braço. Nela, o HIV abundou. Ele não percebeu.

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Alguém com uma capa vermelha desbravava a multidão, empurrando sem dó todos em seu caminho. Viu uma loira a sua frente, a empurrou, ela reclamou, e foi espetada. Chapeuzona desapareceu antes que pudesse ser parada.

No alto de uma subida, um homem revidou seu empurrão. Chapeuzona rolou rua abaixo, sua camada de gordura a protegendo das pedras.

Levantou-se com dificuldade, quando seu olhar a captou: Cindebeyoncerela, sorrindo e sambando a 200m.

Partia em direção a ela quando ouviu:

-OLHA O HOT-DOG DO FÉLIX!

Sua atenção foi desviada imediatamente para o vendedor alto e moreno. Paralisada, não sabia pra que lado seguir.

Prioridades: comprou um dogão, depois foi atrás de Cindybey.

A safada bebia com Príncipe.

Chapeuzona levantou o capuz e preparou-se para atacar.

Chegou por trás da moça com sua arma mortal na mão.

-Branca? - gritou Cinderela percebendo alguém atrás de si. - É você?

Foi quando Rapunzel surgiu sabe-se lá de onde:

-Cinderela, você está demitida!

-AHN? - Cinderela não compreendia.

Rapunzel puxou Branca de lado.

-PRONTO! Não precisa mais fazer essa loucura! - Apontou a seringa - Demiti a mulherzinha! Satisfeita?

Príncipe abraçava e consolava Cinderela, que chorava pela demissão.

-NÃO! - respondeu Branca. - Só ficarei satisfeita quando ela morrer!

E correu com seringa em punho, pronta pra enfiar na Cinderela.

Príncipe percebeu o que ela ia fazer e se jogou na frente.

Lutaram pela seringa.

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SEIS MESES DEPOIS...

Rapunzel foi no casamento de Cinderela e Príncipe, que foram felizes para sempre.

Branca permaneceu em coma induzido no hospital: HIV+.

TEMA: Tragicomédia