“Há uma luz na casa de Frankenstein”

“Há uma luz na casa de Frankenstein”

Dizem que os monstros são a raro pavil da ultima chama de luz na escuridão de veludo daquela casa que todos dizem ser mal-assombrada... Aquela casa velada e quase adormecida onde, numa heresia, rompeu Frankenstein.

Ainda que seja luz os espectros que assombram na penumbra fazem daquilo (que clareia e dispersa os fragmentos fantasmais, mas que lançam ao chão sombras umbrosas ante a visão da imaginação) uma luz mortiça, opaca, triste, gélida e monstruosa.

Quantos e quantos monstros habitam a casa de Frankenstein?

Essa claridade tão lívida e decadente poderia ser a esperança na total escuridão aveludada que cinge o Universo. A única esperança que esse fulgor alimenta os corações é o medo.

“Há uma luz na casa de Frankenstein”. Um brilho que vai se findar logo, logo. É uma labareda que devia acalmar, esquentar. Mas que, ao contrario ela é a causa pela qual os nervos gelam e os corações sufocam.

É uma luz tão obscura que as próprias trevas fenecem os cômodos de ébano do castelo muito parecido com a presença da forma negra e amorfa da morte.

Essa cintilação fosca emana uma solene, porém, escassa e extinguida sinfonia de cordas que consternam e dominam os mortos através dos caminhos tortuosos de uma perdição que simboliza, pelos axiomas, a ignorância e o misticismo do além-túmulo.

“Há uma luz na casa de Frankenstein”

E a luz vai se findando tão nocivas e dolorosas que talvez nem os monstros notem seu fim. Será isso o fio de nossa vida tão debilmente insensata e infeliz, cujo único fim seja a morte? Ou mesmo assim nós nos satisfazemos, com essa chama miúda (como se ela fosse uma única estrela no sorumbático universo de onde seus raios fossem lançados a milhões de anos-luz de nós num frio. Longe, longe.), pois seria melhor estar com a dor de sonhos perdidos do que sonhar com a morte envolta na casa de sombrio veludo finado.

“Há uma luz na casa de Frankenstein”

Como um sinuoso rio que corre rasgando a noite oculta, nossas vidas efêmeras finda com (e como) essa luz fria. Depois é puro mistério ante a morte, sem sequer aquela nênia sinfônica tocando fundo os corações, saturando-os de tristeza. Como os profundos sentimentos do monstro de Frankenstein, que são indolentes como olhos opacos, mas que ainda é provido de algo semelhante a um coração...

lord edu
Enviado por lord edu em 21/09/2007
Código do texto: T661980