O Misterioso Caso do Deco e o Balão Japonês

Era final dos anos sessenta. E lá onde hoje está a Ponte Rio-Niterói, naquela época existia uma tranquila comunidade, conhecida como Parque Arará, que ficava próxima ao cemitério do Caju. O mês era junho que, depois de dezembro era o mais festejado pela garotada porque, além das férias escolares, haviam também as festas juninas com suas famosas quermesses que costumavam acontecer nas igrejas próximas.

Naquelas festas juninas, além dos doces e quitutes, o que mais atraia a atenção da garotada eram aqueles gigantescos balões que naqueles tempos costumavam enfeitar os céus. Mas a garotada gostava mesmo era de um tal 'balão japonês', que era pequenino e conhecido como 'solta aqui, cai ali', jáe subia rápidamente, mas logo em seguida já começava a cair, fazendo a alegria da molecada.

E foi justamente em uma noite de sexta-feira que, correndo atrás de um balão japonês que estava caindo dentro do cemitério, juntamente com uma turma de amiguinhos o jovem Deco acabou pulando o muro, entrando lá sozinho, já que os outros cheios de medo, acharam melhor ficar esperando por ele na calçada, do outro lado da rua.

Só que depois de esperar por um bom tempo e nada do Deco aparecer, pensando que alguma coisa de ruim pudesse ter acontecido com ele, ficaram apavorados e foram embora, sendo que ninguém teve coragem de avisar aos seus pais que ele tinha ficado dentro do cemitério e só no dia seguinte, quando alguns deles foram até a sua casa para ver se ele estava lá é que a mãe dele ficou sabendo do seu desaparecimento, já que até então ela estava tranquila, porque achava que seu filho tinha dormido na casa de algum dos seus coleguinhas, coisa muito comum naquele tempos. O desespero tomou conta dela que, chorando muito, correu até o cemitério onde contou sobre o desaparecimento do filho, que ocorrera na noite anterior. Imediatamente formou-se um grupo com funcionários do cemitério e também alguns moradores e amigos dele, que saíram à sua procura. Depois de terem vasculhado por todo o canto, sem nenhum sinal do Deco, seus pais foram orientados a procurar a polícia. E assim foi feito.

Ainda na tarde daquele sábado o delegado enviou uma equipe de quatro homens que, à frente de um pequeno grupo de funcionários do cemitério, 'viraram pelo avesso' toda aquela área onde, segundo os coleguinhas, o Deco tinha ido atrás do balão japonês, mas nada encontraram. Nenhum sinal dele e muito menos do tal balão japonês, que pela lógica, deveria estar caido por ali. O que teria acontecido com ele naquela noite? Uma pergunta, até então, sem resposta...

Até que já tendo se passado cinco dias do seu desaparecimento, chegou a notícia de que o corpo dele havia sido encontrado, justamente lá no cemitério.

Disseram que uma equipe de manutenção fazia a limpeza rotineira em alguns antigos jazigos, quando um forte mau cheiro vindo de um deles lhes chamou a atenção. Era um jazigo de mármore negro e cercado de grades e como o mau cheiro que saia dele era forte demais, eles resolveram entrar para, segundo pensavam, retirar de lá algum animal que devia ter entrado e morrido lá dentro. E como o jazigo estava trancado com cadeado, alguém foi até a administração e pegou a chave. Mas ao entrarem eles se depararam com uma cena dantesca; deitado completamente nú e de bruços em cima da campa, ali estava o corpo do jovem Deco... Imediatamente eles avisaram a administração e logo em seguida a polícia foi chamada. Já no local o perito, quando desvirou o cadáver, percebei que a sua boca tinha sido costurada e, pelo seu volume, havia alguma coisa bem volumosa dentro dela. E quando a abriram, viram que dentro dela, muito bem dobradinho, estava o tal balão japonês e quando o retiraram de lá, alguma coisa caiu no chão; era um pingente de bronze, onde de um lado estava escrito: "Demóstenes Costa, o Deco" e do outro lado apenas duas datas; "13-6-1801 a 13-6-1853".

A polícia não conseguiu chegar à nenhuma conclusão sequer razoável sobre aquele caso, que ficou conhecido com 'O Misterioso Caso do Deco', ficando registrado nos anais policiais apenas como mais um mistério indecifrável.

A única particularidade percebida foi uma incrível 'coincidência'; tanto o jovem Deco, quanto o outro misterioso Deco, morreram em um dia 13 de junho.