Piada sem graça

Tinha uma crença cega em si mesmo. Não acreditava em santos, orixás, Vodu, Deus ou no Diabo. Acreditava no que o dinheiro podia comprar e isto lhe bastava. Alan Jonis viveu assim durante pouco mais de meio século. Torrando a fortuna herdada dos pais sem se preocupar com o amanhã. Até descobrir, num exame rotineiro, que tinha apenas 3 meses de vida. Ficou chocado ao saber disso. Quem não ficaria? Não tinha filhos, esposa, família, nem ninguém! Corrigindo: tinha um amigo que conhecera mês passado, numa boate, durante uma noitada regada a muito uísque e vodca. Na falta de ter para quem ligar e desabafar, Alan ligou para ele. Marcaram um encontro para o dia seguinte, às 15 horas, na praia de Copacabana, no banco onde fica a estátua do grande poeta, Carlos Drummond de Andrade.

Alan chegou primeiro. Esperou durante longos 35 minutos. Nicodemus chegou apressado com uma roupa ideal para ir a um enterro, não a um encontro. O terno preto e a gravata de mesma cor do amigo lembravam a Alan que seu tempo na Terra estava acabando e ele não tinha como evitar isso.

Nicodemus e Alan conversaram sobre banalidades durante um bom tempo. Alan estava gostando de Nicodemus e, em razão disso, decidiu se abrir para o amigo de balada sobre sua doença. Quando Alan Jonis contou a Nicodemus que tinha um aneurisma cerebral e apenas três meses de vida, Nicodemus gargalhou. Riu como se tivesse ouvido uma piada engraçadíssima. Alan não achou graça. Não mesmo. Pegou sua pistola .40 da cintura e a descarregou na cabeça de Nicodemus. O corpo do “amigo” caiu ao chão sem vida com a cabeça toda esfacelada. Alan sabia que ia morrer em breve, mas sentiu um prazer imenso, um êxtase profundo ao mandar alguém para o Inferno antes de partir. É como dizem: “pimenta nos olhos dos outros é refresco.”

FIM

Luciano RF
Enviado por Luciano RF em 27/05/2019
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