A Loira da Estrada

Pedro Magalhães estava vagando pela cidade fazia mais de duas horas. Praticamente a esmo. Ele não estava aguentando mais. Uma hora ele iria liquidar tudo. Ele acabaria, como dizem, chutando o pau da barraca a qualquer momento.

Um olho no asfalto, outro no celular. Ele sabia que Valéria não ligaria. Ela nunca ligava depois de uma briga. Era sempre assim, aquela megera orgulhosa. Jogou o aparelho no banco do carona com força. O celular quicou e caiu no chão.

— Porra!

Uma mão no volante, outra caçando o celular no assoalho do carro. Que diabos ele estava fazendo? Assumiu a direção plena bem na hora em que uma carreta carregada de pedra jogava luz alta na sua cara. Jogou o carro para o acostamento e quase bateu no guard raill.

— Caralho. Essa foi por pouco — disse desenvolvendo a marcha e voltando para estrada com o coração caindo pela goela.

Abriu uma cerveja e bebeu em três goles o liquido cevado. Dirigiu por mais uma hora até o carro pedir por gasolina. Na saída do posto, deu de cara com uma loira muito bonita pedindo carona. Ela estava sozinha e vestia um vestido branco curto e indecoroso demais.

— Carona, moça?

Ele não podia deixar de olhar para suas coxas. E que belo par de coxas ela tinha.

— Sim, moço — disse ela abrindo um sorriso inocente. Os olhos dela eram tão azuis quanto o fundo do mar em uma noite sem luar — Meu namorado me abandonou e estou sem dinheiro para pagar o busão, entende?

Pedro abriu a porta para e disse:

— Diga-me onde tu moras, e eu a levarei.

Ela entrou e passou o endereço.

Pedro não conseguia parar de olhar para as coxas da loira. Ela ficou vermelha ao perceber e ajeitou as mechas douradas atrás da orelha alva e delicada. Seu nome era Ivone. Ela não falava quase nada. Do mais, ela só respondia por educação. Estava muito brava com o namorado e disse apenas que ia terminar com ele. Pedro lhe contou um pouco da sua situação e Ivone ficou muito interessada.

— E vocês brigam muito? — ela perguntou.

Um olho na estrada e outro nas coxas da loira. Pedro estava particularmente nervoso e sua ereção o estava incomodando ao dirigir. Que loira. Agora ele fitou os olhos azul marinho dela.

— Sim, até de mais — respondeu voltando a prestar a atenção na estrada. Deu seta para a esquerda e pegou uma rota de retorno que cortava a rodovia. Depois dali era só entrar no bairro e segui em frente. Ele nem sabia que horas eram. — Acho que desta vez vamos terminar. Nunca fiquei tanto tempo longe de casa.

— Acontece — disse Ivone, e a mão dela escorregou até a coxa de Pedro. — Logo você vai encontrar alguém melhor.

Pedro olhou de relance e notou que Ivone estava mordendo o lábio inferior.

— Pode ser você, querida — ele deixou escapar e se arrependeu de ter dito. — Ah, perdão querida. Não pense mal de mim. É que tive um dia muito ruim hoje.

— Eu entendo — disse Ivone, a mão massageando a coxa de Pedro, cada vez mais perto do seu membro. — Mas eu não me senti ofendida. Na verdade, você é muito gostoso sabia?

— Sou?

Ivone apertou o membro ereto de Pedro por cima da calça.

— Muito.

Depois ela colocou um dedinho na boca e fez cara de menina inocente.

— Você é muito levada, sabia?

— Sou?

Antes de Pedro responder, Ivone estava com a cara entre as pernas dele. Ele gemeu e desacelerou o carro. A loira abriu o zíper e apertou o pau dele com vontade. Ficou massageando e passando a língua pelos lábios, lubrificando-os como uma cobra ao sibilar.

— Quer mesmo fazer isso?

— Você não quer?

Ela fez carinha de anjo de novo.

— Eu seria um idiota se não quisesse, certo?

— Relaxa e goza.

— Claro.

— Vou fazer você esquecer sua mulher por alguns instantes.

Enquanto ela o chupava, Pedro levou o carro para uma rua sem saída que ele achou por pura sorte ou instinto. Estava completamente escuro e deserto. Era uma rua que ficava entre alguns condomínios de luxo. Mas àquela hora ninguém estava por perto. Quando estava perto do orgasmo, ela veio por cima dele e sentou. Agora cavalgava ele com intensidade. Mesmo depois dele gozar, ela continuou subindo e descendo até ela atingir um orgasmo muito forte. Ela jogou o pescoço para trás e ele beijou a garganta pálida dela, estranhamente gelada. Quando ela voltou a olhar para ele, havia algo sinistro dentro daqueles olhos como poças de tinta azul muito escura.

— Pedro, você me acha bonita?

— Sim, claro.

— Atraente?

Que pergunta.

— Obviamente.

Ela riu de forma travessa.

Pedro ligou o motor novamente e saíram daquele lugar. Não trocaram nenhuma palavra por muito tempo.

— O que foi querido?

— Nada.

Mas na verdade ele sentia o ar sufocado. O arrependimento talvez. Ele não devia fornicar com a primeira puta que encontrasse na rua. Isso estava errado. Mas também porque a presença daquela mulher agora era bastante sinistra. Ela olhava para ele não com desejo, mas com o olhar de uma predadora. Não havia mais nada de angelical naquela moça.

Pedro começou a tremer.

Seguindo pelas coordenadas de Ivone, Pedro se viu entrando na rua do cemitério da cidade. Lá estava a capela no final da rua e a sua esquerda as catacumbas a perder de vista subindo pela colina até quase tocar a lua pálida daquele céu morto e escuro.

— Que diabos é isso?

— Onde eu moro, meu bem.

Os pelos do braço de Pedro estavam em pé. Parecia que havia tomado um choque.

— Isso é brincadeira, ok?

— Não querido. Mas você me acha bonita?

Pedro hesitou.

— Acha? — Ela tornou a perguntar novamente.

— Sim, mas não estou gostando disso.

Ela sorriu como um cadáver.

— E agora? — Ela perguntou mais uma vez.

Mas agora, seu rosto angelical estava diferente. No lugar de um anjo havia um demônio cadavérico, a pele do rosto se desmanchando como papel apodrecido. No lugar dos olhos azuis havia agora apenas o vazio sepulcral das órbitas de um esqueleto.

— E agora, filho da puta? Ainda me acha bonita?

Pedro não respondeu. Antes dela perguntar ele estava abrindo a porta do carro. Agora ele sumia na escuridão da noite gritando feito um jegue e puxando o cabelo até não restar um fio na cabeça.

Conegunndes
Enviado por Conegunndes em 28/05/2019
Reeditado em 02/06/2019
Código do texto: T6659122
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