O ESPELHO DO PORÃO - parte 2

2011

TOMÁS

Tomás Figueiredo, 24 anos, alto, moreno e de cabelos escuros. Amigo de classe e pretendente apaixonado de Elizabeth. Fissurado por Psicologia, muitas vezes foi escolhido para ser representante de classe por conta de seu desempenho, mas recusava. Ele era o mais inteligente do seu grupo, formado por Douglas Costa, Adriana Monteiro, Renata Schimdt e Elizabeth. O grupo sabia que Tomás gostava de Elizabeth, mas não faziam trabalho de cupido, pois ele não gostava desse comportamento adolescente.

As aulas voltaram em fevereiro, e o grupo se reencontrara no mesmo local, o pátio da Universidade. Grande e espaçoso, com muitas mesas redondas espalhadas. Quatro desses amigos colocavam o assunto em dia com exceção de Elizabeth que ainda não chegara.

Quando viram uma moça com cabelos negros cacheados, gritaram o nome da amiga:

- BETH!

A moça não se virara, e olhava para o local com expressão de quem procurava alguém. Os amigos partiram em direção da colega. Quando se virara, a moça estava mais magra, pálida, com olhos mais fundo e sua voz mais densa e rouca que de costume.

- Oi! Tudo bem gente? Desculpe, estou meio assustada ainda.

- Assustada? - perguntou Renata – Com o quê? Com as matérias novas ou em saber que aquele professor chato vai lecionar esse semestre de novo?

- Não sei... Creio que deve ser besteira da minha cabeça.

- Você está mais magra. O que há? Não foi almoçar esse mês de Janeiro não? - brincava Douglas.

- Não... Não é isso. Após meus pais mudarem de casa, não tive férias normais...

- Ah sei - interpelou Adriana, a amiga mais chegada - Mudança é realmente um saco, amiga. Não esquenta que a gente vai sofrer mais fora de casa do que dentro. - satirizou a moça.

- Talvez. – disse ela, fazendo todos rirem.

Eles continuaram a conversa, sorrindo e entretidos com o papo, menos Tomás, que estranhava a amiga.

O sinal tocou e tiveram que ir até a classe. O professor, com fama de chato e rígido, iniciou a aula, depois da saudação, com a explicação da matéria: Transtorno Dissociativo de Identidade.

Após uma aula envolvente e instigante, o professor separou trabalhos para que os grupos executassem com apresentações até o final do semestre. Os alunos deveriam se reunir para uma pesquisa coletiva e colherem dados a respeito do tema proposto.

Tomás, que antes estivera em silêncio, dissera ao grupo para separarem uma casa que ainda não se reuniram. Por incrível que pareça, ouviram:

- Pode ser na minha casa?

Todos olhavam admirados para a moça que nunca permitia visitas na sua casa e pouco falava da família.

- Elizabeth? - perguntou Tomás.

- Qual o problema? Já fizemos muitos trabalhos na casa de vocês e nenhum trabalho na minha casa nova. Eu amo vocês e quero todos bem perto de mim - dizia isso abraçando Adriana.

O grupo havia concordado e despediram-se todos. Antes que fosse embora, Tomás pegou na mão da amiga e lhe olhou preocupado.

- Beth, você está bem? Disse que aconteceram algumas coisas na sua casa nessas férias. Quer me contar o que houve?

- Ah sim. Posso te fazer uma pergunta? Promete que não vai me achar esquisita ou estranha?

- Sou a todo ouvidos. Espero que não tenha matado ninguém - debochava.

- Você já ficou se olhando no espelho à noite? Tipo... Num lugar fechado?

- Beth, do que você tá falando?

- Não sei. Foi só uma pergunta. - de repente, ela se irritou. - Eu sempre soube desse teu jeito desconfiado de tudo. - disse com um tom de voz maquiavélico.

- Espera aí. Calma, Beth, eu só fiz uma pergunta. O que aconteceu?

- Por que perguntou de morte, hein? Por quê? - dizia num tom ríspido. - Você sabe como é difícil morar onde eu morava? Por acaso sabe de alguma coisa que eu passei, seu otário?

- Beth! O que está acontecendo, menina? Por que você está gritando comigo? O que eu te fiz? - suas mãos suavam, pois, além de nunca ter visto a amiga assim, gostava muito dela e nunca tiveram uma discussão do tipo.

- Saiba de uma coisa, nem ouse intentar dar em cima de mim, seu idiota! – exclamou enquanto saía de perto do jovem.

Tomás ficou perplexo com o estranho comportamento de Elizabeth, que mudara de repente com ele. Ele começava a suspeitar do convite para realizaram o trabalho na casa de Elizabeth e o porquê ela ter surtado diante dele.

Continua...

Leandro Severo da Silva e Revisão e edição: Mariel F. Santolia
Enviado por Leandro Severo da Silva em 20/06/2019
Reeditado em 20/08/2019
Código do texto: T6677443
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