FÁBIO, O Brando e os diamantes de sangue (terror/policial)

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'...eu só quero é ser feliz, feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci, e poder me orgulhar e ter a consciência, que o pobre tem seu lugar...' já diz um funk antigo muito conhecido da dupla de Mc's Cidinho e Doca...



Rsss...hahaha!!! Fábio gargalhava alto, nu dentro de sua Jacuzzi na cobertura do bairro Quitandinha. Minas era uma pérola do Brasil fecunda de águas puras. Ele curtia a minerabilidade de sua água desviada, adorava aquela abastança, aquela liberdade regada à diamantes de sangue e vinhos caros. Tantas mulheres à sua volta, lindas, 'vadias'  ou estudadas, o quê o dinheiro não comprava...

Ninguém o questionava, só recebia mimos e sorrisos, suas vontades e desejos mais absurdos eram atendidos sem discussão e com rapidez digital. Sua fé era enfiada goela abaixo, sua palavra era Lei, até padres comprava, se nominava Fábio - O Brando, não enxergava suas vilanias como desvio de conduta ou barbárie, tampouco violência, só Aila sabia como aqueles diamantes chegavam até ele, toda a exploração e assassinatos envolvidos naquelas negociações. Ela própria se não tivesse um motivo muito forte, não estaria ali fazendo a contabilidade dele, terceirizando todas as suas vontades, aturando suas longas missas na capela comprada, como se Deus pudesse com uma missa extensa, perdoá-lo de todos os crimes. A única condição de ter aceito aquele 'emprego' foi de não ter nenhum envolvimento pessoal com Fábio, pelo menos isso ele respeitava, claro que com a alusão de um dossiê sobre tudo muito bem guardado. Aila resguardava sua vida, pois ela viva ou morta, o deixaria em maus lençóis ou até pior do que isso, seria o fim do seu reinado sórdido.

Voltar àquela comunidade carioca chinfrim, cheia de gente feia, funk, tráfico, pobreza, muuuita pobreza e voltar a spegar Sol na laje, viver de novo aquela vidinha de merda, para Fábio, jamais!

Seu parceiro de negócios era um sul-africano chamado Zaki, que sacrificava famílias inteiras na África do Sul na exploração de minas de diamantes, muito sangue rolava para que ele enriquecesse com o contrabando das preciosas e valorizadas pedras, essa era a sua parceria com Fábio, revender as pedras, lavar o dinheiro e esbanjar. Aqueles sacos nuncam estavam repletos pois eles gastavam demais, então, sugavam vidas inocentes para seus intuitos. Aila tinha sua parcela de culpa por saber mais do que qualquer um sobre todas aqueles crimes. Seu pai estava na África do Sul, preso por um pequeno delito, mas, para subjulgá-la, Zaki o mantinha preso para que ela se mantivesse calada. Aila precisava do dinheiro, muito dinheiro para resgatá-lo de lá com a ajuda de um amigo seu da Embaixada, mas, ainda faltava um bocado de dinheiro, para que pudesse fugir, libertar o pai e se mudarem junto com o seu amigo, para um outro País longe das garras de Fábio e Zaki,. Por suas contas, precisaria continuar ali ainda por um ano, o tempo se arrastava.

Quando chegou o mês de outubro, Aila percebeu que as entradas de valores que precisaria 'lavar' estavam vindo mais vultuosas e sequentes e Fábio andava meio ressabiado, preocupado com os volumes que teria que administrar, poderiam ser pegos, ligou para Zaki por seu telefone de satélite e perguntou o que estava acontecendo e soube que, uma das minas fora fechada e estava sendo perseguido, por este motivo estava despachando tudo que podia lançar mão e fugiria para o Brasil ao encontro de Fábio tão logo fosse possível . Fábio não gostou nada disso, estava ficando exposto demais, ele ali e Zaki na África do Sul, tudo bem, dentro de sua vida, de forma alguma, estava deveras aborrecido. Aila viu ali a oportunidade perfeita para fechar seu plano, desviou todo o dinheiro necessário para sua empreitada, avisou seu amigo e organizou tudo, não levaria nada da casa, nem bagagem de mão, compraria o necessário no aeroporto e de uma lan house enviaria todo o material para a Polícia Federal. Tudo planejado, tudo articulado e esmiuçado, então, no dia da fuga Fábio lhe pede um favor, se ela poderia levar um pacotinho para um amigo, alguns poucos diamantes, apenas o suficiente para tirá-lo de uma emergência, ela não podia se recusar senão ele poderia desconfiar, assim ela fez, não era tão distante.

Ao chegar ao endereço, viu muitos policiais na rua e desconfiou de alguma cilada ou mesmo que o tal amigo de Fábio estivesse com problemas, andou calmamente para a rua detrás e na primeira lixeira que encontrou despachou o pacotinho. Aila não pensou duas vezes, partiu para o aeroporto, comprou uma pequena mala de mão e colocou o necessário para uma viagem curta e embarcou para a Angola e de lá para a Namibia, onde se encontraria com o pai e o amigo, que caso tudo tivesse dado certo iriam se encontrar, pegou o voo rezando sem parar, mas, graças à Deus tudo deu certo e logo que pode procurou uma lan house, despachou o material. A ideia era chegarem o quanto antes à Alemanha. De lá seria mais fácil escolher um outro País na Europa para viverem com tranquilidade, seu Deus era Maior, tinha muita fé que agora as coisa entrariam nos eixos, mesmo que o caminho tenha sido tortuoso demais, Mesmo tendo seus pecados e motivos, Aila sentia suas mãos sangrentas e essa culpa não iria abandoná-la, era o preço a pagar, mas, seu pai estava a salvo.

Já no Brasil com a chegada de Zaki,  a vida de Fábio desmoronava, só brigavam, os desentendimentos afastavam as pessoas, não havia clima para nada e andavam com medo até das sombras, no vigézimo dia depois da fuga de Aila, o prédio foi cercado pela Políca e para conseguir fugir, Zaki gritou com voz muito alta e esganiçada ...Socorro!!! enquanto cravava um punhal nas costas de Fábio - O Brando e rapidamente pulou para o prédio vizinho. Os policiais encontraram Fábio caído na Jacuzzi nu e ensanguentado, reviraram a casa e não conseguiram achar Zaki, mas, a perseguição não foi muito longa. Como se machucara ao pular no préddio vizinho as marcas de sangue denunciaram seu esconderijo. Zaki pensou rápido, seria morto de forma brutal se fosse deportado para a África do Sul, lá ele era um assassino cruel, promovera inúmeras chacinas, para lá não voltaria. Fez de conta que estava armado e esboçou uma reação, foi alvejado várias vezes e seu reinado de sangue acabou.

Depois de muitas mudanças, Aila hoje vive em uma região da Toscana com seu pai e amigo, mas, seus pesadelos a consomem, vendo diamantes envoltos em sangue, ouvindo gritos apavorantes. Está viva, mas, não é uma vida feliz, seus crimes estão gravados na alma.



*Imagem  - Fonte - Google
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 25/06/2019
Reeditado em 25/06/2019
Código do texto: T6681595
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